sábado, 27 de dezembro de 2014

A Grécia vai viver



Na segunda-feira vai ser tomada na Grécia uma decisão crucial. Das duas uma: ou Samaras e Venizelos conseguem comprar uma mão cheia de deputado e obtêm os 180 votos para eleger o seu presidente, ou a Grécia vai a votos em Fevereiro.

Nessa eleição de Fevereiro os gregos estão confrontados com uma escolha muito difícil: votar Syriza e confrontar as instituições europeias, ou não votar e consentir na continuação da humilhação e destruição do seu país, enquanto esperam por benesses da UE que Samaras e Venizelos mendigando não conseguiram obter?

Se ganhar as eleições, o Syriza terá também de enfrentar o mesmo tipo de escolha: ceder perante a exibição de instrumentos de tortura que o Banco Central Europeu, a exemplo do que fez no passado não hesitará em fazer de novo, ou manter-se firme na sua decisão de denunciar o memorando e renegociar a dívida?

A expulsão do euro é a espada que os vigilantes da Comissão Europeia e do BCE exibem para intimidar a Grécia. Samaras e Venizelos trataram de manter a Grécia impreparada para esta eventualidade e por isso mesmo a ameaça é credível.

Far-nos-ia muito bem a todos calçarmos por um momento que seja os sapatos dos eleitores gregos e do próprio Syriza para decidir (em imaginação) o que faríamos se estivéssemos na sua situação. Desejamos que os Gregos escolham a dignidade e que o Syriza faça o mesmo? Nesse caso deveríamos nós próprios estar prontos para escolher em Portugal em consonância com o que desejamos que os gregos façam. Estamos mesmo?

9 comentários:

  1. Esse conselho de calçar os sapatos de..abreviava muita retórica inútil - e grave quando cínica/falsa por comprometida - de quem apregoa soluções que têm como fim denegrir e confundir.

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  2. Se houver eleições na Grécia e o Syriza ganhar, o PSD arrisca-se a ganhar as eleições.

    O eleitor indeciso(que é o eleitor mais racional) vai ver a "desgraça" na Grécia e foge mais para a direita.
    Ao ver o que aconteceu na França do presidente Holland (esta semana foi noticiado o novo "record" de desemprego), foge ainda mais para a direita.

    Ou seja fica sem opções e acaba por "ter" que votar PSD.

    Rui Silva

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  3. O problema, está nos
    interlocutores.

    A democracia representativa, é crucial para defender os interesses instalados.

    Sempre que se defende a Democracia Directa, não há "estadista", que não refira a proposta, como oriunda d'uns mentecaptos!

    A exigência de escrutínio na DECISÃO, é o único caminho que vincula o objectivo,
    ao interesse... do sujeito!

    Conseguem saber tudo.
    Só não conseguem saber... a minha opinião!

    Que pena!

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  4. A questão central está na frase: "A expulsão do euro é a espada que os vigilantes da Comissão Europeia e do BCE exibem para intimidar a Grécia". Como é que chegámos todos ao ponto miserável de a saída do Euro, que devia ser plenamente voluntária e lida como um alívio, ser em vez disso percebida como uma terrível ameaça. Como foi possível chegar-se a este ultra-degradante estado de estupidificação colectiva?

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  5. Muito bom.

    Excelente reflexão para quem espera muita dignidade na escolha dos gregos, mas está à espera que desapareça “por milagre” a perspectiva de empobrecimento que a UE oferece a países como Portugal.

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  6. Uma UE judicializada e tecnocrática emerge da crise do euro e da desordem constitucional europeia resulta uma união germanizada com um grau de intromissão impensável do estado mais forte e um paradigma ordo-liberal substitui a política por regras:
    "Thus a set of economic and political ideas emerged in Germany in the 1930s has become the core of the ideological configuration characterizing the 2010s"[Sergio Fabbrini,2014].
    A história da UEM está a fazer-se sobre os escombros da desordem constitucional e monetária particularmente exposta à influência negativa das crises económicas e de choques especulativos - os dirigentes mantêm a miragem da estabilidade uma espécie de"não sistema letal".

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  7. Este título:"A Grécia vai viver", faz-me lembrar o que disse há uns anos atrás um ex-presidente da república:"há mais vida para além do défice".
    O ex-presidente tinha razão: actualmente estamos a viver a boa vida que há para além do défice.
    ....
    Actualmente o "slogan" mudou um bocadinho:" há mais vida para além do Euro e da UE ".
    Esperamos que, se viermos a ter essa vida (fora do Euro e da UE), a mesma não seja muito pior que a actual.

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  8. Unamomber:
    É incrível como as mentiras, ou as deturpações da verdade, fazem o seu caminho e são repetidas até à exaustão como se fossem verdades.
    Como dão jeito para a luta de galos político-partidária, luta de soma nula quanto aos ganhos que dá aos contendores, mas de resultado negativo quanto à nossa qualidade de vida, prosseguem o seu caminho normal como se fossem verdades.
    Mas são MENTIRAS.
    São MENTIRAS.
    Jorge Sampaio não disse «há mais vida para além do défice».
    Disse «há mais vida para além do orçamento», o que é uma coisa completamente diferente.
    E num discurso brilhante na AR em 25 de Abril de 2003: um discurso sobre inovação científica e tecnológica, sobre a necessidade de o tecido económico se modernizar e ganhar valor acrescentado nos produtos, para que o país possa competir no quadro da UE e da globalização.
    Entretanto este governo está a destruir o Sistema Científico de I&D, para nos tornar apenas criados de mesa dos ricalhaços do mundo.
    Mas tudo o que Jorge Sampaio disse foi esquecido: o que conta é a deturpação, repetida até a exaustão.
    Eis o link para aceder ao discurso integral: http://jorgesampaio.arquivo.presidencia.pt/pt/noticias/noticias/discursos-933.html
    Vale a pena lê-lo, especialmente a parte final.
    Mas se quiser ler só a parte do «há mais vida…», aqui fica:
    «Mas como já disse, o problema orçamental da economia portuguesa, merecendo embora exigente e necessária atenção, não é o único. Há mais vida para além do orçamento. A economia é mais do que finanças públicas. O aumento do investimento, da produtividade e da competitividade da economia portuguesa é fundamental para o nosso futuro e requer o esforço continuado e empenhado de todos: governantes, empresários e trabalhadores. Uma economia competitiva não é a que se baseia em baixos salários, mas sim a que dispõe de um sistema produtivo moderno, inovador e tecnologicamente avançado, capaz de produzir bens e serviços de qualidade e bem valorizados nos mercados internacionais. Foi isso que quis sublinhar com a jornada que estou a realizar sobre a Inovação.»

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  9. Amigo Manuel Silva:
    Tem razão a frase foi distorcida.

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