quarta-feira, 11 de junho de 2014
Pedalada
Pedro Nuno Santos na sua crónica semanal no i: “Contestar a tese do despesismo como causa da crise não era defender José Sócrates, era defender a verdade.” Nem mais. É bem verdade que não se pode falar de despesismo público e privado como causa da crise. Por exemplo, a evolução da procura interna portuguesa foi a que esteve, até à crise internacional e na UE, mais próxima da perversa contenção registada na Alemanha e o peso da nossa dívida pública, em percentagem do PIB, também não se afastou nesse período dessa referência da prudência no discurso moralista. O nosso problema foi e é outro, como o Alexandre Abreu sublinha na sua crónica, também à quarta-feira, no Expresso: o crescimento da dívida externa num contexto de estagnação económica, sendo esta rara coexistência a máxima expressão de uma integração económica e monetária que não serviu o muito invocado e sempre disputado interesse nacional.
«o crescimento da dívida externa num contexto de estagnação económica, sendo esta rara coexistência...»
ResponderEliminarQue raridade é esta?
Tenho juros, vencem-se dívidas mantidas ocultas, mantenho despesas superiores a receitas, como pode não crescer a dívida?
Está a falar-se de dívida externa, privada e pública... O que é que isso tem a ver com despesismo do estado como causa central?
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Caro João Rodrigues,
ResponderEliminarTal como eu vive e trabalha em Coimbra. Presumo por isso que já teve oportunidade de ver o novo viaduto do Cabouco/Ceira (http://www.asbeiras.pt/2013/09/ic3-em-ceira-fica-concluido-em-meio-ano/) quando entra em Coimbra vindo de Condeixa.
Todos os dias centenas de pessoas que entram em Coimbra desse sentido vêem esse viaduto e questionam-se como foi possível desperdiçar tanto dinheiro numa obra de tal envergadura sem qualquer sentido.
Todos os dias esse viaduto (outros exemplos há pelo país fora) faz mais pelo enraizamento da ideia do despesismo do governo anterior do que qualquer discurso da direita ou ausência de discurso do PS.
E não há qualquer racionalização que contrarie essa visão do concreto, do desperdício de recursos (e consequente endividamento) que caracterizaram os últimos anos do último governo.
Existe boa e má despesa pública. Muitas obras "faraónicas" que em bom rigor não passariam o crivo da proporcionalidade na sua vertente da necessidade, proporcionalidade que a Lei fundamental e legislação aplicável impõe nos gastos públicos a suportar pelos cidadãos contribuintes. Provavelmente o exemplo será um deles, e sendo assim, compreendo a posição anterior. Mas para além de se poder discutir a necessidade destas obras (certamente alicerçada em pareceres técnicos de entes privados, serviços que no seu todo custam ao Estado anualmente entre 500 e 1000 milhões de euros - eis 1 gordura típica do Estado que ñ é tocada!) e respetivas despesas, a verdade é que, a juzante, há outras despesas faraónicas relativas a estas obras e estabelecidas nas PPP's (as famosas rendas excessivas) q também ñ são beslicadas e é nisso que o PS se deveria concentrar e ser muito claro sobre como proceder...
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