quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Quem é realista?

Graças ao sublinhado de Vítor Dias, tomei conhecimento dos interessantes dados do último Eurobarómetro, que também creio que passou desapercebido entre nós no final do ano passado. Mais de 40% dos que por aqui vivem não concorda com a UEM realmente existente, tendo por base um euro que destrói toda a possibilidade de cooperação europeia, apesar do, ou por causa do, consenso das elites que pensam em ajustamentos de vinte anos para os outros, o tal façam força que eu gemo tão típico em países socioeconomicamente fracturados. Quase 80% acha que a sua voz não conta na UE. E não conta mesmo.

É por estas e por outras que atirar para a escala europeia, para a mirífica reforma da arquitectura institucional do euro, as possibilidades do progresso tem como um dos principais efeitos perversos acentuar a sabedoria popular de que isto no fundo não depende de nós. Dado que as pessoas não são parvas, se isto não depender de nós, para quê incorrer nos custos da mobilização na única escala que está com realismo disponível e que é a nacional? Mais um contributo para a desmobilização. O optimismo da vontade não se pode desligar da análise concreta da situação concreta, já diziam os clássicos.

1 comentário:

  1. Este "nós" tem as costas muito largas e as pernas muito curtas. Porque é que a «sabedoria popular» passaria a ser menos sábia se concluísse que o «nós» com maiores possibilidades de superar a actual configuração política e económica Europeia é um «nós» correspondente à classe trabalhadora à escala europeia? Os teus raciocínios parece-me minados por essa falácia inicial.

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