quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Trabalhar
Os últimos dados do INE sobre o desemprego são uma notícia tão boa quanto absolutamente surpreendente: uma dinâmica trimestral destas só no final dos anos noventa, quando a economia crescia com pujança. Dois anos de destruição sem precedentes históricos de emprego foram interrompidos. A sazonalidade, a recuperação conjuntural da actividade económica, do género tudo o que cai
muito tem de subir alguma coisa, sobretudo se a lógica de aprofundamento da austeridade tiver sido de alguma forma política e temporariamente bloqueada, como aventa Pedro Lains, e o aguilhão da miséria sortiram efeitos em sectores que têm tido alguma dinâmica como o turismo e sobretudo a agricultura (foi aqui que se criou quase todo o emprego): emprego a tempo parcial, precário, mal pago, mas sem esquecer que pior do que ser explorado só mesmo não o ser, como dizia Joan Robinson, uma lógica tão verdadeira quanto implacável para muitos dos que trabalham em tempos de crise, em tempos de desemprego de massas. É claro que a austeridade continuará e o seu trabalho destrutivo também e por isso ainda é de duvidar que a tendência pesada, veja-se a variação face ao segundo trimestre do ano passado (taxa de desemprego de 15,8%), tenha sido a prazo revertida. De resto, o lastro no mundo do trabalho desta desvalorização interna será bem pesado.
João,
ResponderEliminarNão questionas o aumento de cerca 44 mil empregos na agricultura? Um aumento de mais de 10% do emprego agrícola num único trimestre, localizado em duas regiões (Norte e Centro)? Aliás, se compararmos com o mesmo trimestre dos anos anteriores percebemos que este crescimento não é sazonal, pois nos anos anteirores o crescimento (menor) verificado no inquérito não se concentrou nestas duas regiões.
Estaremos perante um fenómeno económico de crescimento da atividade agrícola? Vamos ver o que virá refletido nas contas nacionais, em 6 de Setembro. Mas, pela minha parte, não afastaria a possibilidade de estarmos perante um enviezamento no inquérito (o que não seria inédito) ou um reflexo das alterações tributárias na agricultura com o registo (desnecessário, mas perante a desinfomração e o medo...) de muitos pequenos agricultores, muitos deles já refomados, assim como de filhos de agricultores (também já reformados que com o receio de perderem as respetivas pensões abriram a atividade dos filhos nas finanças).
De qualquer forma, parece-me que o INE deve explicar muito bem o que aconteceu, pois parece-me uma alteração estatística muito brusca e com pouca aderência à realidade (pelo menos à primeira vista).
Quem me dera que estar redondamente errado...
"pior do que ser explorado só mesmo não o ser, como dizia Joan Robinson, uma lógica tão verdadeira quanto implacável "
ResponderEliminarBom, com esta argumentação não tarda muito ressuscitamos a escravatura.... primeiro não há escravos no desemprego, depois o patrão tem todo o interesse em dar cuidados de saúde ao escravo pois se ele morre perde uma data de dinheiro, etc.