A diminuição do desemprego e a criação de emprego são dois pontos oficialmente apontados como sinais da retoma da economia, do fim da crise e do sucesso do programa de ajustamento. Na realidade, o mercado de trabalho português encontra-se numa situação depressiva sem precedentes, e sem perspetivas de recuperar a prazo. Por outro lado, o aprofundamento da crise económica tem tido uma forte influência na crise dos próprios indicadores estatísticos.
Pela primeira vez, os valores do desemprego «não oficial» – que retratam dimensões do fenómeno do desemprego que o conceito de desempregado não abarca – ultrapassaram os números do desemprego "oficial". A descida gradual do número oficial de desempregados, a partir de 2013, tem sido paulatinamente contrariada pelo aumento do número de desempregados não reconhecido pelas estatísticas. Tendo em conta as diversas formas de desemprego, o subemprego e as estimativas prudentes sobre a situação laboral dos novos emigrantes, a taxa real de desemprego poderia situar-se, no segundo semestre de 2014, em 29% da população ativa, caso os trabalhadores emigrados tivessem ficado no país.
Excerto do enquadramento para o debate sobre desemprego e emprego que terá lugar amanhã, às 18h30m, no CES-Lisboa (Picoas Plaza). O seu ponto de partida é precisamente o último e muito informativo Barómetro das Crises - Crise e mercado de trabalho: menos desemprego sem mais emprego? João Ramos de Almeida apresenta este trabalho e Francisco Madelino (Presidente do Instituto de Políticas Públicas do ISCTE-IUL) e Jorge Gaspar (Presidente do IEFP) discutem-no. Manuel Carvalho da Silva modera.
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