segunda-feira, 6 de outubro de 2014
O Presidente que não perde uma oportunidade para perder uma oportunidade
O Presidente da República aproveitou o 5 de Outubro para regressar a um dos seus temas favoritos: a necessidade urgente de um compromisso entre os partidos (do "arco da governação"). Se não houver esse compromisso, alerta o Presidente, o sistema partidário pode implodir.
Sobre a Justiça, que de facto implodiu, o Presidente nada disse; e sobre a Educação, que tem vindo a implodir de todas as maneiras e feitios, o mesmo silêncio. O facto de haver um governo e uma política que são rejeitados por uma maioria muito significativa dos portugueses também passou ao lado do discurso do Presidente. Nenhum desses temas parece preocupar o Presidente. A única coisa que perturba o Presidente é o facto de os partidos (do "arco da governação") não se entenderem. Isso, sim, é uma tragédia nacional. Aparentemente, se o Partido Socialista se portar bem e deixar de fazer oposição, o país pode não entrar nos eixos, mas o Presidente, que não gosta de chatices nem de discussões, ficaria muito mais sossegado. Na cabeça do Presidente, um regime político democrático funciona tanto melhor quanto mais a oposição estiver entregue a partidos anti-sistema. Na cabeça do Presidente, repito.
Uma crise de representação como a que vivemos só pode ser superada se o sistema político for capaz de gerar uma alternativa a este governo e a esta política, e não através de um grande compromisso que só iria aumentar o descontentamento dos portugueses com a política. Não é à toa que Cavaco Silva é o Presidente mais impopular da democracia portuguesa. Este tipo de propostas, representando apenas os seus próprios traumas e obsessões com o normal (e saudável) funcionamento do sistema partidário, não ajuda a inverter a tendência, antes pelo contrário. A situação do país é grave, sem dúvida alguma. Mas o Presidente que temos não perde uma oportunidade de mostrar que Portugal, infelizmente, não tem o chefe de Estado que o país precisa.
Portugal já tem um consenso, um consenso que o Presidente insiste em ignorar: esta política falhou e este governo não serve. É a partir deste pressuposto que toda e qualquer tentativa de reconciliar os portugueses com o sistema político tem de começar. Não o fazer seria a garantia de que a crise de regime que tanto atormenta o Presidente não tem solução.
(publicado no Expresso Online)
De facto há um consenso que o País não deveria ignorar: a política de direita, quer quando perpetrada pelo PS, quer quando levada a cabo pelo PSD (o CDS é um apêndice que tanto serve para uns como para outros) é uma causa de maior atraso, pobreza, subdesenvolvimento, aumento das desigualdades e das injustiças, com a balança a pender sempre para o lado dos ricos e poderosos que alimentam um e outro desses partidos do arco de não sei quê dos favores e da corrupção instalada, com amigos, administradores e prebendas, a eito e a jeito, para que na altura de tocar a campainha, os mordomos estejam prontos e aperreados para todo o serviço.
ResponderEliminarReconduzir a questão a este governo ou aquele governo é conversa de bairro mal frequentado: _Minha vaca! (diz a primeira) _Olha quem fala: uma galdéria destas a querer passar por séria! (responde a outra) e assim vão de insulto em insulto, até que apareçam os primeiros clientes. Depois é tudo estratégia e consenso.
Esta é novidade!!!
ResponderEliminar"O facto de haver um governo e uma política que são rejeitados por uma maioria muito significativa dos portugueses também passou ao lado do discurso do Presidente"
Com base em quê?! Sondagens, ou nas últimas eleições legislativas?! É que estas é que contam, e são validas por 4 anos! Por muito que isso custe a uma "maioria significativa" de esquerdas. A democracia ainda existe e é papel do Presidente cumpri-la
Fez muito bem em falar em eleições, esqueceu-se foi das municipais e europeias (posteriores às legislativas). A mensagem foi óbvia.
EliminarDiferentemente do presidente, a reacção não perde uma oportunidade de dizer disparates.
ResponderEliminarà reacção a toda a mudança chama implosão ao erro e ao acidente que sempre acompanham as reformas, ridiculariza o consenso transformando-o em anomia política.
O presidente disse o óbvio: a recusa de consenso em áreas essenciais a uma estabilidade e identidade de longo prazo entre forças políticas qúe quanto a elas só se distinguem por terem clientelas em competição pelo pote, é uma farsa demasiado óbvia e levará à implosão do sistema!
Este país não tem falta de democratazinhos como o Daniel Ferreira, ganha-se eleições e acabou a democracia durante quatro anos. Se democracia para si é isso - e parece que o governo e o presidente concordam consigo - estão explicados muitos dos problemas do país. Pode-se ter um país com eleições livres e justas, mas é preciso mais do que isso para se ser uma democracia. Quando perceber isso, Daniel, pode ser que compreenda o texto do João Galamba.
ResponderEliminarNada a opôr ao texto, já frases como "não tem o chefe de Estado que o país precisa" começam a enxamear completamente a escrita publicada e falada.
ResponderEliminarObviamente fala a preposição "de" devendo ser "De que país precisa".
Os ingleses é que comem preposições. Em português escorreito, basta ouvi-lo, é erro que vai ganhando foros de chacina.
Jose e cavaco.
ResponderEliminarJpse a apoiar da forma que se lhe conhece um dos protagonistas miseráveis destes tempos que correm.
Salgueiro Maia requerera uma pensão quando já se encontrava doente, era então primeiro-ministro cavaco silva
A recusa ou a falta de resposta ao pedido de Salgueiro Maia só vieram a público três anos depois quando Cavaco Silva concordou com a atribuição de pensões a dois ex-inspectores da PIDE, um dos quais estivera envolvido nos disparos sobre a multidão concentrada à porta da sede daquela polícia política.
"O não perder oportunidade de dizer disparates" fica assim mais ocntextualizado.
Claro que jose gosta do cavaco, também exactamente pelo seu gosto pessoal pelo acontecido.
Claro que jose gosta das reformas de cavaco e do seu papel nas PPP ou no BES, por exemplo. Ou nas privatizações, na liquidação do tecido produtivo português, na defesa da submissão à alemanha e aos banqueiros, na proverbial ignorância bacoca dum presidente desprezível e aparentado com um américo tomaz.
Mas jose gosta também do consenso , tal como gostava do consenso da União Nacional.
E gosta do sistema. Bate-se pelo sistema. Ama o sistema. Preza o sistema.
Desde que seja o mesmo sistema do defendido pelo cavaco, o sistema deve ser defendido a todo o custo sob risco de qualquer implosão.
Por mais pides que seja preciso agraciar ou abençoar, o sistema tem que ficar de pé.
Daí o medo...
De
A reacção igual a si mesma...
ResponderEliminarTriste , desejar que um presidente entre no jogo partidario.
ResponderEliminar"democratazinhos como o Daniel Ferreira" - mais que você, que se esconde atrás do anonimato, com o objetivo de ofender, sem ter que ser responsavel por diz. Não me ofendeu! Temos pena...
ResponderEliminar"ganha-se eleições e acabou a democracia durante quatro anos. Se democracia para si é isso" - a democracia é esses 4 anos, que me lembre, 55% das pessoas votaram no governo de direita por 4 anos, conforme regras do jogo aceites por todos. Ou quase todos, porque parece que a esquerda só aceita essas regras se fossem eles os vencedores das eleições.
E as ultimas sondagens não mostram a tal "maioria dos portugueses" que rejeitam este governo. Não está assim tão desequilibrado como gostariam.
"Pode-se ter um país com eleições livres e justas, mas é preciso mais do que isso para se ser uma democracia" - é preciso muito mais que isso, daí o direito à livre expessão (que infelizmente, lhe permitem ser o anónimo cobarde que é), o direito à greve, à manifestação, à petição pública, que já levaram a muitas alerações conforme vontade do povo, contra vontade de governo, democraticamente eleito. Mas a democracia não é SÓ isto, é também aceitar as regras.
O que eu quero dizer é, e que me parece ser a única lição util que se tira do texto do João Galamba, não devemos limitar-nos a pôr a cruzinha no boletim, e cruzar os braços, "ah, isso agora é com eles". Nós todos somos os fiscais da actuação politica dos nossos representantes, eleitos em sufragio universal, e temos instrumentos legais ao nosso dispor para fazer essa fiscalização: direito de expressão, Justiça, eleições periodicas. Mas querer mudar um governo com base em sondagens mediatizadas ou expressão pública de meia duzia de "representantes" ressentidos, é um golpe palaciano. Para golpes de estado, bastou a instauração da republica, decidida por meia duzia de anarquistas contra a vontade de todos.
Ok, essa observação foi bem colocada. Devia ter-se tirado lições daí.
ResponderEliminarSe bem que o sinal das europeias não foi assim tão evidente (afinal a vitoria do PS não foi tão estrondosa como esperada e a restante esquerda foi-se com a derrocada). O resultado foi um crescimento de partidos populistas. Os portugueses não se revêem no governo, mas também não se revêem na oposição.
O resultado das autárquicas é culpa das próprias estruturas partidárias, que insistem em escolher candidatos à maneira chinesas: "podem votar, mas nós escolhemos os candidatos", impingindo soluções caciques ou absolutamente fora do contexto local. o resultado foi uma explosão de partidos e movimentos de cidadãos locais, no que penso ser uma clara demonstração que o centralismo não tem lugar no dia a dia das pessoas
Os cínicos adoradores da Constituição conseguem aí ler que há três eleições para definir quem governa.
ResponderEliminarDemocratas acidentais...
Pelos vistos há "cínicos adoradores da constituição"
ResponderEliminarJose e cavaco.Jose escondido atrás da CRP.Mas não só.Com o sotaque próprio de quem a olha como um empecilho., verterá a doutrina da lei e da ordem, se tal for de encontro ao seu posicionamento ideológico, esquecido da sua posiçao face à Lei Fundamental do país
Mas o silêncio sobre cavaco e sobre a cavacal figura é por demais elucidativo. Útil será lembrar os tempos em que cavaco depõs na polícia política do regime.
Tudo aconteceu em 1967, tinha o Presidente da República 28 anos.
A ficha preenchida pela mão do actual presidente da república, serve para confirmar a idoneidade de Cavaco Silva. Quando instado a declarar a sua posição e actividades políticas, o jovem Aníbal escreve que está integrado no actual regime político e que não exerce qualquer actividade política.
Mas há mais. Cavaco não registe a ser delator, algo que pelos vistos faz sossegar os espiritos que conclamam pelo consenso.
Da delação?
Cavaco Silva assina a ficha da PIDE e no capítulo das observações escreve sobre a situação marital do sogro. Diz o jovem Cavaco que o sogro é casado em segundas núpcias com Maria Mendes Vieira, com quem reside e com quem o declarante, o próprio cavaco silva, não priva.
Uma informação importantíssima , como se pode ver.Mas que confirma que género de coisa é este cavaco e para que servem os discursos à União Nacioal desta medíocre figurinha
De
daniel ferreira está equivocado.
ResponderEliminarNão,não me refiro aos seus considerandos à chinesa, nem aos seus comentários sui generis sobre a situação plítica portuguesa, que perdoe-se a conclusão nem merecem ( de momento) mais do que o silêncio de certa forma gozão.
Ainda um dia há-de ter a oportunidade de ler a prolixa literatura sobre a legitimidade de quem mente para atingir o poder. Mas depois falaremos de tal sem ser da forma leviana e trôpega como daniel ferreira o faz.
Onde então ferreira está equivocado, mostrnado ou a má fé ou ignorância ( ou ambas)?
"A restante esquerda foi-se com a derrocada"
Dois comentários breves de dois locis generalistas que pelo menos ferreira deve ler de vez em quando :
http://www.publico.pt/politica/noticia/vencedores-e-vencidos-das-eleicoes-autarquicas-1607573#/0
http://portocanal.sapo.pt/um_video/28Q4Blzlhu0E83lJM169/
O confundir desejos com a realidade geralente dá lugar a tristes figuras.
Infelizmente estas não ficam por aqui.
Já lá iremos.
De
Para que se registe, não é "registe", mas sim "resiste" aí no meu comentário de 8 de Outubro de 2014 às 00:07-
ResponderEliminarDe
O aborto argumentativo é equiparável à obscenidade soez, insulta a inteligência do próximo e define o carácter de quem o pratica.
ResponderEliminar"O aborto argumentativo é equiparável à obscenidade soez, insulta a inteligência do próximo e define o carácter de quem o pratica"
ResponderEliminarPor5 isso já nem me detenho muito com os argumentos de cavaco ou de passos ou de portas ...em geral os da horda neoliberal
De