quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Assim se trata da nossa saúde


O Negócios tem hoje uma notícia interessante sobre as tendências mais importantes ao nível dos sistemas de saúde na UE, descritas num relatório da OCDE. O centro da notícia é que Portugal foi um dos países em que a despesa de saúde total (pública e privada) em % do PIB mais caiu. A notícia salvaguarda, no entanto, que a despesa total com Saúde mantém-se acima da média da UE. Em percentagem do PIB, bem entendido. O relatório não faz todos os desdobramentos que seriam úteis para uma análise da evolução, mas há alguns aspectos que merecem ser realçados:

1. A despesa em % do PIB desce muito mais do que a média da UE em anos em que o PIB português também caiu mais do que a média da UE, ou seja, a queda em valores absolutos é ainda mais acentuada.

2. Somos, a seguir à Grécia, o país com maior percentagem de maiores de 65 no total da população. Isto em 2012, antes do grande surto de emigração que este Governo provocou.

3. Por outro lado, em termos absolutos per capita, a despesa de saúde em Portugal está bem abaixo da média, apenas à frente dos países de Leste e Grécia.

4. Se considerarmos apenas a componente pública da despesa, passamos para trás da Grécia, ou seja, somos o país que menos gasta da Europa Ocidental.

5. Em termos de proporção dos gastos públicos nos gastos totais, temos uma das percentagens mais baixas (62%) de toda a UE, apenas acima da Bulgária, Hungria e Chipre, ou seja, temos um dos sistemas menos públicos.

6. Finalmente, o dado que mais salta à vista é o de que somos, de longe, o país em que a contribuição dos utentes mais aumentou nos últimos anos, (já representa 32% da despesa total) ao mesmo tempo que a tendência da média Europeia é de estabilização.

Em resumo, temos um dos sistemas de saúde mais privados da UE e, apesar de sermos um dos países em que a despesa total mais diminuiu, somos aquele em que os pagamentos das famílias mais aumentaram. Não é preciso ser um génio para fazer as contas. Aquilo a que temos assistido é a uma transferência dos custos da saúde para as famílias. As que podem, bem entendido. O relatório da OCDE não apresenta a evolução dos valores absolutos da despesa pública em cada país. Mas, se a nossa despesa total é das que mais desce, num contexto do maior aumento da despesa directa das famílias (que representa um terço do total), como dizia o outro, é fazer as contas.

5 comentários:

  1. Entretanto o néscio e pútrido presidente do conselho, passos coelho, vem falar na "salvação" do SNS e do espaço que os privados ainda têm para parasitar mais a saúde dos portugueses.
    O macedo, ministro da saúde ligado até ao pescoço aos ditos interesses privados está a fazer um bom trabalho para os bolsos dos seus amigos, não haja dúvida

    De

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  2. Há que ter em atenção que parte do aumento da despesa privada é por redução dos benefícios fiscais - não corresponde a maior procura de cuidados de saúde, corresponde a ter deixado de ser financiamento público por benefício fiscal para ser despesa privada das famílias (com maiores rendimentos, que são as que beneficiavam do benefício fiscal), detalho mais o argumento em http://momentoseconomicos.wordpress.com/2014/12/04/uma-vista-de-olhos-europeia-sobre-a-saude/

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  3. A capacidade de resposta do serviço nacional de saúde não foi suficiente e não foi suficiente por corte da actividade.Com o inevitável desvio para o bolso dos privados. O aumento dos tempos de espera, a limitação do acesso aos fármacos inovadores, os crimes cometidos por ordens superiores para limitar os procedimentos médicos mais onerosos( o escândalo da morte de 2 doentes em Sta Cruz denunciados e comprovados pela ordem dos médicos) testemunham uma politica agressivamente virada contra a saúde pública

    A manipulação dos dados e dos números está a vista de todos.Alguns acólitos do regime, esgrimem argumentos curiosos, indo buscar desde os benefícios fiscais ate ao roubo de salários pseudo-justificações para tentar tapar o verdadeiro escândalo que constituem estes dados.Pelo meio assumem a sua cumplicidade pelo saque salarial e pela delapidação dos recursos públicos.
    (E os merceeiros costumam estar muito atentos a tais coisas.E a darem-lhes a visibilidade mediática necessaria e os fundos precisos).

    O saque soma e segue.O ultraliberalismo alimenta os interesses privados à custa dos interesses do que é público. A ronda dos economistas de turno saem em ronda , já que têm que justificar as prebendas regimentais

    Entretanto dum economista sério
    que não vai em futebóis ( citando Fernando Assis Pacheco) nem em fantochada de "cursos " em inglês para inglês ver

    http://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2014/55-2014-SNS.pdf

    De

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  4. Em resumo,este excelente Governo está de facto a tratar-nos da saúde ( da própriamente dita e da da carteira ).
    Vejam bem o que seria de nós se estes homens e mulheres do PPD e do CDS não nos fizessem o que fizeram (sempre para o nosso bem, claro)nestes anos de governo.
    Não há dúvida que eles têm de continuar a sua belisisima obra.

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