quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Desemprego: a imprensa está a ser invadida por «extremistas sociais»


Há cerca de três meses, João Miguel Tavares e Fátima Bonifácio indignavam-se com as conclusões de um estudo, promovido pelo Observatório sobre Crises e Alternativas (OCA), em que se procurava confrontar os números oficiais com estimativas mais realistas sobre a dimensão do desemprego em Portugal (considerando, para lá dos valores oficiais, os desempregados ocupados em estágios e em acções de formação, os inactivos desencorajados, ou os impactos da emigração e o subemprego). Na altura, Fátima Bonifácio e João Miguel Tavares contestaram fundamentalmente a «cientificidade» desse estudo, tomando-o como um sinal da «transformação da Universidade num local de catequização ideológica», chegando mesmo JMT a designar o CES (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, de que faz parte o OCA) de «Clube dos Extremistas Sociais».

Nesse mesmo mês, em artigo de opinião do Público («Três ou quatro coisas que é preciso saber acerca do desemprego») os autores do estudo procuraram expor os fundamentos do exercício de estimativa do «desemprego real» e explicitar os conceitos utilizados nos cálculos (a maioria dos quais estabelecidos pelo próprio INE). Ainda em Abril, e porventura também movido pela perplexidade que os dados oficiais suscitam, o Expresso questionava-se sobre qual seria «a verdadeira taxa de desemprego», incluindo nessa sua edição uma infografia com «os vários 'tipos' de desempregados». Refira-se, aliás, que o próprio FMI já tinha anteriormente colocado dúvidas sobre a capacidade de os critérios oficiais darem conta da verdadeira dimensão do desemprego, chegando a publicar, num dos seus relatórios, uma famosa caixa de texto (na qual se faz referência explícita aos «desencorajados», ao «trabalho involuntário de curto prazo» e aos «fluxos de emigração», como factores que deviam ser tidos em conta no apuramento e análise do desemprego em Portugal).

Com a divulgação da Taxa de Desemprego relativa ao primeiro semestre de 2015, que aponta para uma redução dos 13,7% registados no final do primeiro trimestre para 11,9% em Junho, multiplicaram-se as dúvidas sobre os números oficiais do desemprego e os critérios subjacentes ao seu apuramento estatístico. O Jornal de Negócios, por exemplo, refere-se a um aumento de «126 mil desempregados 'ocultos'» face a 2011; o Dinheiro Vivo destaca o «emprego apoiado e o trabalho por turnos» como dois dos factores em que assenta a criação de emprego; o Jornal de Notícias sublinha o aumento da procura de «segundos empregos»; o Diário de Notícias assinala que «509 mil desempregados não entram nas contas oficiais»; e, para citar mais um exemplo, o Diário Económico lembra que cerca de «156 mil estágios 'ajudam' à queda do desemprego». Ou seja, os «extremistas sociais» de que falava João Miguel Tavares parecem estar a nascer como cogumelos e a invadir, a pouco e pouco, a comunicação social.

13 comentários:

  1. O seu a seu dono...

    Ao que parece os critérios das estatísticas sobre desemprego/emprego são dos eurocratas de Bruxelas (Eurostat?) e não do INE.

    ResponderEliminar
  2. Venham eles! Mas e preciso que cheguem as televisões!

    ResponderEliminar
  3. Sim, caro Castendo, os critérios do INE são estabelecidos por Bruxelas (o que suscita outras reflexões, sobre a ocultação do fenómeno à escala europeia).

    ResponderEliminar
  4. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. E´ bem verdade!
    Noutros tempos era o cacete, o machado, a flecha, a lança e a espada ate´ ao mosquete — Colonizava-se.
    Nestes tempos e´ a bomba atómica, a de hidrogénio, a de neutrões, o canhão, misseis etc….. Colonizamos.
    Houve um tempo do Portugal colonizador, agora e´ um tempo do Portugal colonizado.
    Ontem falava-se do Portugal imperialista, hoje fala-se muito do Portugal miserabilista.
    Costumavam dizer que quem nascesse para pataco nunca chegava a meio tostão…
    Em final de centúria tínhamos o Escudo, em princípio de centúria, temos o Euro.
    Anteontem o trabalho era uma honra, Hoje, foge-se do trabalho!
    Houve tempos em que os intelectuais e quadros técnicos não chegavam prás encomendas, hoje muitos deles andam a apanhar papeis!
    Ontem, hoje e amanha - Camões. 10 De Junho
    Eça, Aquilino e Antero etc. etc. foram prás cucuias…
    O Panteão Nacional era símbolo maior, hoje e´ um Pátio mix. De Adelino Silva



    ResponderEliminar
  5. Isto da medida do desemprego é matéria para um censo.
    Quais critérios oficiais qual nada!

    Assinale o que corresponda à sua situação.
    Tem idade para ser assalariado?
    Se sim, diga: Gostava de ter quem lhe pagasse um salário decente e com direitos?
    Se sim, diga: tem quem lhe pague um salário decente e com direitos ou é desmpregado?

    Se é pai de emigrantes, ou mãe de emigrantes orfãos de pai, ou avô/avó viúva de emigrantes orfãos de pai e mãe, diga quantos filhos/netos tem emigrados.
    Se está preso em estabelecimento prisional ou em prisão domiciliária assinale aqui:
    Se souber de casos relevantes para este censo descreva-os aqui:,,,,

    Simples fácil e ainda chega a tempo para as eleições.

    ResponderEliminar
  6. José(zito):
    E os débeis mentais como tu também tinham de pôr a cruzinha no inquérito?
    E tu punhas desempregado ou vigilante do Ladrões e Bicicletas a mando do patrão Passos?
    Será que nas directizes da UE ser vigilante dos blogues do reviralho é profissão?
    Afinal, a coisa é bem mais complexa do que pensas, minha cabeça de anona.

    ResponderEliminar
  7. Já esta´ “na terra da verdade” quem me dizia: Adelino, já reparaste que a malta quer emprego e não trabalho?
    Esta asserção popular tem muito a ver com a produção palpável.
    O Governo mente com os problemas da divida publica, da saúde, da segurança social e do desemprego, da crise da banca e das privatizações, por isso deve ser destituído (faz parte do seu trabalho) pelo Presidente da Republica. Em última instância cabe ao Povo essa decisão magna, através do voto pacífico ou pela indignação violenta.
    O aparelho do estado, desde a presidência da república ate´ a´ junta de freguesia, nada produz de palpável a não ser nas campanhas eleitorais.
    Os “aparelhos” sindicais entenderam espartilhar-se devido `as tendências políticas - partidárias como se a identidade de classe não fosse única e objetiva, e só tivesse a ver com a ideologia dominante.
    Por estas e por outras e porque a consciência de classe do proletariado anda por baixo e´ que o fascismo esta´ a´ espreita com o nariz de fora.
    Deixem de contabilizar a mentira sistémica e vamos ao objectivo principal – derrubar o Sistema – De Adelino Silva

    ResponderEliminar
  8. Quase tudo depende das lojas e dos aventais

    ResponderEliminar
  9. A única resposta digna a tudo isto é a revolução, só esta parece ser coerente, tudo o resto são meias verdades.

    ResponderEliminar
  10. o Jose despreza as leis quando se trata da lei máxima - a Constituição, sobretudo no que esta espelha de contraditório a uma sociedade baseada no egoismo. Já sabemos que para Jose solidariedade é malandros a apropriarem-se do alheio...no entanto ele, como bom sabujo que é vocifera contra o ladrão do tostão e lambe o cu do ladrão do milhão

    já critérios oficiais que por muito oficiais que sejam não espelham a realidade já são santo axioma
    os critérios do sabujo são assim
    sopram pró lado que lhe convém

    adora ou despreza o oficial segundo a sua doutrina

    querido sabujo
    os critérios oficiais existem para balizar supostos indicadores da realidade, como suporte para decisões económicas e políticas
    se estão divorciados da realidade têm que ser revistos
    tão simples quanto isto
    o resto são os teus perdigotos de sabujo amargo e cobarde

    Sit, Jose, sit
    Good sabujo!!

    ResponderEliminar
  11. É do conhecimento geral que as estatisticas sobre o desnprego em Portugal não são válidas, estão amplamente subavaliadas.

    ResponderEliminar
  12. Ressalvando a gralha do comentário das 11 32 A grafia correcta será desemprego.

    ResponderEliminar
  13. Falar de estatistica quando não se sabe o que se diz... caro josé, cale-se.
    tem que haver regras e tem que ser iguais para todos. Só assim é possivel fazer comparacões e analisar grandes dimensões. Mas o que tem igualmente que ser claro são as exclusões, o impacto do que está a ser excluido. Repare-se que nao se discute os 11% ou os 13% sao muito ou pouco, quem sao e o que fazer a estas pessoas. Perde-se tempo com habilidades, valores aproximados retirados de varias fontes, algumas delas pouco fiaveis. Os emigrados, os imigrados, os de longa duração, os estagios, etc. São todas essas exlusões que necessitam de ser claros para que não haja ignorancia e aproveitamento politico.

    ResponderEliminar