quinta-feira, 30 de abril de 2015

Fuga de depósitos e banqueiros anarquistas

Varoufakis e a mulher foram atacados num restaurante por militantes (alegadamente) anarquistas. Diz o jornal The Telegraph, no seu site, que o ataque se ficou a dever à situação descrita no gráfico abaixo (ver o gráfico da notícia, em que os números são mais claros).

Depósitos bancários Grécia

O Telegraph não fornece nenhuma razão para pensar que os agressores fossem, de facto, anarquistas preocupados com a fuga de depósitos. No entanto, o mais importante na notícia são os dados citados no gráfico com base no Banco da Grécia e na Bloomberg, que permitem traçar a história da fuga de depósitos desde 2010, ano em que se iniciou a intervenção da Troika. Nesse primeiro momento, saíram da Grécia cerca de 87 mil milhões de euros. Seguiu-se um período de recuperação após a reestruturação da dívida grega em 2012 e uma estabilização até ao impasse negocial que agora se verifica e durante o qual saíram mais 24 mil milhões.

Durante todo este período, os depósitos caíram para cerca de 60% do seu valor no início de 2010. Esse valor mostra bem a dimensão da crise bancária grega, mas também as suas origens. Um primeiro movimento de fuga no contexto da recessão económica que o país enfrentou nos primeiros anos do ajustamento, uma recuperação baseada na esperança (ilusória) de que a reestruturação de 2012 fosse suficiente para devolver a dívida a uma trajetória de sustentabilidade e, mais recentemente, uma nova queda associada certamente à incerteza quanto ao desfecho das negociações entre governo grego e o Eurogrupo e quanto à própria permanência do país na moeda única. Em todo o caso, a fuga de depósitos é um expoente grave da crise bancária grega e, ao contrário da imagem que é frequentemente transmitida, é tudo menos recente.

(publicado originalmente no Observatório da Grécia)

2 comentários:

  1. E o que se passou em Portugal relativamente a fuga de depósitos. Sabe se há algum gráfico idêntico? Pode disponibilizá-lo?

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  2. Começou o ataque ao Governo Grego através de grupos ao serviço de forças dominantes mascarados de "extrema exquerda ".Pretende-se destabilizar a Grecia utilizando tambem essa via , entre outras.
    Esa táctica não constitui nenhuma novidade pois já foi utilizada noutras partes do mundo.

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