«Este Governo é, e que ninguém tenha dúvidas agora e não use mais tarde a desculpa de não o saber, o governo do desemprego. O objectivo é o desemprego. Bem sei que é preciso usar um pouco de análise económica para se chegar a tal conclusão, mas também é verdade que ela pode ser percebida intuitivamente. Basta seguir os rastos. (...) Sendo assim, o Governo tem legitimidade para seguir este caminho? Não é necessário sufragar a opção do desemprego, que afecta dezenas de milhar de pessoas? E a quem se dirige esta pergunta? (...) Em última análise, a pergunta sobre a legitimidade do Governo deve ser dirigida ao Presidente da República e aos seus conselheiros (e com tanta ênfase - errada - na questão da participação no euro, até se adivinha quem estes são). O silêncio será um sim. Mas se calhar até vamos ter a voz - e um lugar praticamente garantido na História.»
Pedro Lains, Caiu a máscara. E agora, Sr. Presidente?
«Ontem, no primeiro dia útil após Passos Coelho ter apresentado um novo programa de austeridade, com mais impostos para os pensionistas e mais austeridade para a Função Pública, Vítor Gaspar voltou à carga e contratou seis bancos para ajudarem Portugal a vender dívida no mercado com uma maturidade a dez anos. (...) Para Gaspar a vitória é o regresso aos mercados. O resto são danos colaterais. Numa altura em que o discurso do crescimento faz caminho na Europa, Vítor Gaspar continua a jogar o jogo da austeridade. E tal como um autómato, só vai parar quando Passos Coelho ou Schaeuble lhe desligarem o botão da austeridade. Conseguido o regresso aos mercados, é altura de Passos Coelho mandar a máquina de Gaspar para a sucata. Tem um defeito de fabrico: produz austeridade, mas não gera crescimento.»
Pedro Sousa Carvalho, Vitor Gaspar inventou uma máquina que transforma o sofrimento em dinheiro
«Acontece que, para os portugueses, o "sucesso" de Vítor Gaspar é sinónimo de mais um garrote. Porque já se sabe quem vai pagar o empréstimo e os juros usurários que nos cobram: os velhos, através das reduções nas pensões; os funcionários públicos, com a chantagem da mobilidade; os desempregados, com subsídios sucessivamente cortados; e todos os cidadãos que ainda conseguem manter o emprego ou gerar riqueza, sobrecarregados com impostos. Segundo o PSD, chama-se a isto dar "sentido útil aos sacrifícios".»
Rafael Barbosa, Quem paga o «sucesso» de Gaspar?
«Não há nada como o hábito e como o sentimento de impotência para que se aceite tudo. Não há nada como a ecologia envolvente para se achar tudo normal. O resvalar contínuo para a mediocridade, o abaixamento dos requisitos mínimos, que antes juraríamos nunca aceitar. Que eram mesmo inimagináveis. Não, meus amigos, é na cozinha que está o chá, que estão as chávenas, que está o açúcar. É na cozinha. O que é que querem mais? Qualidade no serviço? Isso não é aqui. Nem no Hotel Rossya, do outro lado.»
José Pacheco Pereira, Pobre país
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