«Não é pôr os gregos a pagar impostos. É pôr todas as multinacionais na Europa a pagar impostos. Esta ideia de que fugir aos impostos é uma coisa dos cidadãos que recebem 350€ por mês está ao nível daquela ideia de que Portugal entrou em crise porque as pessoas andavam a comprar écrans LCD. É absurdo. Portugal não entrou em crise porque as famílias compraram écrans LCD e os gregos não têm pouca receita fiscal porque são vagabundos e fogem aos impostos. A Europa vive uma situação em que permite offshores e em que - como vimos no caso português, no caso do BES e em todos os casos de grandes empresas internacionais (nós sabemos que existem 18 empresas do PSI20 que não têm sede registada em Portugal) - as empresas declaram a sua sede na Holanda para pagarem muito menos impostos. E outras, mesmo declarando sede na Holanda, não só pagam poucos impostos na Holanda como conseguem, através de offshores, assegurar que não pagam os impostos que devem. Isso é uma responsabilidade da Grécia? As empresas alemãs fazem exactamente a mesma coisa. Há uma diferença fundamental na Alemanha, que tem que ver com o modelo de governação interna das empresas alemãs e que é um aspecto extremamente positivo: na Alemanha os conselhos de trabalhadores têm assento na administração das empresas, o que permite um muito maior controlo daquilo que é a sua actividade e a gestão interna (que leva por exemplo a que o valor bolsista de uma empresa alemã tenda a ser muito mais baixo que o valor bolsista de uma empresa equivalente americana).»
A ver na íntegra este excerto (do Sítio com vista sobre a cidade) de uma das intervenções do Ricardo Paes Mamede no programa Prós e Contras de ontem, sobre a «Grécia e a Europa», no rescaldo das eleições do passado domingo.
Parabéns ao Ricardo pelas suas intervenções no Prós e Contras!
ResponderEliminarEDP, caso académico de dupla não tributação na Holanda.
ResponderEliminarParabéns ao Ricardo pelo discurso! É deste tipo de pessoas que precisamos. Ganhou o meu respeito e sem dúvida um fã. Parabéns
ResponderEliminarAlexandre
Normalmente não concordo com muitas posições económicas de alguns cronistas deste blogue.
ResponderEliminarMas quando tiveram bem há que reconhece-lo e o Ricardo esteve bastante bem.
É realmente um grande problema da Europa a fuga aos impostos de quem mais pode (grandes multinacionais, gestores e os seus "bonus"). O rendimento do trabalho, seja ele elevado ou baixo, é sempre o mais prejudicado.
Mas este problema não é Europeu, é mundial. Sendo eu defensor da livre circulação de bens pessoas e capitais, o que impede às grandes empresas de transferirem as suas sedes para o Panamá, caso a Inglaterra, Suiça, Holanda, Irlanda, decidirem aumentar os seus impostos sobre as empresas, igualando-as ao resto da Europa.
E uma pergunta, concordam com baixos ou altos impostos sobre as empresas? É que eu acho que deviamos nivelar por baixo e não por alto!
Outra questão, a de que as comissões de trabalhadores se sentam nos CA das empresas. Mas admite que são diferentes dos nossos sindicatos, ou acha que são iguais? Existe uma diferença cultural gritante.
Apesar de tudo, o problema grego também é de desiquilibrio orçamental ao nível dos gastos, e não só da falta de receita e fuga aos impostos. Mas dou-lhe razão no ponto que focou!
A questão principal é: Como resolver a questão da fuga aos impostos? Resposta simples e imediata: Acabar com offshores na Europa (o que já de si é dificil). Mas imaginando que se conseguia, o que impediria outros blocos economicos de não aproveitar essa situação e albergar as sedes dessas empresas??
Pelo menos como chefe de estado do Panamá, era o que eu faria! Quem ficaria a ganhar era a minha população, o meu país. Por isso, isto é uma questão que me parece que nunca venha a ver resolução, enquanto eu for vivo. O mundo é tão diferente em tantos aspectos, que estamos longe disso.
Daí que, na minha opinião, para a Europa resolvendo o problema sem perder competitividade, devia-se baixar os custos das empresas, baixando o IRC. E podia-se propor, em contrapartida da baixa de impostos, um aumento do salario dos trabalhadores. Uma medida compensava a outra. Claro que os estados iam sofrer com quebras de receitas, mas o ajustamento do lado da despesa do estado teria sempre de acontecer.
Era a primeira medida que proporia: Uniformizar IRC na Europa para minimos (valor a discutir) e aumentar o salario dos trabalhadores, usando uma fórmula para manter o ROI. Neste caso o custo para as empresas manteria-se parecido, os trabalhadores veriam a sua situação melhorar e o consumo poderia aumentar.
O que lhe parece? Se puder responder...
Parabéns mais uma vez
O planeamento fiscal das multinacionais (fuga aos impostos) é um grande problema.
ResponderEliminarA falta de qualidade dos serviços prestados em troca dos impostos também.
É necessário resolver estes dois problemas. Mas estes dois problemas não podem servir de desculpa para o não pagamento generalizado de impostos por parte dos cidadãos.
Independentemente da fuga aos impostos das multinacionais, que é um problema de âmbito mundial e só pode ser combatido a nível mundial, se for verdade que a fuga aos impostos na Grécia atinge os 30 mil milhões de euros então já se percebe melhor a tal "catástrofe humanitária" num país que ainda assim tem um PIB per capita acima de 8 outros países da EU.
Como?
ResponderEliminarA fuga aos impostos das multinacionais é um problema mundial e só pode ser combatido a nível mundial ?Então para essas multinacionais vale tudo sem que se lhe possam atribuir responsabilidades e fazer pagar o que devem?
E de quanto dinheiro essas tais multinacionais se apropriaram fugindo aos impostos que deveriam ter sido pagos na Grécia e noutros países?
Já se percebe melhor porque há cada vez mais desigualdades .
Um anónimo ( que se repete até à exaustão) diz que todos devem pagar os impostos.Já as multinacionais ...isso é um problema mundial que exige uma resposta mundial.
É como com os paraísos fiscias. Servem para o que servem,com a benção dos que saqueiam os países e os povos.
Quer dizer...os impostos é só para a arraia miuda. E para servir de cor local para atacar a Grécia e o seu povo,enquanto junker continua no seu posto
De
De
LOL
ResponderEliminar"Portugal não entrou em crise porque as famílias compraram écrans LCD..."
Pois não... se calhar entrou em crise pq "compraram" muito mais do que isso, tal como Irlandeses, Gregos, Espanhois etc...
http://www.ecb.europa.eu/press/key/date/2013/html/sp130523_1.en.html#/
http://www.voxeu.org/article/how-euro-changed-international-debt-flow
Relativamente ao modelo Alemâo... bom, funciona lindamente...
Os trabalhadores se sentam na administração e se deixam cortar o salario!
Assim os preços tornam-se mais convenientes, as exportações vão aumentar, e , milagre, graças ao €, o marco não vai valorizar!
Eles vão continuar a trabalhar enquanto nos outros paises as pessoas vão deixar de o fazer...
Chapeau!
http://i8.photobucket.com/albums/a28/afew/lindner2.png
É por isto? Não!
ResponderEliminarÉ por aquilo? Não!
Está tudo mbem? Não!
Há culpados? SIM! as multinacionais, a Europa, a estrutura macro, ...
Quanto mais abstracto melhor, a condenação é certa e as consequências nenhumas.
Uma coisa fica certa, a solução virá dos impostos das multinacionais, da Europa, ...
Parece que a exigência que as multinacionais paguem impostos deixa muita gente incomodado.
ResponderEliminarJose é um deles.
Não admira .Jose mostrou solidariedade, perdão, caridade com soares dos santos quando este foi apanhado a fugir ao fisco em Portugal.
Depois mostrou incómodo quando , perante a denúncia do modo de funcinamento do BES/GES, se começou a exigir que os "acumuladores " fossem obrigados a justificar como "acumularam"
Bem quer jose que as coisas fiquem em abstracto , que não haja condenação, que não haja confiscação da riqueza acumulada à custa do roubo institucional ou criminal
Pois bem,uma má notícia para jose.
Deve haver condenação dos corruptos, dos corruptores (eu sei que o jose defende estes como uma subespécie de vítimas), confiscação das rendas indevidas e um ponto final definitivo neste modelo social que vive da exloração alheia
De
É necessário que a comunicação social dei mais espaço a vozes límpidas como a de Ricardo Mamede, para que seja possível analisar a situação económica do país e de outros países europeus. A austeridade, cujo único fim é o de salvar os capitais de gente desumana, irá conduzir à destruição do povo indefeso. É preciso ser mais inteligente que as pessoas, de barriga cheia e que nos governam, para encontrar novos caminhos. Sair vitorioso passando por cima de doentes e de cadáveres não é vitória que dignifique.
ResponderEliminarNão seria mais simples e fácil pôr todas as multinacionais com sede em Portugal? Todas a pagar IRC em Portugal?
ResponderEliminarUm IRC competitivo que trouxesse empresas para Portugal.
Não seria melhor para nós ?
Pena não poder ser...A mentalidade PS, PSD, CDS não permite tal coisa.
Isto acompanhado do politicamente correto que deixa que um Presidente no activo esteja sempre calado. É um outro que já lá esteve mas que está muito senil fale para dizer disparates.
Os problemas existentes, na minha perspetiva, remetem-nos para a necessidade de uma solução que começa por ser política e que tem necessariamente, ao nível europeu, que se apresentar como uma solução globalizada.
ResponderEliminarPerante o cenário existente, apetece-me deixar aqui a seguinte reflexão: Será que teremos que procurar um novo paradigma que ultrapasse a velha dicotomia "capitalismo/socialismo" e todas as suas derivações: terceira via, social democracia, e outras quejandas?
Fernando Moura
Algés