segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
Tempos financeiros, ou seja, políticos
Infelizmente, o único partido que defende convincentemente a reestruturação da dívida é o Syriza, um partido de esquerda radical. Se é verdade que o Syriza está certo em relação à reestruturação da dívida, também é verdade que é pouco honesto [disingeneous] ao recusar uma saída do euro. Quem defende a reestruturação da dívida, tem de responder à questão do que fazer se as negociações falharem. As escolhas nesse caso seriam o regresso ao status quo – e então não há razão para votar no Syriza – ou sair da Zona Euro e romper unilateralmente com os credores externos. Mas isto é o que o Syriza recusa. O Syriza tem os instintos certos, mas pode não ter as políticas certas. Esta falta de consistência conta porque Angela Merkel parece pronta a ir até ao fim. O Der Spiegel revelou que a Chanceler alemã está disposta a arriscar uma saída da Grécia se o próximo Primeiro-Ministro abandonar as actuais políticas. Por outras palavras: a única forma que a Grécia tem de reestruturar a sua dívida é sair da Zona Euro.
Wolfgang Munchau, “Os extremistas políticos podem ser os salvadores da Zona Euro”, Financial Times de hoje.
Subscrevo a análise do editor de assuntos europeus do FT: como é que se diz democracia em grego? Entretanto, segundo uma sondagem da Gallup de Dezembro de 2014, referida por Jacques Sapir numa análise às motivações de Merkel, 52% dos gregos são favoráveis ao regresso à moeda nacional, o que de resto está longe de ser um valor residual...
Não quero mal aos gregos mas mal posso esperar por ver o dracma a valer menos que o metal em que é feito para ouvir a inteligência esquedalha a teorizar sobre os malefícios do euro!
ResponderEliminarO Syriza não pode não ter programa para sair do euro. Isso seria uma irresponsabilidade total. Senão como é que ia tentar negociar o que quer que fosse?
ResponderEliminarO plano B de certeza que existe e é secreto. Não para esconder o que quer que seja ( de realmente importante) dos eleitores, mas para evitar o máximo possível a fuga de capitais.
Portanto negar ao máximo a hipótese de saída do euro é a melhor estratégia num contexto de total liberdade de circulação de capitais.
Ou seja, estou só a dizer que não podemos esquecer que o Syriza pode estar a fazer bluff.
Oxalá tenha as políticas mais acertadas para os momentos difíceis que se aproximam.
Um texto sintéctico e esclarecedor.
ResponderEliminarInfelizmente para quem replica merkel, quem teoriza sobre os benefícios do euro e quem defende o euro não é a inteligência "esquedalha" nem sequer é provavelmente nenhuma inteligência.Ou melhor , quem defende o euro é quem lucra com ele, é quem faz lucrar os outros com ele, é ,regra geral quem toma como referência ideológica e económica a alemanha uber alles e outras coisa assim.
Outros vasconcelos a convencerem outros a aceitar os seus vasconcelos locais
Uma última nota sobre esta estória da "inteligência" como de certa forma pouco inteligente alguém cita.
O que se mostra e a cada dia que passa mais se confirma, é que os axiomas neoliberais não passam disso mesmo.Axiomas ,sem qualquer suporte efectivo, nem mesmo intelectual sobre tal rumo para a Humanidade.
Talvez seja por isso que a chantagem é uma das armas dos poltrões, donos da UE.
Outra é a ameaça pura e simples. Mas essa não vem só da UE.
De
"Tempos financeiros, ou seja, políticos".
ResponderEliminarÉ isso mesmo
"Uma entrevista do presidente do Equador, Rafael Correia, mostra como um pequeno país de pouco mais de 15 milhões de habitantes, dominado pelos EUA e multinacionais, lhes fez frente com êxito. Duas condições básicas: defesa absoluta dos interesses nacionais e unidade popular.
São aliás estas condições que a política de direita e seus “consensos” procura por todos os meios combater, desacreditar, pondo os interesses das multinacionais, da finança, das oligarquias, acima dos interesses do povo e do país.
O Equador realizou uma auditoria à sua dívida externa utilizando critérios internacionalmente definidos, eliminou assim o que foi considerado dívida ilegítima. A partir daqui renegociou com êxito a dívida nos seus juros, prazos, e montantes. Surpresa: hoje é a finança internacional que procura fornecer capitais ao Equador e tem atribuída a classificação AAA.
No início diziam: se não pagar, não damos mais. Mas o Equador pagava muito mais do que recebia! Tal como Portugal. A direita enche a boca com o dinheiro que vem de Bruxelas e com os empréstimos senão era a bancarrota, quando há mais de uma década que o país é contribuinte líquido, contando com juros e transferência de capitais e lucros.
Diz RC: Os interesses do capital financeiro, dos banqueiros internacionais, do FMI, são pura ideologia, não é teoria, não é nada. Aqui no Equador, estamos defendendo os interesses do povo e não os do capital financeiro. Chamam a isto populismo. Populismo: é o termo da elite, quando não entendem o que está acontecendo. Tudo o que eles não entendem, é populista. Definam o que é populismo... porque este governo é o mais técnico que alguma vez teve este país
Daqui:
"http://foicebook.blogspot.pt/2015/01/a-divida-alternativae-os-direitos.html#links
(De)
O texto de Sapir referido pelo João Rodrigues está traduzido aqui e é um texto a ler
ResponderEliminarhttp://resistir.info/europa/a_chanceler_e_os_cegos.html
Daí:
"a senhora Merkel, numa subtileza muito germânica, decidiu fazer pressão sobre o eleitor grego. Sim, se "votarem mal", uma saída do Euro é concebível. Portanto, mantenham-se neste espaço! Ainda que com falta de subtileza, certamente é mais eficaz que o apelo de Pierre Moscovici, antigo comissário europeu, aos eleitores para votar pelo prosseguimento das reformas. Há pessoas que não têm vergonha. Como se os gregos tivessem a menor dúvida sobre o que significam estas reformas que puseram o seu país de joelhos e que provocaram uma grande alta de mortalidade. Na realidade, estas reformas não tiveram o resultado esperado, o que é inteiramente normal face às realidades da economia.
...
Contudo, é preciso compreender as razões que puderam levar a chanceler a romper este tabu. Será porque ela compreendeu que a zona Euro na realidade esta morta? Já não há integração bancária, ao contrário do que se afirma, como o demonstram dois autores, Anne-Laure Delatte e Vincent Bouvatier num documento no sítio VOX do CEPR . Ou será que a sra. Merkel sabe que por trás da Grécia perfila-se uma crise com uma outra importância na Itália, que poderia muito rapidamente ser seguida pela Espanha e pela França? Em suma, será esta declaração o produto de uma "fadiga" da assistência, e sabe-se que o problema grego está condenado a ressurgir de maneira regular no menu dos Conselhos Europeus, ou de uma tomada de consciência da acumulação dos problemas tanto económicos como políticos que rapidamente vão tornar a zona Euro ingerível? Não é impossível, neste caso, que a sra. Merkel, que desejará evitar que o peso político de uma ruptura da zona Euro caia sobre as costas da Alemanha, procure numa crise preparada a ocasião de proceder a uma dissolução que ela pressente como inevitável."
(De)
Não podendo evitar a determinação dos gregos em apoiar as políticas de ruptura anunciadas pelo Syrisa, Merkel tenta fazer crer que são os gregos quem vai perder. Mas chega tarde; em matéria de "perder", os gregos já aprenderam o bastante para não cair no "bluff".
ResponderEliminarQuanto a Portugal e outros em que ela pretende apoiar a sua posição, é uma questão de tempo - que é tudo o que ela espera ganhar.
Não entendo: o que tem a saída do euro a ver com a reestruturação da dívida? Não tem nada a ver!
ResponderEliminarSe a Grécia se recusar a pagar a sua dívida, daí não decorre que o país seja obrigado a sair do euro. Porque a Grécia tem um saldo primário positivo nas suas contas públicas, logo, não precisa que lhe forneçam mais euros.
Ademais, é ilegal, nos termos dos tratados europeus, um país da UE sair do euro. Pelo que, como é que a Grécia sai do euro? Não sai!
Se uma parte do esforço que é posto para justificar não pagar a dívida fosse posto em tratar de encontrar os meios de a pagar, tão inteligentes criaturas seguramente chegariam a muito promissoras soluções!
ResponderEliminarBasta ver o programa do Syriza. Vai precisar de muitos euros(ou outra moeda).
ResponderEliminarMas posso estar enganado.
A repetição é necessária porque a insistência na ideia também o é.
ResponderEliminarMantém-se a ideia da "inteligência" como argumento de pseudo-superioridade sobre os que contestam o estado actual das coisas?
Uma marca de água de algum desespero argumentativo das claques neoliberais?
Porque postas as coisas neste pé, o que sobra é o pedantismo.
Que nem sequer assume foros de veracidade porque ninguém de boa fé pode usar argumentos deste tipo
Depois porque disfarçar a submissão, a rendição, a defesa dos "mercados" a defesa da alemanha e dos interesses que a alemanha serve (e de que se serve)atrás da inteligência ( ou da falta dela) é de facto uma apologia encapotada da via única que os passos ,os portas , os que governam,os que se governam, os mais ou menos corruptos defendem.
Mas de tal forma patética que não colhe.
Restará a ameaça patente e aberta como é de tom.
Uma moeda comum a paises com dferentes niveis de desenvolvimento, mas representativa da economia mais desenvolvidas, somente deve existir, se as economias mais desenvolvidas, sem quaisquer encargos para as menos desenvolvidas,financiarem estas para conseguirem a igualdade, o que nao aconteceu com a U.E.,RESULTANDO UM DESASTRE PARAS AS ECONOMIAS MENOS DESENVOLVIDAS e por isso, a GRECIA deve sair do Euro, em beneficio proprio, mas como exemplo a adoptar pelos outros paises enganados, e nao pagar aos credores especuladores, mas atrair capitais chineses para investimentos , mantr boas relaçoes com os E.U. E CRIAR MOEDA PROPRIA, QUE PROGRESSIVAMENTE SE VAI VALORIZANDO. sair do Euro e do absurdo actual da U.E. CONSTITUI O FUNDAMENTAL, BEM COMO SUSPENDER DEFINITIVAMENTE O PAGAMENTO DAS DIVIDAS.
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