Mario Draghi anunciou recentemente um novo corte nas taxas de juro e um programa de compra de activos à banca (a banca vende empréstimos ao BCE na esperança que tal injecção de liquidez permita a concessão de novos empréstimos à restante economia). Com uma economia europeia a entrar novamente em recessão e em deflação, o BCE faz simplesmente mais do mesmo. Enquanto se mantiverem as imposições do BCE no que toca às chamadas reformas estruturais (liberalização do mercado de trabalho e privatizações) e uma posição em relação à austeridade que, embora mais ambígua no que toca a países como a Alemanha, se mantém para os países do Sul, não se percebe como é que esta injecção de liquidez (1 bilião de euros?) irá ter qualquer efeito na economia real. Numa economia estagnada onde as oportunidades de investimento escasseiam, não há, pura e simplesmente, procura de crédito.
Pelo contrário, parece claro que esta política monetária "laxista" tem um único objectivo: subsidiar e preservar o sector financeiro, enquanto se processa uma profunda redistribuição regressiva de rendimento com as ditas "reformas estruturais". Não é coincidência que este novo financiamento bancário seja anunciado quando os empréstimos de longo-prazo concedidos há três anos estejam agora a vencer. Mais, também não será coincidência que o BCE promova o fim da austeridade na Alemanha no momento em que este país anuncia que não emitirá dívida no próximo ano. Estas obrigações são parte da coluna vertebral dos mercados financeiros. A sua escassez coloca-os sob pressão.
A política monetária expansionista pode ser muito eficaz em casos de crise aguda e repentina, mas no longo prazo só se consegue recuperar uma economia com política orçamental e industrial. Claro está, que estas tendem a fortalecer a posição do trabalho na economia. E esse não é claramente o objectivo. A norte nada de novo.
Podem explicar-me como pode fortalecer-se a posição do trabalho na Europa num mundo globalizado em que o capital se acumula em regiões que concorrem com mão-de-obra barata e sem direitos?
ResponderEliminarA falta de oportunidades de investimento resolve-se com o investimento público ou subsídios à economia de Estados afogados em dívida?
'Tal dinheirinho, tal servicinho' é regra bem conhecida.
ResponderEliminarJunte-se-lhe concorrência concessionando o mesmo serviço a clínicas médicas, e preço baixa...
Se no que se diz ser o comércio mais antigo no mundo se utiliza essa máxima, fico certo da sua universal aplicação!
ResponderEliminarExpressão que não uso e que me repugna um pouco diga-se de passagem
ResponderEliminarMas cada um tem o seu vocabulário próprio e as suas máximas utilitárias.
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