«- Ó nosso soldado Lucas, tu que tens a mania que és o rei do Arquipélago das Berlengas, tens que pensar num acto heróico, que nos leve à salvação, com a graça de Deus. (...) - Meu Cabo, meu Cabo... Já pensei no acto heróico. Vou a nadar até à caravela do Almirante Ilbarra para negociar com o inimigo. Talvez eles nos vendam a pólvora. - E vê se consegues algum desconto... Compras a pólvora toda que tiverem a bordo. O Almirante Ilbarra é um venal. (...) E agora nada, nada... Se conseguires a nossa salvação dou-te a independência das Berlengas, das Estelas e dos Farilhões.»
«O Rei das Berlengas» (Artur Semedo, 1981)
Por mais que as fontes de Belém tenham tido o cuidado de frisar que a visita de Cavaco Silva às Ilhas Selvagens não tem, como as anteriores missões presidenciais, o significado «de reafirmação da soberania nacional», é quase impossível não lembrar, nos dias que correm, o filme de Artur Semedo. Mas aponte-se, pelo menos, a trágica coerência do obstinado e subserviente bom aluno, um dos guardiões mais empenhados em prosseguir (e levar irresponsavelmente até ao fim) o memorando do empobrecimento, apesar de toda a devastação económica, social (e política) que já causou, ao longo dos últimos dois anos.
É muito bem achado este boneco!
ResponderEliminarComo vem a próposito desta vergonhosa palhaçada protgonizada pelo "manequim da rua dos fanqueiros"!
Grande filme!
ResponderEliminarA atmosfera surreal que me faz lembrar, por vezes, David Lynch.
E curioso que, em todas as cenas mais sexuais, a mulher, entendida como género feminino, surgia sempre em posições de domínio, ou seja, por cima. Para mim é uma grande chapada de luva branca ao Estado Novo. E das mensagens subliminares que consegui "apanhar". Delicioso!