terça-feira, 27 de maio de 2014
Em estado de negação
«Sentado numa sala, a ouvir as reacções aos resultados das eleições para o Parlamento Europeu, parece-me que os altos funcionários da UE estão em profunda negação. Barroso limitou-se a declarar que o euro nada tinha nada que ver com a crise, que tudo não passou do falhanço das políticas a nível nacional. E, há poucos minutos, acrescentou que o problema da Europa é a falta de vontade política.
Isto é absolutamente extraordinário, no pior dos sentidos.
Eu peço desculpa, mas estes níveis de escalada da recessão nunca ocorreram na Europa antes do euro. Nós sabemos muito bem o que aconteceu: desde logo, a criação do euro estimulou fluxos massivos de capitais para o Sul da Europa. E entretanto a torneira secou – pelo que a supressão das moedas nacionais significou que os países devedores tiveram que passar por um processo extremamente doloroso de deflação. Como é que alguém pode dizer que a moeda não teve nenhum papel na crise...
E se há coisa que a Europa teve foi vontade política. Em toda a periferia europeia do Sul, os governos têm aceite obedientemente a austeridade duríssima que lhes foi imposta, em nome de serem bons europeus. O que é que eles deveriam ter feito que não fizeram?
Parece-me que a ideia é a de que se os gregos, os portugueses, ou os espanhóis, se tivessem verdadeiramente comprometido com os desejos dos todo-poderosos, de implementação de reformas e adaptações, então as suas economias iriam crescer, apesar da deflação e da austeridade. Isto é, não parece estar a ser colocada a hipótese de que as coisas estão a correr mal – com estes radicais investidos no poder – por causa de políticas erradas.»
Paul Krugman, European Green Lanterns
«...a criação do euro estimulou fluxos massivos de capitais para o Sul da Europa»!
ResponderEliminarOs coitados foram invadidos pelo euro?
Encheram-lhe os bolsos de euros?
Pior, afectaram-lhe as menninges, ficaram delirantes: fizeram casas, estradas, ferrovias, hospitais; criaram mordomias e promoveram a ascensão social de cretinos, distribuíram direitos irreversíveis a granel!
Tudo derivado da invasão do euro, essa arma insidiosa e malévola dos países do Norte!
Peço muita desculpa, inflação e deflaçãoé só um 'c'...
ResponderEliminarIncha, desincha, infla, desinfla, é tudo.
Caro Albino, muito obrigado pelo reparo. Os erros foram já corrigidos.
ResponderEliminar" euro, essa arma insidiosa e malévola dos países do Norte!"
ResponderEliminarA realidade passa de facto um pouco por aqui. E o seu reconhecimento é algo que de forma cada vez mais consistente se tem afirmado fora dos círculos amestrados da mensagem troikista
Aqueles cujas meeninges nunca estão afectadas, que nunca ficam delirantes, que gostam de apelidar quem não lhes segue os passos de cretinos e que gritam desta forma pesporrenta contra os "direitos irreversíveis"são o exemplo vivo do discurso das inevitabilidades em jeito de trauliteirismo à moda dos contrutores desta europa em estado de negação.
já tiveram melhores dias.Como até se percebe no tom agastado e despropositado
De
que nunca a voz lhe doa - quem fala assim não é gago!
ResponderEliminarQuando entramos para a moeda única foi como se nos tivessem entregue um bom carro com seguro e combustível para que pudessemos procurar um empregos para o sustentar. Acontece que andamos a passear mais, do que a procurar emprego e agora dizem-nos que se queremos dinheiro para andar com o carro temos mesmo de restringir os nosso passeios á procura do emprego senão ainda ficamos sem o carro.
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