quarta-feira, 3 de setembro de 2014
Imperativo
O lançamento deste livro na FNAC do Chiado, em Lisboa, amanhã pelas 18h30m, é um bom pretexto para voltar ao ISEG do final da década de noventa. Por iniciativa, entre outros, do Ricardo Paes Mamede realizou-se aí um exercício referendário ao euro. Em contraste com um país dominado pelo senso comum do europeísmo feliz de um bloco central agradecido, os debates, envolvendo professores e alunos, foram intensos. João Ferreira do Amaral liderava o não ao euro entre os professores. Francisco Louçã, em linha com esta tomada de posição da esquerda que se pode e deve unir ainda hoje, também apoiava esta posição. Não eram muitos mais. No final, perdemos, claro, obtendo cerca de um quarto dos votos.
Entretanto, já com o euro instituído, muitos pensámos que o melhor seria tentar criar à escala europeia o tal projecto euro-keynesiano como melhor alternativa ao neoliberalismo aí instituído. Estávamos razoavelmente certos no diagnóstico, mas errados na prescrição por razões que aqui sintetizei. João Ferreira do Amaral ou o PCP fizeram bem em persistir numa linha justa. Quando se está errado, muda-se de posição. Foi também o que fizemos há já alguns anos. E somos cada vez mais por este país.
É por esta e por outras que este livro, ao também colocar em cima da mesa um “imperativo nacional” para recuperar a soberania democrática e os instrumentos que lhe dão densidade material – reestruturação da dívida, controlo de capitais, controlo público do crédito ou política cambial –, pode ser tão importante. Uso o pode apenas porque obviamente ainda não o li. Quando o tiver feito, tenho a certeza que usarei o é por aqui.
Ou as condições amadurecem para uma "revolução da dívida" porque a violência da moeda se tornou insustentável e abre-se uma via e um programa revolucionários impossíveis de antecipar nos moldes em que os autores o fazem a partir de uma realidade imaginada- ou o reformismo monetário sai vitoriosoe a estratégia do "escudo novo" vale mais pelo seu valor facial do que o seu valor intrínseco - como a moeda é uma relação social o seu contributo para um novo consenso monetário dependerá mais da relação de forças do que da bondade dos argumentos "económicos" e isto parece-me tanto mais verdadeiro quanto mais restringirmos o espaço a que a moeda se aplica.
ResponderEliminarpermita-me partilhar um ecxerto de um livro "O Economista Insurgente: “O que aconteceria se saíssemos do Euro?”"
ResponderEliminarMuito resumidamente: "a situação de Portugal após a saída da união monetária não seria a mesma do que se nunca tivesse entrado."
Estou a ler o livro.
ResponderEliminarParece um conto de fadas, de tão manifestamente irrealista e irrealizável é o cenário que trata. E os autores praticamente o reconhecem!
Olá João!
ResponderEliminarComo não tenho o teu contacto pessoal e gostava de esclarecer uma ou duas questões, podes facultar o teu "mail" e/ou telefone?
Um abraço
Aleixo