Que o segundo resgate haveria de vir, já ninguém tinha duvidas, há muito tempo. Gaspar terá sido o primeiro a pôr-se a salvo, bem informado que estava. Enquanto se preparam os detalhes nos bastidores, a coligação renovada tenta jogar a carta do
crescimento e emprego como se alguém acreditasse que a Troika irá permitir uma real política de relançamento da economia.
Mas diz que não é a Troika. Será talvez a Bika, e dizem que é mais mansa...
O FMI distanciou-se dos programas europeus por várias razões: primeiro porque de facto envolvem muito dinheiro, muito mais do que os
programas de destruição (chamem-lhe ajustamento) dos países em vias de desenvolvimento, a que estava habituado. Depois porque, ao contrário desses países, os países europeus, serão talvez os únicos com força suficiente para pôr em causa os reembolsos ao FMI. Por outro lado, já nem o FMI tem o discurso austeritário europeu. Há poucas semanas Lagarde referia-se aos cortes orçamentais nos Estados Unidos como feridas orçamentais (“fiscal wounds”) que punham em risco a economia mundial. Nesse discurso Lagarde alertava também para a necessidade de se aumentarem os tetos de dívida dos EUA, discurso totalmente incompatível com a ortodoxia europeia (e com as politicas efetivamente aplicadas
pelo FMI, diga-se de passagem).
Numa Troika em que o FMI é o policia bom de serviço, alguma coisa está definitivamente mal. A Bika do BCE e da Comissão Europeia não vai
ser melhor.
Serão uma vez mais instituições europeias pouco democráticas a controlar os programas, subjugando os países periféricos às decisões de um
centro que apenas as tornará os programas mais amigos do emprego se decidir que isso será o melhor para as suas próprias economias. Mas nunca largará a destruição dos serviços públicos, nem a privatização dos bens comuns ou a estratégia de fazer do trabalho a principal almofada do ajustamento com a precariedade e a descida dos salários como fatores de competitividade.
Não há exportação de pastel de nata que faça desta Bika um bom remédio.
Na questao da "democracidade" da CE, seria bom relembrar que a comissao nao é nomeada sem aprovamento do Parlamento Europeu. Assim cada voto num partido austeritário (assumido ou camuflado) para o ano é um voto na Bika curta...
ResponderEliminarO FMI distanciou-se dos programas europeus por várias razões
ResponderEliminarUma das razões, que não é referida, é que a missão do FMI é, e sempre foi, ajudar países com dificuldades na balança de pagamentos, ou seja, com desequilíbrios externos. Ora, a Zona Euro não tem qualquer desequilíbrio externo. E Portugal também já não tem. O problema de Portugal é uma economia anémica e um Estado demasiadamente gastador, mas esses não são problemas que estejam no âmbito da missão do FMI.
O FMI distanciou-se dos programas europeus por várias razões
ResponderEliminarUma das razões, que não é referida, é que a missão do FMI é, e sempre foi, ajudar países com dificuldades na balança de pagamentos, ou seja, com desequilíbrios externos. Ora, a Zona Euro não tem qualquer desequilíbrio externo. E Portugal também já não tem. O problema de Portugal é uma economia anémica e um Estado demasiadamente gastador, mas esses não são problemas que estejam no âmbito da missão do FMI.
E porém o segundo resgate vai ser outro, espera-se, muito mais manso, auspicioso, dado ao tempo e juros de um país roubado, assaltado, como a exigir clemência .
ResponderEliminarA primeira observação a fazer é que em boa medida o FMI foi “ressuscitado” por todo este processo dos chamados "resgates" do PIGS, de há 2 ou 3 anos a esta parte. Os países da OCDE no seu conjunto não são credores da economia mundial, por isso os países em desenvolvimento podem explicitamente dispensar qualquer "ajuda" seja do FMI ou do BM.
ResponderEliminarEm segundo lugar, sim, Portugal deixou de ter défice de contas externas (por isso um dos pretextos para o FMI realmente desaparece), mas graças ao facto de opção ter sido a "desvalorização interna", em vez da desvalorização cambial (esconjurada e arrenegada através de repetidos abrenúncios pela "classe política" portuguesa, de Paulo Portas a Francisco Louçã), o equilíbrio deu-se a um nível muito reduzido de PIB, em vez de a um nível aumentado: conquista da disciplina salarial, para “les uns”, corajoso cumprimento de dever internacionalista, para “les autres”…
A economia portuguesa ficou assim muito mais "anémica" do que já estava antes, e o Estado tornou-se menos "gastador", mas não menos deficitário: pois é, bebé, quando se lixa completamente a economia à nossa volta (com cortes nos gastos públicos e aumentos de impostos), depois não nos podemos queixar por não conseguir obter receitas fiscais.
Ah, mas lá "disciplinar" os salários, isso conseguimos, sem dúvida; e "emagrecer o Estado" também, embora tenha ido embora muito músculo e muita fibra no processo de “emagrecimento”; e, quem sabe, talvez os deuses do Olimpo internacionalista aceitem, graças a tudo isto, a ascensão dos dirigentes do BE ao panteão…
Diz que o "programa de destruição" resultou na Islândia....
ResponderEliminar"Diz que o "programa de destruição" resultou na Islândia...."
ResponderEliminarA Islandia recusou pagar a divida que tinha com o exterior, desvalorizou a moeda em grande, impos controlos sobre movimento de capitais, restruturou o sistema bancario (nao foi so uma recapitalizacao) e processou criminalmente banqueiros.
1 - Destas medidas todas, quantas e que reconhece nos programas implementados na Europa Meridonial?
2 - Lembra-se do que e que malta como voce, caro anonimo, dizia em 2008/2009 acerca do que aconteceria a Islandia com o pacote de medidas acima referido?