quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
C'est toujours la même histoire?
“Temos de produzir mais e melhor. É sobre a oferta que temos de agir. Ela depois cria a procura”. Quem disse isto? Jean-Baptiste Say ou um qualquer seguidor do economista político liberal francês que, certa ou erradamente, acabou por simbolizar muito daquilo que a macroeconomia keynesiana sensatamente rejeitou? Não necessariamente, já que foi François Hollande quem o disse, citado no Negócios, na sua apresentação de novas rondas de austeridade e de neoliberalização, versão francesa, a única política permitida pelo euro.
Na realidade, há trágicos elementos de repetição na história das renúncias da esquerda francesa e na história da integração europeia, criticamente analisada, que as duas estão articuladas. De facto, desde a viragem para austeridade de Mitterrand e do seu ministro das finanças, um tal de Jacques Delors, no início dos anos oitenta, rompendo com o programa comum transformador, até ao acto único, à liberalização financeira e ao euro que é a mesma história trágica da social-democracia francesa: todas as abdicações são em grande medida justificadas em nome da integração e dos seus tão construídos quanto cada vez mais sólidos constrangimentos.
É por estas e por outras que a integração europeia realmente existente, a expressão da globalização no continente, tem de ser vista, como aqui temos insistido, como a grande máquina de destruição do socialismo democrático europeu, dado que foi a grande máquina de destruição da soberania democrática. O mais extraordinário é que a social-democracia francesa foi uma das grandes construtoras da tal máquina, a que tem no euro o seu motor, de resto responsável pelo declínio relativo, do ponto de vista da sua indústria e da sua força política, de uma França a quem também não serve uma moeda com esta natureza.
Quantas mais derrotas, quantas mais renúncias, quantas mais aceitações dos termos dos supostos adversários serão necessárias?
Só mudam o figurino das notas
ResponderEliminarO PROBLEMA ESTÁ NO MODELO E FORMA DE DEMOCRACIA REPRESENTATIVA,
ResponderEliminarQUE AS DIRECÇÕES DE PARTIDOS
- QUE SE INTITULAM DE ESQUERDA -
PERSISTEM EM MANTER!
SE UM "CLIC"...MOVIMENTA MILHÕES!
...PORQUE NÃO PODE OPINAR??!!
E...VINCULAR!!!
Temos de agir sobre a oferta pois ela depois cria procura?
ResponderEliminarIsto é genial e da-nos um meio simples e barato de acabar com os bairros da lata.
Em vez de realojamentos e outras medidas caras, vamos é aumentar a oferta no bairro. Por exemplo, construir no meio do bairro uma mercearia gourmet.
Uma medida desta aumenta a oferta dentro do bairro da lata, aumento esse que vai estimular a oferta, i.e. o nível de vida dos habitantes do bairro
Caro Pais Mamede (e, provavelmente, caro S. Halimi): se, como julgo, se trata fundamentalmente do PS francês,porquê escrever «a esquerda francesa» ?
ResponderEliminarQualquer coisa me faz suspeitar que quem tem poder para derrubar o sistema também tem poder para reerguê-lo, isto é, para refundá-lo; neste processo de destruição controlada, são poupados os alicerces para facilitar a construção do novo edifício a partir das ruínas. Assiste-se então, com alívio e assombro das populações, a um “milagre económico”, ao florescimento de um mundo “novo” cuja arquitectura copia, na verdade, o paradigma social dos princípios do século XX, isto é, uma sociedade pobre e sem direitos ao serviço de uma elite rica e sem obrigações.
ResponderEliminarmas esta Europa é uma renúncia do "Socialismo Democrático" ou trata-se da própria natureza desse mesmo "Socialismo"? da natureza própria desse "Democrático", dessa "Social-Democracia" que não passa dum Capitalismo encapotado!
ResponderEliminarCaro Vítor Dias,
ResponderEliminarsuponho que a pergunta fosse dirigida ao João Rodrigues e não a mim.
Sim, desculpe.
ResponderEliminarCaro Vítor Dias,
ResponderEliminarTem razão, claro. Devemos evitar termos que se prestem a generalizações neste contexto preciso.