1- Saíram hoje os números para a inflação na zona euro: 0,7%. Ou seja, a zona euro continua com níveis de
inflação bastante abaixo daquele que é o objectivo do BCE (quase 2%). O risco de deflação empurrará o BCE para nova descida da taxa de juro e a introdução de medidas ditas heterodoxas (compra de títulos de dívida no mercado secundário), o que facilitará a “saída limpa” de Portugal. Por outro lado, num país em efectiva deflação como Portugal, esta notícia mostra que não estará para breve um crescimento robusto da procura vinda da zona euro. Para não falar no efeito de crescimento real da dívida que uma taxa de inflação negativa produz.
2- Os dados de crescimento económico nos EUA, anunciados também hoje, ficaram muito abaixo do esperado. A economia norte-americana mal se mexeu no primeiro trimestre (0,1%). O dinamismo procura de fora da zona euro não parece, pois também, ser fonte de crescimento nacional no futuro próximo.
3- Os cenários negativos usados para avaliar a robustez em curso da banca europeia (stress tests) afinal não são assim tão negativos (mesmo quando comparados com os mesmos testes nos EUA). Este receio de encontrar problemas
nos balanços da banca europeia só mostra que, de facto, existem ainda muitos problemas na banca europeia… Continuamos com bancos zombie que servem de lastro à economia europeia. Aliada à deflação, esta situação parece uma repetição do
Japão nos anos noventa.
4- O DEO a ser hoje apresentado, embora inscrevendo o que era corte temporário como permanente, aparentemente não irá aprofundar os cortes muito mais do que o já foi feito (as intenções de cortes no funcionamento de serviços normalmente não passam disso mesmo). A estabilização em curso da economia nacional poderá assim continuar no futuro. Uma
economia estabilizada, com um enorme serviço de dívida anual, 16% de desemprego, serviços públicos degradados e aumento da pobreza e desigualdades. Novo normal.
No âmbito da Zona Euro há uma recessão económica em progressão, e em Portugal a situação económica e social é cada vez mais grave podendo originar uma degradação acelerada do aparelho de Estado.
ResponderEliminarPortugal não pode esperar muito crescimento da procura vindo da zona Euro nem dos EUA. É verdade. Mas, de facto, onde Portugal se tem superado tem sido na conquista de mercados fora daí: em países como a Argélia, Angola, Rússia, China, Colômbia, etc. Esses são os países onde, natiralmente, as expostações portuguesas têm crescido, porque são essesm de facto, os países que crescem.
ResponderEliminarÉ normal: a economia portuguesa é, em grande medida, como um barco arrastado por um rio. E esse rio, que é o desenvolvimento económico que atualmente se verifica um pouco por todo o mundo menos desenvolvido, arrasta a economia portuguesa na boa direção. Mesmo sem excecionais ganhos de competitividade, as exportações portuguesas têm tendência a aumentar nos mercados emergentes.
Há algo de obscenamente obsceno (para não ir mas longe) no comentário do Luís Lavoura
ResponderEliminarSó mesmo alguém enfeudado à propaganda troikista/governamental pode falar em "Portugal se tem superado na conquista de novos mercados".
Quando se fala no "barco arrastado por um rio" a propósito da economia portuguesa, apetece perguntar se quem vai ao leme é a merkel ou algum dos seus súbditos. Ou se a o arrastamento da economia portuguesa na boa direcção tendo como base as exportações é apenas o desenrolar da propaganda de Portas ou se tem algum conteúdo realista para lá do slogan vazio.
Mas o próprio autor do comentário citado acaba por reconhecer a vacuidade das suas palavras.
Atentemos no hara-kiri do último parágrafo: Afinal mesmo "sem excepcionais" ganhos de produtividade ( mas o que é isto?uma reza dum ministro neoliberal?) o que se passa é uma tendência. Apenas isso.Uma tendência a "aumentar".
Lá se vai a "superação nacional" com que os nos governam,traidores aos interesses nacionais , gostam de recitar à boa maneira de outros tempos
De
"A divida pública na óptica de Maastritch que cresceu 30,8% em apenas 2 anos e 9 meses, atingindo no fim do ano de 2013 o correspondente a 129,4% do PIB terá de ser reduzida para apenas 60% num período de 20 anos como consta do artº 4º do " Tratado sobre a estabilidade, coordenação e governação da União Económica e Monetária", mais conhecido por Pacto Orçamental aprovado pelo PS, PSD e CDS na Assembleia da República por imposição da Alemanha. Isto significa que Portugal após a saída da "troika" está obrigado não só a pagar os juros da divida que correspondem a acerca de 4,5% do PIB por ano (cerca de 7.500 milhões € por ano, ou seja quase tanto quanto o Orçamento do Estado transfere para o SNS), mas também a reduzir a divida pública em cerca de 3 pontos percentuais por ano, o que corresponde a mais 5.000 milhões € por ano. Para além disso, está também obrigado, de acordo com a alínea b) do artº 3º do mesmo Pacto Orçamental, a reduzir o " défice estrutural a 0,5 % do produto interno bruto a preços de mercado ". E se não cumprir as obrigações do Tratado fica sujeito a penalizações, incluindo pecuniárias que podem atingir 0,1% do PIB (no caso português corresponde a 169 milhões €) conforme está estabelecido no artº 8º do mesmo Tratado. É evidente que estas imposições do Tratado Orçamental são um obstáculo que impedirão um crescimento não anémico da economia e o desenvolvimento do país durante dezenas de anos. Afirmar que Portugal fará uma "saída limpa", procurando assim criar a ideia que a situação futura será muito diferente da actual é mentir e manipular a opinião pública, se aquele garrote se mantiver.
ResponderEliminarEugénio Rosa
Daqui:
http://resistir.info/e_rosa/saida_nao_limpa_28abr14.html
De
É necessário fazer uma analise cuidada das exportações para não sermos influenciados por situações de propaganda política.
ResponderEliminar