«O nosso mandato político é o de encontrar um compromisso viável e honrado. Será assim tão difícil consegui-lo? Nós achamos que não. Há uns dias atrás, Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI publicou um artigo intitulado "Grécia: um acordo credível vai exigir decisões difíceis a ambas as partes". Ele tem razão, as três palavras-chave são "de ambos os lados". E o Dr. Blanchard acrescentou: "no cerne das negociações está uma questão simples: quanto ajustamento tem que ser feito pela Grécia e quanto tem que ser feito pelos credores oficiais?". Que a Grécia necessita de um ajustamento não há dúvida. Mas a questão não é, contudo, a de quanto ajustamento precisa a Grécia de fazer, mas sim que tipo de ajustamento. Se "ajustamento" quer dizer consolidação orçamental, cortes nos salários e nas pensões e aumento de impostos, torna-se evidente que nós já fizemos mais do que qualquer outro país em tempo de paz: o défice orçamental estrutural, ou ajustado ao ciclo, gerou um excedente de 20%, à conta de um "recorde mundial de contracção" do sector público; os salários caíram 37%; as pensões foram reduzidas acima dos 48%; o emprego público diminuiu em torno dos 30%; o consumo foi reduzido em cerca de 33%; e inclusive o défice crónico corrente do país caiu em 16%. Ninguém pode dizer que a Grécia não se ajustou às suas novas circunstâncias, depois de 2008. O que podemos dizer é que o gigantesco ajustamento, necessário ou não, gerou mais problemas do que aqueles que resolveu.»
Yanis Varoufakis, Greece’s Proposals to End the Crisis: My intervention at today’s Eurogroup
«Desde o início do que erradamente se chamou "programa de ajustamento" (o correto seria programa de abalroamento), a Grécia passou do bipartidarismo pró-europeu a um governo de extrema-esquerda a bater o pé a Bruxelas, viu contrair o PIB em 25%, o desemprego manter-se em níveis obscenos, um novo batalhão de excluídos sociais, as previsões de crescimento económico falhadas pela troika, a social-democracia em extinção. (...) Nestes cinco anos de intervenção financeira, todos os responsáveis políticos gregos (o correto será até irresponsáveis) foram avaliados e sentenciados. Mas nestes mesmos cinco anos nenhuma avaliação consequente foi feita aos autores dos programas de assistência, às "reformas" impostas em calendários contrários a qualquer espírito reformista, julgados os seus méritos, aplicabilidade e resultados. Tsipras tem razão quando pede escrutínio ao FMI, porque há uma dimensão geopolítica nesta crise: sem nos darmos conta, assistimos ao declínio da UE na Europa. Um grexit mostraria que a integração europeia deixou de ser irreversível, que não é possível manter o sentido de convergência em padrões de governação e desenvolvimento entre os seus membros. Que Bruxelas é incapaz de influenciar positivamente um pequeno membro com economia frágil. Que há margem para outras Grécias.»
Bernardo Pires de Lima, Parabéns a todos
«O que hoje se está a passar com a Grécia é uma coisa inadmissível, de dictat, de política autoritária, de completa falta de sentido de solidariedade, de mecanismos de autoridade que não estão previstos em nenhum tratado, de esmagamento. Absolutamente indiferentes em relação ao que os gregos possam vir a sofrer. (...) Vamos admitir que o governo do Syriza cai e que a seguir perde eleições. E a seguir vem um governo próximo das actuais posições europeias. Eu tenho a certeza absoluta que a dureza com que a Grécia termina nesse momento. E que serão concedidas a esse governo colaboracionista - como muitos outros governos europeus - coisas que são negadas neste momento a este governo do Syriza. Não tenho dúvida nenhuma que a questão de fundo é uma questão política. Não tem que ver com nenhuma avaliação do que os gregos fizeram com os seus programas de ajustamento. Tanto mais que se querem colocar alguém no pelourinho sobre a situação na Grécia, deviam começar pelo governo anterior, que é o governo amigo de Passos Coelho, da senhora Merkel... Que é realmente - apesar dos sucessivos resgates e do corte da dívida - quem levou a Grécia à situação em que ela se encontra. (...) A actual nomenclatura europeia - quer a burocrática, quer a política - não suporta que as soluções que apresentaram como únicas, que "não havia alternativa" (a TINA, "There Is No Alternative"), possam ser contestadas, ainda por cima por um governo com forte legitimidade popular.»
José Pacheco Pereira (Quadratura do Círculo)
Três excelentes excertos!
ResponderEliminarSensatez é o que tem faltado. Do caduco FMI já não admira, enquanto a UE vai mostrando a sua verdadeira face…
Abominável é o histerismo local, onde o PR se vem mostrando “timoneiro” nesse desiderato, depreendendo-se que a sua sobrevivência e a da sua “facção” dependem do esmagamento do Syriza.
Manipuladores, e inimigos do seu próprio país!
admira-me ainda não ter aparecido aqui o Jose com o seu estilo habitual em que faz tábua rasa de qualquer análise, expele as frases feitas do costume, aponta o caminho único (o karma é uma cena lixada) e distribui uns adjectivos insultuosos
ResponderEliminarhttp://michael-hudson.com/2015/05/greek-debtline/
ResponderEliminarPalavras, números, arengas e choradinhos...
ResponderEliminarA questão de base é saber se o governo grego é credível.
- reconhece que há excessos que não serão tratados como direitos irreversíveis?
- já tomou medidas que conduzam à boa organização e transparência do Estado?
- se a corrupção é endémica, já encontrou um qualquer 44? ou até um 22?
- tem algum plano de recuperação da economia que não seja fundado na procura interna?
Bem sei que a comunicação é distorcida, mas alguém conhece alguma medida deste governo que se aproxime de uma resposta clara a qualquer destas questões.
E não me digam que estão lá há pouco tempo, que isso só pode significar que na oposição eram treteiros que não fizeram o trabalho de casa.
Percebe-se o verdadeiro ódio que perpassa entre alguns dos mais acérrimos defensores da troika.Especimes que antes se pontuavam por um patrioteirismo a cheirar ao cheiro dos beatos, a que se associava o cheiro da carne queimada dos mortos da guerra colonial, agora convertidos nos mais fervorosos defensores de quem dá mais e da venda ao desbarato da riqueza nacional
ResponderEliminarNo fundo , o pano de fundo é o mesmo.Antes a serventia à governação do capital financeiro, no eufemisticamente designado estado novo. Hoje ao serviço dos monopólios e oligopólios, fazendo estas figuras tristemente troikistsas e procurando convencer-nos das vias únicas acéfalas e criminosas.A privatização da TAP é apenas a confirmação do ir mais lomge que o fascismo nesta peculiar fúria de bem servir o Capital.Verdadeiramente abjecto e extremamente significati9vo das roupagens da direita-extrema nacional
É este o panorama dos personagens ,replicando e replicado por coisas perfeitamente repugnates que se servem e vão servindo.A cavacal personagem é o exemplo pardigmático.Quem o segue está por aí à mão de semear.
Por exemplo vejamos até onde vai à demagogia barata e até onde chega a desfaçatez de quem tem da questão grega exactamente a mesma opinião dum qualquer subalterno da troika e da UE.
Se analisarmos as coisas com frieza, verificamos sen esforço que o vocabulário usado em relação aos gregos, se assemelha perigosamente com o usado pelos nazis e seus muchachos nas vésperas da grande guerra, face aos judeus e aos comunistas,fonte de todos os males e pactuados com o demónio que urgia exterminar
De
Não vale a pena debruçar-me sobre o ridículo e profundamente repetitivo mal-estar que os dados objectivos causam a quem tem como mandamentos os axiomas neoliberais.
ResponderEliminarA fuga a estes passa por rezas enfadadas do tipo "Palavras, números, arengas e choradinhos..."
A tonteira ( ou para usar uma pakavra usada ad nauseam pelo sacerdote da tribo, a "treta") é que nem sequer há a noção que quem fala em choradinho faz exactamente o mesmo em relação aos "coitados da troika e da UE" : um lento arengar das desditas de quem se apropria da mão-de-obra alheia. Com um acrescento tenebroso. É que é por demais perceptível a ameaça expressa e o tom pesporrento mal oculto
É confrangedor ver o resumo patético ( a denunciar a falta de informação e ou apenas a peculiar manipulação?)com se resume a questão grega a uma "questão de base sobre a credibilidade do governo grego. O coitado esquece-se que a credibilidade do governo português é o que é e é miseravelmente próxima de qualquer casa mafiosa comum. E que as questões com que se "enfeitam " a questão de base (!?) são afinal questões que fazem lembrar as cenas da elogiada inquisição quando inquiria os seus presos, a saber..."reconhece que há excessos e que pecaste em pensamentos e que deves renunciar a quaisquer direitos já que a tua vida pertence ao santo opfício? Ou a esta outra peculiar questão: Já tomaste medidas que conduzam à purificação espiritual e à boa organização da santa madre igreja? Ou a mais outra "questão: "Se há mais que cumprem os desígnios do maléfico, já denunciaste os que como tu professam religiões de satanás e que devem ser conduzidos à prisão, mesmo que o nosso torquemada seja um tipo que merece o que merece, mas é cá dos nossos? Ou a outra questão que revela o comprometimento religioso-acanalhado exigido : Tem algum plano da economia que não seja o traçado pelo nosso santo oficio e pela sagrada inquisição?
Enfim, a isto estão obrigados os papadores de missas neoliberais e nós temos que os aturar e desmistificar
Como corolário final atente-se nesta verdaderia obra de pouca arte na arte da manipulação
Parece que agora está na moda contabilizar o tempo em que se está na oposição como tempo de governança.Uma choraminguice pegada, exactamente como quem anda a choramingar pela governação depois de Abril,quando a governança depois de Abril se tem caracterizado por ter sido uma governança à direita, em que pulularam coisas como santana lopes ou passos coelho,portas ou cristas, cavaco( o recordista) e sócrates, durão e catroga e outros membros da famigerada ala extremista da sociedade.
De
O manipulador rasca-mor jose choramingantemente a queixar-se que a comunicação é distorcida. É isso mesmo jose piegas. Se não fosse essa distorção, este pulha encartado, saberia (e sabe) que o apoio ao governo grego para que resista à ofensiva da UE é dos mais elevados de sempre dentro da própria. Isto é lixado não é jose? Uma maioria a dizer que não. Se não fosse essa distorção coisas como cavaco, passos, portas, albuquerque, relvas, e uma lista de bandalhos aprendizes de feiticeiros não teriam espaço para as suas mentiras e chantagens.
ResponderEliminarO palhaço acha, com razão que se muitos apoiarem a palhaçada a palhaçada é boa.
ResponderEliminarQue cobrem os bilhetes a quem vai ao circo, não a quem está de fora.
A questão não é aqui nem de palhaços nem de palhaçadas.
ResponderEliminarReduzir a espectáculos circenses o que estamos a assistir é simplesmente uma tonteira ou um escape para esconder a gravidade da situação a que assistimos
Os cobradores de bilhetes terão afinidades com os anteriores cobradores de impostos? Estes andavam de terra em terra a fazer a "colecta" para depois voltarem para o seu ninho de ratos E todavia nada impediu que o mundo avançasse. Nada impediu que quem jurava não estar a assistir ao circo não estivesse comprometido até ao tutano com os crimes cometidos nestes espectáculos tenebrosos
Após a descoberta dos crimes inenarráveis dos nazis, também muitos alemães juraram a pés juntos que não sabiam,que não ouviam os gritos dos prisioneiros e dos condenados à morte.Que em suma, o "espectáculo" não tinha sido com eles e que se encontravam de "fora"
A realidade é uma coisa lixada.
De
Deolinda e os nazis.
ResponderEliminarOs nazis eram bestas que se permitiam considerar a uma parte da humanidade como bestas sem direito à vida .
Mas tenho por certo que maior besta é quem, sob a égide de doutrinas que pressupõem a igualdade e fazem da palavra camarada um diferenciador quase rácico, branqueia quanta bestialidade é concebida ao serviço de um totalitarismo obsceno de irracionalidade e malvadez.
Assim branqueia Deolinda os massacres de Katyn, e o inúmeros genocídios dos tártaros a Holodomor, para citar uma amostra dos crimes dos seus patronos.
Mais uma vez manda a objectividade que não nos deixemos arrastar pelos exercícios de "jose"
ResponderEliminarAo tema sobre a Grécia o referido sujeito foge para a "credibilidade"da submissão abjecta. A que se segue o triste espectáculo sobre os palhaços, agentes inocentes duma trama mais complexa que agora não interessa focar
O pretenso "estar de fora" assemelha-se a outras atitudes doutros tempos e doutras latitudes. Curiosamente invocadas pelo mesmo que duma forma trauliteira acusava os gregos de não quererem enterrar o passado da alemanha nazi.
Branqueamentos há-os de todo o tipo. Este é mais um exercício, em que a um tal exercício se juntam jose, uma deolinda ( quem? uma amiga de jose quem sabe?) e agora a bestialidade dum totalitarismo obsceno de irracionalidade e malvadez, que assolou a alemanha no século passado e que desta forma jose tenta "esfumar. Que utilize Katyn ou os tártaros ou holodomor,para citar os crimes dos seus patronos (????) é algo que revela apenas um desespero patético e extremamente revelador da vacuidade argumentativa do dito cujo.
Reduzido a isto este "jose" Nem a dona deolinda o pode salvar. Que mais este há-de fazer para tentar esconder as manobras dos seus amigos para asfixiar de vez a Grécia e o seu povo?
De