Este artigo do Público sobre a troika de credores oficiais
da Ucrânia (EU, EUA, FMI), por detrás do agora aprovado empréstimo de 28 mil
milhões de dólares parece uma má sequela do filme da história recente em
Portugal. Um novo governo atribui as culpas ao anterior e ameaçando com o
default soberano sobre a dívida, anuncia um acordo para um empréstimo oficial
que tem como contrapartida um duríssimo programa de austeridade. Ouvimos as
mesmas falaciosas metáforas “"Se o país fosse uma entidade comercial, já
estaríamos na bancarrota" e a mesma redenção pela crise "Uma garrafa
de vodka custava 32 hrivnias e vai custar 35.(…) Vocês deviam beber menos e
praticar mais exercício físico". Entretanto com um aumento do preço do gás
em 50%, mais impostos sobre o rendimento, aumento do IVA, os próximos tempos serão
negros para a economia e povo ucraniano. Nada de original para quem vive neste rectângulo
à beira mar plantado.
Que dizer ?
ResponderEliminarTalvez a conclusão mais importante, seja a que nós andamos meio-ucranianos.
Andamos a aprender pela nossa custa, quando devíamos ler, escrever, os casos anteriores a nós.
Se a troika (FMI + União Europeia + Banco Central Europeu) é recente....
O FMI alone não é.
Existe muita documentação sobre isto, mas geralmente os "seguidistas" chamam de extrema-esquerda ou equivalente a quem critica o FMI ou BM.
(isto levou infelizmente a que ultimamente a extrema-esquerda critique um bocado sozinha)
Para fugir a essas etiquetas, há outros autores, de que destaco o livro "Globalização" do Stiglitz.
Stiglitz trabalhou no Banco Mundial , e conheceu por dentro esses processos todos.
Ao contrário do que o titulo poderia deixar a supor, "Globalização" é sobre as politicas económicas que o FMI implementou pelo mundo, e os resultados obtidos - desastrosos.
Altamente recomendado. Nem podem acusar de falta de "academismo", sequer, visto que Stiglitz ganhou um Nobel ;)
repetem-se as coisas como se nada tivesse acontecido antes. Mas esta repetição mesma é uma prova de que nada acontece ao acaso. Prova de que se trata da aplicação coerente dum programa ideológico pré-determinado, com os mesmos objectivos, as mesmas desculpas, os mesmos compromissos. E o Povo, como normalmente acontece, é completamente manietado, manipulado, ordenado. O Povo parece estar de acordo com a estátua oriental dos três macacos: não vê, não ouve, não fala. O Povo não tem memória, ou redu-la a uma mera memória curta, das temporalidades rápidas que se esvanecem no instante seguinte. Será que também reduziu a Inteligência a uma mera operacionalidade curta e concreta dos instantes? Resta-me a questão lançada por Espinosa: porque é que o povo luta pela sua própria escravidão como se estivesse a lutar pela sua liberdade?
ResponderEliminarCarlos, as pessoas simples têm normalmente um sentido de justiça muito mais apurado do que os intelectuais, que procuram frequentemente racionalizar o Mal, para o encarar como um Bem. Ao actual curso político corresponde a uma institucionalização do Egoísmo e a sua transformação numa Virtude, chamem-lhe Empreendorismo, Austeridade, ou o que se quiser. Mas elas não são imunes ao sonho dos Escravos não em serem livres, mas em tornarem-se Senhores... A estratégia consiste por um lado na divisão do povo contra o povo, e por outro lado na criação de uma linguagem (uma novilíngua) que transforma uma coisa no seu contrário (flexiblização, colaborador, empregabilidade, ou ainda os exemplos acima) e que crie em cada um a ideia de que é verdadeiramente só ele/a o responsável pelo buraco em que se encontra. A atomização social que resulta disto tem igualmente o benefício de deixar cada um a pensar que é impotente. Por isso, a luta política tem que recomeçar pela reconquista da linguagem... Em Portugal, deveria começar pelo meio de comunicação que usa essa linguagem como veículo primordial, a Imprensa, sendo que não há hoje um título de grande circulação que se possa conotar com a Esquerda ou sequer com uma Direita preocupada com outra coisa que não seja o enriquecimento...
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