sexta-feira, 6 de março de 2015
Não se constrói o futuro metendo a cabeça na areia
Para tristeza de muitos cidadãos de esquerda, após inúmeros manifestos e sessões públicas realizados nos últimos anos, a convergência entre BE, PCP e PS não se realizou. O PS assumiu a sua ideologia social-liberal, europeísta a qualquer preço, o PCP avançou com a bandeira soberanista do governo patriótico e de esquerda, enquanto o BE, perdido algures no meio disto, recusa a austeridade mas evita falar do euro. Uma vez por outra, delegações do BE e do PCP tomaram juntas um café e chamaram as televisões. Foi a convergência possível.
Na falta de um diálogo convincente, muitos intelectuais e activistas decidiram organizar-se em torno do Livre, um partido federalista que aspira à construção de uma espécie de Estados Unidos da Europa.
Surgiu assim a plataforma eleitoral Tempo de Avançar, pronta a negociar com o PS um apoio político que garanta a maioria absoluta nas legislativas deste ano. Propõem-se “Tirar o País do buraco, através de uma política de desenvolvimento sustentável que siga a lógica oposta à da austeridade e dê a única resposta à crise em que acreditamos e sabemos historicamente resultar.” Justamente o que o governo grego, eleito para pôr termo à austeridade, afinal não pode fazer. Como lapidarmente afirma Juncker, “Tsipras ainda tem de dizer aos gregos que não pode cumprir as promessas.”
Perante a evidência de que a chamada social-democracia europeia, rendida ao ordoliberalismo germânico, apenas serve para suavizar os textos da capitulação do Syriza, é natural que muitos dos apoiantes do Tempo de Avançar se interroguem sobre a viabilidade da sua proposta política. Ainda por cima, quando o PS dá sinais consistentes de que está disposto a negociar com um novo líder do PSD, mesmo que seja apenas um apoio parlamentar para garantir a estabilidade do pântano nacional-europeu. Até quando irão estes respeitáveis cidadãos manter a cabeça debaixo da areia?
O facto de o PS não descolar nas sondagens, e de o Tempo de Avançar não entusiasmar o país, mesmo levado ao colo na comunicação social, isso deveria fazer reflectir os portugueses empenhados na construção de uma alternativa que acenda a luz da esperança. Se não vemos a sociedade portuguesa a discutir acaloradamente o seu futuro, como em Espanha, isso deve-se à incapacidade das elites, sobretudo da nossa esquerda mais cosmopolita, em admitir que o problema poderá não estar no povo mas antes nas suas propostas. Se o Tempo de Avançar continuar a defender o fim das políticas recessivas, a reestruturação da dívida, a preservação do Estado social, a devolução à democracia da sua capacidade soberana, etc., sem dizer com clareza que a saída do euro será o resultado inevitável de um confronto com a UE – é este o dilema que hoje vive o Syriza –, então esta esquerda, num momento dramático da nossa história, preferiu perder por falta de comparência.
Felizmente há mais esquerda, para além da que hoje mete a cabeça debaixo da areia. Há muita gente desiludida com a falta de um projecto mobilizador. Quem não se identifica com a ideologia do PCP, embora possa concordar com muito do que defende, em particular a saída do euro, não encontra na actual paisagem partidária uma proposta política sem ambiguidades graves. Alguém tem de dizer ao povo que o modelo de desenvolvimento inspirador da nossa Constituição só é compatível com uma Europa de povos soberanos, o que inclui a soberania monetária. É certo que muita gente tem medo de sair do euro, mas também é certo que esse medo não se vence com um discurso a medo.
Nesta encruzilhada, Portugal precisa de um novo partido que, com novos rostos e uma comunicação sem artifícios, diga aos cidadãos que hoje, na UE, o emprego é a variável de ajustamento macroeconómico, os pensionistas são cidadãos de segunda e a finança permanece um governo-sombra. Portugal precisa de um novo partido que diga aos portugueses algo que muitos ainda têm dificuldade em ouvir: para sairmos desta crise, temos de sair da moeda única. Sim, no imediato, sair do euro tem custos, mas nada que se compare a uma morte lenta aplicada por colaboracionistas. As dificuldades vencem-se enfrentando-as.
(O meu artigo no jornal i)
estás a pedir dois impossíveis: que o ps e q a tempo de avançar esclareçam as pessoas. são projetos unicamente interessados no tachinho, em não fazer propostas, esperando que o poder e o pézinho no conselho de ministros lhes caia nas mãos. a sério esperar qualquer coisa que seja de clarificadora destes é como esperar chuva no deserto. na entrevista da tsf a ana drago não apresentou qq ideia e a ideia q apresentou é contraria ao q defende a tempo de avançar: nacionalizações. foi um fiasco. mas uma coisa é certa: estão bem uns com os outros: o ps sem se definir e a tempo de avançar tambem sem se definir pq depende as suas definiçoes de um partido indefinivel, o ps. claro q tatica da comunicaçao social levar ao colo vale o q vale, pq com tanta antecedencia para as eleiçoes e mais o spin dimar-syriza do livre, as pessoas perceberam q n passam de oportunistas.
ResponderEliminarNEM O "passos" SE DEMITE...
ResponderEliminarNEM AS "castas" ABREM MÃO, DA PRERROGATIVA DE DECISÃO!
A democracia representativa,
PARA ALÉM DE "ANIMAL ENTOZOÁRIO" DO POVO,
AINDA "RESPIRA" BLINDAGEM...
DA DECISÃO.
Escreve-se que "o Tempo de Avançar não entusiasmar o país, mesmo levado ao colo na comunicação social" e depois conclui-se que Portugal precisa de novos partidos.
ResponderEliminarHá aqui algo estranho, uma mão cheia de gente em sistemática dissidência e que mesmo assim nunca entusiasma o país, embora possa entusiasmar o próprio umbigo.
Ainda agora a caneta assessora de Leonete Botelho e Sá Lourenço, no Público, lançava a passadeira da CDU e do BE que não querem governar para que Rui Tavares a aproveitasse e logo no dia seguinte ao Diário de Notícias (dos poucos jornais que publicaram alguma coisa sobre o encontro nacional do PCP) ter destacado intervenção de Bernardino S. afirmando disponibilidade do PCP para fazer no país o que faz nas câmaras municipais.
O mesmo se passa, alías, com intenções semelhantes do BE.
Mais vale dar gás aos Livres, Tempos de avançar, Marinhos Pintos dispostos a admitir prévias alianças com o PS, que mostrar alternativas no terreno.
Como será evidente, nos dias que correm, o PCP não exigirá cumprir o seu programa todo caso chegue ao Governo. Isso é o mantra da guerra fria, do papão comunista.
Portugal precisa de um novo partido
ResponderEliminarMais um?! Bolas!... Isto agora é cada cabeça cada partido...
Temos o que merecemos. se tivesse menos 30 anos, saía deste País de aldrabões, incompetentes e corruptos.Vá-lha-nos DEUS.
ResponderEliminar"Portugal precisa de um novo partido ..."
ResponderEliminarOra aqui está uma ideia original. Principalmente se estivermos a falar de um novo partido à esquerda!
Não deixa de ser triste que nenhuma esquerda, aparte os seus artigos, tenha pegado no tema do Trabalho Garantido. Como estão a fazer em Espanha agora mesmo por Garzon. Parecia ser uma obvia maneira de chegar aos anseios do Povo.. e aos votos.
ResponderEliminar..."Se não vemos a sociedade portuguesa a discutir acaloradamente o seu futuro, como em Espanha, isso deve-se à incapacidade das elites, sobretudo da nossa esquerda mais cosmopolita, em admitir que o problema poderá não estar no povo mas antes nas suas propostas...."
ResponderEliminarLapidar !!!
E aqui, permito-me incluir os partidos, todos, velhos ou novos. Até porque nos velhos aparecem novos que dizem o que já diziam os antigos e nos novos os que aparecem já são velhos.
Todos falam do afastamento entre os cidadão e a politica mas nao fazem nada para mudar isso, assembleias cidadãs sao boas e úteis mas que interessam a um cidadão de Boticas ou Almodovar ?
Falar menos e mais claro, num português que até o cidadão menos letrado entenda, ser coerente, e acima de tudo, ao invés de uma resma de propostas apresentem só duas folhas, mas estruturem-nas e, acima de tudo, cumpram-nas !!Não é dificil basta ter vontade e deixarem os egos na disoensa.
Em vez de um novo partido eu proponho que se mude o nome do BE para BEA, significando BLOCO DOS ESQUERDISTAS AJUIZADOS onde se devem juntar todos que não querem alinhar com o PCP.
ResponderEliminarQuem não se enquadrar neste ou no PCP é melhor ir criar porcos para o Alentejo e deixar-se de políticas que não levam a lado nenhum.
Ouvi um dirigente do LIVRE dizer na Convenção do "Tempo de Avançar" que entendia que o combate à corrupção não pode constituir uma prioridade política. Fazê-lo seria demagógico e populista.... para mim bastou....
ResponderEliminarMas afinal não foi o Seguro corrido da liderança PS porque não era suficientemente de "esquerda"?Guardo da campanha no PS aquela frase do Seguro: "Há em Portugal um partido oculto".---Contribuinte Zé
ResponderEliminarUma arqueologia das formações partidárias, as regras e estruturas subjacentes começam a revelar descontinuidades entre camadas congeladas e outras mais instáveis provocando desdobramentos do núcleo duro atravessado por movimentos e fluxos que que tão depressa provocam a vertigem como a falta de ar...na formação social portuguesa tudo o que é "sólido" se dissolve no ar contaminando-o."Não se constrói o futuro metendo a cabeça na areia"a esquerda precisa de ar puro sabendo nós que o puro e o impuro se misturam-ainda assim bem melhor que os eugenismos que circulam.Bom fim de semana!
ResponderEliminarSe a esquerda se deixasse de fazer de conta que é fiel à literatura que a ocupou na juventude e prometesse um capitalismo que garantisse o estado social talvez alguém a levasse a sério.
ResponderEliminarNão estou disposto a vender a minha alma!
ResponderEliminarNão quero mais um partido..!
Quero um Partido de esquerda, que pratique esquerda.
Andamos nisto há já largos anos e… nada!
Culpam-se e desculpam-se sem ponta que se lhes pegue…
A mesa do orçamento, já dizia o meu avô, é bastante larga…
Exijo um Partido de Esquerda que proponha ao povo uma via política, social, ecológica e económica que defenda os direitos do homem em toda a sua dimensão.
Exijo um partido de esquerda que proponha a saída da NATO e da U. Europeia…
Que tenha como princípio fundamental a Soberania Nacional e um Povo Soberano.
Não é exigir muito para quem tem já mais de 76 anos.
Muito obrigado e avancemos que já se torna tarde.
Adelino Silva
«Esquerda à portuguesa» …a tal que – meteu cá a troika...que pôs a direita mais sarronca no poder...colocou o cavacoide em belém. A nossa querida esquerda é contudo imaculada - longe do poder que corrompe, fora do poder que a degradaria - é pois dessa que se fala – olha o coitado do ryriza que já está feito ao bife quem os mandou, não te disse…sendo claríssimo como água que o ps é sempre de direita e alvo a abater … a verdade é que à «esquerda à portuguesa» falta-lhe lá por casa um espelho…
ResponderEliminarSe o José se deixasse de fazer de conta que é fiel à literatura que o ocupou na juventude e não prometesse um capitalismo que garantisse o estado social talvez alguém o levasse a sério.
ResponderEliminarAo Anónimo das 15:29
ResponderEliminarDisse: «afirmando disponibilidade do PCP para fazer no país o que faz nas câmaras municipais.»
Este anónimo deve ser um que é fiel seguidor do Ladrões... e que às vezes assina DE outras assina Anónimo.
Um militante da igreja, portanto.
Devia viver numa câmara do PCP, especialmente onde têm maioria absoluta desde 1976, portanto, sem desculpas do bloqueio da oposição e onde têm carta branca para fazer o que querem.
Para saber a qualidade de vida, os seviços prestados e o nível de impostos autárquicos.
Depois falava com propriedade.
Ou então viverá, mas nesse caso à conta do orçamento e dos nossos impostos: uma mão lava a outra, como se diz.
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P. S. Já sei que me vem falar de, apesar da péssima governação, terem maioria absoluta. Pois, a última com 61,9% de abstenção, portanto, 17,98% de votos do eleitorado, que o S. Método de Hondt, por milagre, transformou numa maioria absoluta de 46,7%.
Temos os governos nacionais e locais que merecemos devido à nossa fraca responsabilidade e participação cívicas.
O Silva prossegue o marranço obsessivo e bobo com o pobre De.
ResponderEliminarDestituído de miolo e de mínima capacidade de reflexão política, não passa de um hooligan xuxa, nem percebe que o que está em causa nas declarações de Bernardinos S. não é a qualidade da governação CDU.
O que está em causa é a disponibilidade bem pública de deitar mão à governação a nível nacional, tal como já o faz nas autarquias. Uma posição que milhares de comentadores dizem nunca existir. De facto, se não passou nos jornais, continuará sem existir.
DE:
ResponderEliminarQuer então dizer que o Bernardino se propõe governar igual ou pior do que os governos até agora, não é?
Sim, porque quem se propõe governar é porque está convencido que governa pior.
Por isso é que apresenta programa alternativo ao dos outros partidos.
Belas iDEotices, ó DE.
Béééé, ó Xilva.
ResponderEliminarNão sei quem será mais completamente cretino e desprovido de inteligência. Se o Silva cuja honestidade e decência cívica anda ao nível da de hooligans como Manuel Seerão, Pedro Guerra, ou Pereira Cristóvão , se quem pensa que dando-lhe troco vai conseguir obter um argumento na volta.
ResponderEliminarPara o LIVRE, TEMPO DE AVANÇAR a prioridade é o tachinho
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