segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Sem tabus
O nome disto pode ser desprivatização, socialização, popularização, comunitarização, nacionalização… Pode ser até nacionalização boa. Mas as esquerdas não podem ficar reféns de tabus.
Sandra Monteiro, O tabu da nacionalização, Le Monde diplomatique - edição portuguesa, Setembro de 2014.
Apesar do atraso, creio que vale a pena chamar a atenção para o número deste mês. Destaco dois artigos entre muitos com interesse. Em primeiro lugar, o artigo de Eugénia Pires sobre o caso BES. O seu título é todo um programa para ir à raiz do problema e da sua solução: “O caso BES: agência, estrutura e luta de classes”. Em conjunto com o artigo do Nuno Teles do mês passado, foi o melhor que eu li sobre o assunto. Em segundo lugar, o Mdiplo deste mês traduz um artigo do economista francês Frédéric Lordon que ataca outro dos tabus que a esquerda que não quer desaparecer tem de enfrentar (ou não será o mesmo tabu, já que é de nacional-ização que falamos tantas vezes?):
“Correndo o risco de melindrar as sensibilidades dos quadros alterglobalistas, bilingues ou trilingues, habituados às viagens e levados a pensar que as suas capacidades são universalmente partilhadas, a acção internacional, que é absolutamente possível, e até absolutamente desejável, não poderá ter a mesma densidade e, por isso, a mesma extensão nem o mesmo impacto, que a acção em primeiro lugar nacional. A qual não exclui certamente, pelo contrário, as virtudes complementares do contágio e do reforço da emulação transfronteiriça. Não se formará, portanto, uma esquerda – de imediato pós-nacional. Formar-se-ão esquerdas, localmente enraizadas e contudo muito desejosas de falar umas com as outras e de se ajudarem.”
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