Touch of Evil, de Orson Welles (1958) |
É patético ver o primeiro-ministro basear a sua campanha na mentira de que o PSD nunca quis a vinda da troika. Ou de que recessão económica - que fez 1,4 milhões de pessoas ficar no desemprego, levando parte à emigração - não foi causada pela austeridade imposta pelo Memorando de Entendimento, mas pela "crise". A "crise" em geral. Ou vê-lo - coitado - a esgrimir na TV quem "chamou" formalmente a troika, quando o tema era quem defendeu politicamente a sua vinda. Ou ver Eduardo Catroga dar-se ao trabalho de escrever uma carta aberta a António Costa, de duas páginas, a desmentir que... e não se percebe bem o que ele quer desmentir. Catroga é um triste personagem que - começou como negociador do PSD junto da troika, foi corrido por Passos Coelho por ser desbocado, andou nos bastidores a influenciar Álvaro Santos Pereira para não aplicar a contribuição sobre o sector eléctrico (ver o livro "Segredos de Estado" de Luís Reis Pires e Nuno Martins) e acabou num dos órgãos sociais da EDP privatizada... Veja-se o que Catroga disse uns dias depois de ser conhecido o Memorando, quando havia a ideia - até na comunicação social - de que o Memorando era o programa de Governo que Portugal nunca tivera em décadas! Não se lembram? Era um plano óptimo, com prazos, metas, calendários, custos e números...
O Memorando foi, na verdade, o corolário de medidas que o PSD de Passos Coelho sempre defendeu. Veja-se a cronologia dos factos e procure-se as seguintes datas:
15/3/2011, Passos declara que Portugal precisa de ajuda externa ("estamos com as calças na mão").
19/3/2011: Sócrates declara-se indisponível para governar com o FMI.
25/3/2011: (já após o chumbo do PEC4) Sócrates recusa-se a pedir ajuda externa.
26/3/2011 Passos Coelho declara que não se pode diabolizar o FMI: "Tem-se diabolizado a questão do FMI porque o primeiro-ministro a tornou uma questão de honra do Estado". "Portugal faz parte do FMI" e o organismo "existe para ajudar os países a superar crises de financiamento". "Isso já aconteceu anteriormente", sublinha.
2/4/2011: Passos garante em campanha eleitoral que, se for primeiro-ministro, não hesitará "um segundo" em pedir ajuda externa.“Não se deixa um país a correr riscos que são desnecessários”, as dificuldades financeiras serão ultrapassadas sem austeridade, garantiu.
3/5/2011:Eduardo Catroga afirma que o Memorando de Entendimento prova que o PEC4 era insuficiente e que as medidas que aparecem eram "melhores para os portugueses, no sentido de se obter um programa de austeridade, sim (...)" mas apenas para cortar gorduras. E que a "negociação foi essencialmente influenciada pelo principal partido da oposição".
Foi de facto há muito tempo. Mas passaram só 4,5 anos. Por isso, é importante relembrar esses tempos em que a Direita pensou que ia revolucionar Portugal e que ia colocar o país entre os mais modernos da Europa... E veja-se onde ficámos.
Mas quem criou as condições para que se tivesse de recorrer a esta(ou outra extrema) medida,são uns anjinhos com asas? é que as prioridades no debate cheiram a folclore, do mais rasteiro!!
ResponderEliminarÉ hilariante a carta desse “cidadão independente” de nome Catroga, intitulada “os portugueses merecem a verdade” (Mais um grande português!)
ResponderEliminarO que os portugueses sabem é que ele estava cheio de pressa para o governo vender o que restava da EDP, e isso por uma ninharia…
De facto, é patético ouvir agora “os amigos da troika” a falarem da coisa, como se tivesse peçonha.
Falta destacar o contributo de Jerónimo e Louçã no propósito da direita para trazer a troika a qualquer preço. Eles sabiam exactamente o que estavam a fazer, msas o seu ódio eterno ao PS falou mais alto. Não hesitaram em unir-se aos facínoras que traíram Portugal e se dispuseram a varrer qualquer sinal de Abril. Jerónimo e Louçã comportaram-se como dois miseráveis lacaios dos coveiros de Abril.
ResponderEliminarMentem, delapidando os bens da nação!
ResponderEliminarA esta gente devia ser retirado o direito de eleger e ser eleito.
Por que a fraude, a corrupção e a mentira nestes casos e´ crime de lesa Pátria.
Juram perante a Republica – Presidente da Republica e Chefe Supremo das Forças Armadas e outros altos dignatários, a´ sombra da Bandeira das Quinas, Por sua honra servir desinteressadamente o Povo e a Pátria…
Mas, senhores, que honra e´ esta?
Mal acabam de assinar o termo de posse, zaz – catrapaz. Alguém já disse que estes senhores são profissionais da mentira… Só espero que os Socialistas sejam somente profissionais da politica---De o “Catraio” com respeito
Caro António Cristovão,
ResponderEliminarÉ evidente que muito se poderia escrever sobre as causas da vinda da troika. Mas convém que delimitemos o tema do debate.
O debate do meu post era apenas os temas do debate da campanha eleitoral. As causas da entrada da troika foram debatidas na campanha eleitoral de 2011. E o povo português chamou o PSD ao poder com um programa revolucionário. Era suposto em 2015 fazer o balanço dessa Revolução. Valeu a pena?
“As causas da entrada da troika foram debatidas na campanha eleitoral de 2011”.
ResponderEliminarOportuna a sua afirmação, JR Almeida! Como também nunca é demais lembrar, que foi nas eleições que o PS acabou derrotado (esse é que é o facto!), a que não foi alheia a mentira propagandeada por PPC e acólitos.
Caro João R.A.
ResponderEliminarO balanço da troika seria dado por feito se quem negociou o programa o tivesse avaliado passo-a-passo e com honestidadea política. Isso implicaria dizer-se, na sua aplicação ' não façam isso mas esta outra acção que ainda o mantêm a válido, como o financiamento do país impõe.
Mas o estado de negação de toda a oposição durante 4 anos suscita que o debate não se possa dar por encerrado.
E ainda hoje haveria de o ser nos termos da sua existência e não nos termos de que nunca o resgate tivesse tido que ter lugar.
O que está em curso é o carnaval demagógico do costume, na variante 'fundamento científico'.
Pinto Enes: o Sócrates , o quê?
ResponderEliminarO Armando Vara , o quÊ?
O INFANTIL, entrava calado , saia mudo das reuniões do BES e carregou uma mala cheia de dinheiro para o PS,o quê?
O Mário Soares, moveu influências em Paris e Londres para o sucesso do ricardo salgado espirito santo,o quê?
O racista do Savimbi era o acarinhado pelo Mario Soares, oquê?
A crosta de 'gestores' do PS nas empresas públicas é TÃO VERGONHOSA como a ralé(sic!São mesmo bandidos!) do PSD, vosso partido irmão
P.S:Deve estar consternado com o radical do Corbyn.O PS, sempre foi um lapdog do Regime Oligarca....
Cumprimentos ao Vitor Constâncio, esse ganda Súcia lista!!!!
Passos e a coligação continua a mentir vejam
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=tCUtqQhjHVA&feature=share
O ponto é precisamente esse: falar-se do que se passou até 2011, para não ter qye se falar do que se passou depois, que é meramente um 'fizemos o que era preciso'. Ora, na altura, o argumento não era exactamente esse 'era faremos alegremente o que é preciso'. Os resultados é que não foram assim tão felizes... Ah, e Joâo Almeida, a sua pergunta é retórica, mas a resposta da Direita é que seguramente valeu a pena vender as empresas do Estado por tuta e meia ao Capitalismo (!) Chinês, financiar os colégios privados, tirar ao Trabalho para dar ao Capital, etc, etc, etc... Para esta gente, as Crises são sempre oportunidades...
ResponderEliminarPassos tem cá uma sorte
ResponderEliminarhttp://www.ionline.pt/artigos/portugal/passos-coelho-deixou-poder-ser-investigado-meia-noite-30-abril-2007?google_editors_picks=true
A austeridade que nos caiu em cima não começou com a chegada da Troika, nem vai acabar com a partida da Troika. A austeridade a que fomos - e corremos grave risco de continuar a estar - submetidos é da responsabilidade conjunta do PSD/CDS-PP e do PS. As responsabilidades do actual governo são enormes, mas é bom não esquecer o seguinte:
ResponderEliminar1. Foi um governo PS (Partido de Sócrates desde 2004) que trouxe a austeridade por etapas, cada vez mais duras, a pretexto do cumprimento de metas do défice. E convém lembrar que as metas do défice impostas em 2010, no PEC-2 e no PEC-3, e propostas em 2011, no PEC-4, eram ainda mais duras que as do Memorando da Troika: 7.3% (2010), 4.6% (2011), 3% (2012) e 2% (2013)! [No PEC-1, as metas correspondentes eram 8.3%, 6.6%, 4.6% e 2.8%]
2. Quanto ao pedido de "ajuda", convém recordar as palavras de Teixeira dos Santos numa entrevista à TVI, no passado mês de Abril:
'A minha preocupação era convencer o primeiro-ministro da necessidade deste pedido de intervenção externa. Estou convencido de que o primeiro-ministro já tinha percebido que o país não podia evitar o pedido de ajuda, mas penso que achava que o país talvez ainda pudesse manter-se algum tempo e evitar o pedido de ajuda, dentro do período de governação que iria acabar em Junho com as eleições. Estou convencido que seria essa a sua intenção. Não faria sentido que um governo que tudo fez para evitar um pedido de resgate fosse o governo que afinal o iria fazer (...).Tornei muito claro ao primeiro-ministro que teríamos de o fazer e que o país iria enfrentar grandes dificuldades se não o fizéssemos e que esse pedido de resgate era incontornável. Seria fatal como o destino" [Teixeira dos Santos contou ainda que, como não foi encontrada outra solução, decidiu sinalizar ao país, numa entrevista ao "Jornal de Negócios", que o resgate teria de ser pedido, empurrando o primeiro-ministro para essa decisão.] '
Tudo indica que Sócrates não era contra o "pedido de ajuda" em si mesmo: queria apenas adiá-lo para depois das eleições (início de Junho), custasse o que custasse, para poder basear a campanha eleitoral na sua recusa a "governar com o FMI". O próprio pedido de demissão - logo a seguir ao chumbo do PEC-4, sem tentar negociar uma nova versão do PEC-4 ou solicitar o resgate - aponta no mesmo sentido: tratava-se de forçar a antecipação das eleições, para poder disputá-las não só como herói da resistência ao FMI mas também como vítima de um suposto "conluio" da "esquerda radical" com a "direita reaccionária".
3. Em Abril de 2012, numa sexta-feira 13 de má memória, o PS votou na Assembleia de República A FAVOR do Tratado Orçamental, de braço dado com o PSD e o CDS-PP (nem sequer optou pela "abstenção violenta"). Este tratado equivale, na prática, a uma espécie de "memorando de austeridade perpétua", atendendo ao que objectivamente lá está escrito - metas do défice e não só - e à leitura "inteligente" que dele faz quem manda nesta Europa alemã.
Caro anónimo de 15 de setembro de 2015 às 00:20
ResponderEliminarAinda bem que há pessoas como você que se dão ao trabalho de desmentir com factos irrefutáveis este João Ramos de Almeida ,cujo fanatismo ideológico não o deixa ver o obvio.
Tenho a impressão que esta sua contribuição para este post vai ser galhardamente ignorada...
cumps
Rui Silva
" Era suposto em 2015 fazer o balanço dessa Revolução. Valeu a pena?"
ResponderEliminarCaro JRA,
Sejamos honestos.
Um debate sério sobre se valeu a pena teria de comparar a situação actual com o que teria ocorrido se "a Troika não tivesse vindo" e "a austeridade não tivesse ocorrido" (para simplificar).
Porque "valer a pena" não equivale simplesmente a "estarmos melhor" (o que já de si é difícil de concluir, considerando que pode haver indicadores melhores e outros piores), pode equivaler a "não estarmos piores do que poderíamos estar".
Só que uma discussão nesses termos não pode nunca ser objectiva: como é que sabemos o que teria ocorrido?
Assim, o que resta é a convicção de cada um, e a apresentação de argumentos (especulativos) sobre cada ponto de vista. Mas com a humildade de reconhecer que não há conclusões definitivas e evidentes. Infelizmente quem discute no espaço público raramente tem a humildade de reconhecer a limitação das seus argumentos e das suas conclusões, interpretando isso como um sinal de fraqueza perante os outros. É pena.
Passados 4 anos a discussão continua no mesmo ponto. Já todos os argumentos foram apresentados, discutidos, rebatidos, ... No entanto há quem ainda ache que algum dia se vai chegar a uma conclusão, a um consenso. E para isso repetem-se os argumentos, repete-se a discussão, com o 'objectivo' declarado (por ambas as partes) de "não deixar cair no esquecimento". Como se ainda houvesse alguém que não tem opinião formada, ou que ouvindo os mesmos argumentos e a mesma discussão pela enésima vez mude agora de opinião. Gabo-lhes a paciência!
ResponderEliminarO dia 11 de Setembro recorda a campanha eleitoral no Chile do Socialista Salvador Allende em que as forças de esquerda venceram.
ResponderEliminarUm banho de sangue, tortura e assassinatos se seguiram a mando do tribuno Pinochet. A partir dessa data, os partidos socialistas e sociais democratas e seus dirigentes, foram privados da carta de alforria, ou tem de consultar Washington.
E´ claro, os tempos são outros, dizem!
Hoje, já não e´ necessário viajar a` capital do Imperio, basta uma pequena deslocação a Berlim/Bruxelas onde se situam os mandatários do imperador.
Não posso nem devo acreditar nesta gente rasteira!
Mas se la chegar votarei para uma democracia socialista. Nem mais! De Adelino Silva
É um bom sinal que, passados 4 anos, estejamos hoje a discutir história: quem chamou a Troika?
ResponderEliminarHá países em que a discussão é outra bem pior: devemos ou não voltar a chamar a Troika?