quarta-feira, 5 de março de 2014

Pedro Lomba e as recessões

«O país tem hoje na recessão demográfica e na recessão migratória a representação de um dos seus maiores desequilíbrios, consequência da crise de estagnação económica e social que nos conduziu ao pedido de ajuda externa. (...) A realidade crua e nua da estagnação afastou a imigração do país, ao mesmo tempo que levou muitos portugueses a emigrar para o exterior.»

Num dispensável exercício de hipocrisia política e esperteza saloia, o secretário de Estado adjunto Pedro Lomba ofereceu aos leitores do Público, na passada sexta-feira, uma crónica que envergonha a sua própria inteligência. O truque é simples: faz-se uma amálgama entre «a série de défices estruturais» que «Portugal acumulou (...) na última década» (défice externo, défice orçamental, défice de crescimento e economia) para, de uma penada, justificar a «recessão demográfica» e a «recessão migratória» em que o país se encontra.

Esqueçam pois as falências em catadupa de empresas desde 2011 e a destruição massiva de emprego (menos 320 mil postos de trabalho) nos últimos dois anos; esqueçam os impactos dos cortes nos rendimentos e no Estado Social e os aumentos vertiginosos nos preços de bens e serviços essenciais. Esqueçam a quebra histórica do saldo de crescimento natural verificada em 2012 (défice de 18 mil nascimentos) e o recorde negativo (menos 37 mil) alcançado pelo saldo migratório nesse mesmo ano (não existem ainda dados para 2013). Esqueçam as exortações do governo para que professores, jovens desempregados e classe média em geral saíssem da sua «zona de conforto» e assumissem «uma visão mais cosmopolita do mundo». E esqueçam também que a crise de 2008 foi causada pelos desmandos do sistema bancário e financeiro à escala internacional, tendo sido oportunamente convertida em «crise das dívidas soberanas», a poderosa chave para impor as políticas de austeridade e a agenda ideológica do governo que Pedro Lomba integra, com os resultados que se conhecem. Em suma, esqueçam os últimos dois anos e meio e convençam-se, de uma vez por todas, que estamos apenas perante os frutos de uma «estagnação económica e social» que, «na última década (...), nos conduziu ao pedido de ajuda externa», como assinala o secretário de Estado adjunto.

Só é pena que, querendo encarar a sério o problema da «estagnação económica e social» (responsável pela «herança [do] desequilíbrio das contas públicas e da economia»), Pedro Lomba não tenha começado por se interrogar acerca do papel, nesse processo, da integração de Portugal na zona euro. Mas não, é muito mais fácil fazer a «amálgama das recessões» para suportar uma outra amálgama: a que pretende associar a imigração qualificada à contenção da emigração, a ideia absurda com que o secretário de Estado adjunto se prepara para dar a machadada final a um período de excelência em matéria de políticas de imigração.

7 comentários:

  1. Como é possível, esta cambada de GABIRUS chegar ao poder?!

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  2. De Pedro Lomba nada se pode esperar a não ser os disparates do costume.
    Mais cedo ou mais tarde ele e o seu querido PM irão desaparecer submersos na sua imensa insignificância.
    Os gabirus não poderão continuar a mandar neste país.

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  3. estes no poder por muito que me custe representam e bem o português puro e duro! invejoso, mesquinho trapaceiro, sempre com a razão toda mesmo do alto da sua ignorância e contra todas as evidencias( conheço muitos que neles votaram estão a ser roubados e continuam a achar que fizeram o melhor e tornariam a faze-lo )representam o culto do Bigbrother do correio da manha da fofoquice e do mal dizer da aparência pateta da moda, do deslumbre e bajulação por estrangeiros enquanto ridicularizam o vizinho que caiu em desgraça, representam o culto da exibição dos teleles ultima tecnologia, a berraria por o clube perder, sabem os nomes de todos os jogadores mas confundem o isaltino com socrates e muito mais merdas que nem consigo escrever direito. enfim um autentico nojo

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  4. Na Alemanha, há uns anitos intoxicados pela manipulação também votaram no Hitler e depois foi o que se sabe.!
    Aqui com os FDGP do governo, do PSD e do CDS aconteceu o mesmo. De facto, foi graças á Mentira, ao embuste e á manipulação que o FDGP( filho duma grande Portuguesa)do P.Coelho ganhou as eleições.
    De todo o modo pelos vistos os Portugueses ainda não aprenderam que políticos como estes sujeitos, o tal P.Coelho e o tal Portas e quem os acompanha nesta febre destruidora do país não prestam.

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  5. A integração europeia não implicava salários e regalias iguais à média europeia, foram medidas de política e de mobilização de opinião que propuseram esse curso.
    A adesão à CEE não deixou de contabilizar uma balança de pagamentos correntes em défice crónico.
    A adesão à CEE não obrigou a aí votar em permanência contra os interesses do país, mas esse foi o preço da mama de subsídios!!!

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  6. Respondendo -corroborando- ao anónimo das 03:01 eu diria mais, mesmo depois de estarem completamente derrotados e destruídos ainda atribuíam a culpa aos outros!

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