As empresas vivem na "ditadura dos mercados". E o que é benéfico para os lucros das empresas nem sempre é benéfico para a sociedade. Grande parte do conhecimento científico tem de ser gerado em total liberdade de investigação, sem a pressão do lucro, sem a encomenda de resultados numa ou noutra particular direcção (...) Dadas as falhas de mercado inerentes à produção de conhecimento científico puro e a sua inegável importância para o desenvolvimento e bem-estar social, o financiamento através de bolsas individuais e para projectos é essencial, sendo os cortes preocupantes e um retrocesso na produção científica com consequências futuras presentemente incalculáveis. O governo aponta, porém, uma mudança de modelo de financiamento com enfoque num 'conhecimento lucrativo'. Este conhecimento, em conjunto com o conhecimento puro, faz todo o sentido em ser fomentado. No entanto, não faz sentido algum culpar os investigadores pela fraca produção de conhecimento aplicado ao mundo empresarial. Não são os investigadores que "vivem no conforto de estar longe das empresas e da vida real" mas sim a maioria das empresas que não consegue viver no desconforto de investir em investigação e desenvolvimento.
Sandra Maximiano, O saber não ocupa lugar, mas custa
Junto-me ao Nuno Serra com mais uns excertos de uma crónica sobre ciência e seus inimigos, desta vez da autoria da economista comportamental Sandra Maximiano no Negócios. Sublinho que a sua abordagem económica à ciência é absolutamente convencional pelo menos desde a década de sessenta, estou a pensar, por exemplo, no artigo de Kenneth Arrow de 1962, estando centrada na elástica ideia de falha de mercado da teoria económica neoclássica.
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