sábado, 28 de fevereiro de 2015

Inspirador


“É preciso que os jovens tenham a confiança de viver e conviver com o erro e entender que neste mundo, onde cada vez mais vivemos conectados, têm mais a ganhar se colaborarem.” Quem falava assim, afiançava o sempre rigoroso Camilo Lourenço, só podia ser um líder “inspiracional e transformacional”. Zeinal Bava falava assim.

Esta semana, numa sessão da comissão de inquérito ao Espírito Santo, foi então um alegre e confiante convívio de Bava com o erro, no quadro de uma imensa colaboração com Mariana Mortágua, por exemplo. Uma inspiração para todos os jovens, que assim têm ficado a conhecer melhor os meandros do capitalismo financeiro realmente existente.

Uma das coisas mais interessantes que temos visto é como o discurso do empresarialmente correcto, o que gosta muito de alardear os génios da gestão, só para justificar os seus colossais rendimentos, é uma fraude, que de resto só tem paralelo na do empreendedorismo individual ou na da psicologia positiva alardeada pelos privilegiados deste mundo, os que não hesitam em regurgitar nos jornais o quem quer, consegue.

Os resultados destas fraudes vão da legitimação da crescente desigualdade salarial à promoção da pulverização empresarial, passando pela promoção de uma depressiva pulsão egoísta ou pela ofuscação do paciente trabalho coletivo que é requerido para montar uma organização; uma organização como foi a PT antes da sua crescente fragilização pela privatização e pela financeirização, as duas tendências neoliberais de que o empresarialmente correto é em parte reflexo ideológico degradado: no fundo, todos falavam de Bava, de Granadeiro ou de Salgado, mas ninguém falava do colectivo de trabalho que fez a PT.

Tudo isto faz-me lembrar Brecht, que já tinha intuído isto tudo: Quem construiu Tebas de sete portas?

6 comentários:

  1. Zeinal foi ao parlamento para dizer que não se lembra, num claro objectivo de não se comprometer nem de denunciar ninguém. Os mantras são sempre no sentido de culpabilizar o individuo pelo seu desígnio, esta interpretação transporta consigo o melhor dos dois mundos, por um lado estigmatiza o "mal sucedido", tirando-lhe força, por outro eleva o que vence, transformando a máxima numa profecia auto-realizada. A tese da responsabilização individual numa sociedade que é por definição colectiva, tem demasiados adeptos, até as "insuspeitas" vitimas desta lógica têm muitas vezes discursos que só são compreensíveis à luz de uma necessidade de preenchimento.

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  2. Quem construiu a PT?
    Não foi o Bava ou o Granadeiro, certamente.

    Criam estes mitos da excelência, bajulam-se todos uns aos outros pelo interesse pessoal e de quem lhes paga, mas que se desfazem num ápice, e pior, desfazem o que tocam!
    O que se viu de Bava, além de insegurança e da não assunção de responsabilidade? Nada, parecia um totó refugiado num pretenso amadorismo.
    Excelente esteve a M. Mortágua.

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  3. Este Bava frequentava as páginas dessas revista tipo "Maria" mas dos negócios onde os Camelos Lourenços da vida escorregam na própria baba que segregam perante estes monstros da gestão . ... Alguém que tenha trabalhado seriamente acredita nestes Camelos?

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  4. ao longo das últimas três décadas temos testemunhado a entrega de empresas lucrativas para todo o povo aos interesses privados e ainda por cima estrangeiros.
    até parece que o juramento que os ministros e quejandos fazem é um acto mentiroso..! boa noite
    de Adelino Silva

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  5. "Mas quem é que sabe o nome dos seus cem soldados"

    https://www.youtube.com/watch?v=zGEV0HD1KAA

    e

    "Pero dime, compañero,
    si estas tierras son del amo
    ¿por qué nunca lo hemos visto
    trabajando en el arado?"

    https://www.youtube.com/watch?v=ihWL-cX7ZFM

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  6. ZEINAL LATA (neologismo)
    http://dumoc-and-me.blogspot.pt/2015/02/last-cromo-on-tv.html

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