quarta-feira, 10 de abril de 2013
Pedalada
Recupero as entrevistas feitas ao Jorge Bateira e ao João Galamba, entre outros economistas, pelo i:
Jorge Bateira, Economista:
O que deve o governo fazer face à decisão do TC? Imagino que vai seguir o guião do FMI e explorar todas as possibilidades de corte na despesa. O que imagino que se vá traduzir em despedimentos na função pública.
Onde é que é possível cortar para cobrir os 1,1 mil milhões de euros? O governo vai certamente fazer cortes em prestações sociais diversas. Confesso que fico com dúvidas sobre ir buscar o dinheiro que pretende, sobretudo tendo em conta que não é só compensar estas inconstitucionalidades, mas também seguir na linha dos cortes já previstos de 4 mil milhões. Na minha opinião, o governo está a entrar num caminho suicida e vai provocar um desastre nacional. Todos estes cortes vão induzir o agravamento da espiral recessiva, o que vai fazer com que o défice se reduza muito pouco e a dívida continue a aumentar. Estamos num buraco sem saída.
Está em causa a permanência de Portugal no euro? A permanência de Portugal no euro depende de uma só coisa: a capacidade do povo português suportar esta política. No dia em que o povo português explodir de revolta com esta política, o país sai do euro.
Estamos na iminência de um segundo resgate? Já estávamos antes. A espiral recessiva já nos estava a conduzir para a inevitabilidade do segundo resgate. Mesmo que o BCE pudesse ajudar nos mercados da dívida normal, isso não seria feito sem algumas condicionalidades.
O que deve o executivo dizer à troika? É normal que o governo tente explorar a possibilidade de alguma tolerância para o aumento do défice. Até usando a crise política para dizer: isto está muito mau, tenham lá alguma tolerância.
João Galamba, Economista e deputado do Partido Socialista:
O que deve o governo fazer face à decisão do TC? Eu penso que este governo e que o que qualquer governo deve fazer perante a inconstitucionalidade de algumas normas do orçamento seria usar o Acórdão para reforçar a posição negocial junto da troika. E o que o governo fez foi o contrário. O primeiro-ministro demonstrou que não está interessado em negociar com a troika e que a única coisa que faz é decretar guerra aos portugueses e ao Tribunal Constitucional. É um governo à margem da lei e que tem de cair quanto antes, em nome do regular funcionamento das instituições. Já há um precedente na Letónia em que o TC decretou a inconstitucionalidade de cortes nas pensões e o FMI aceitou as consequências financeiras dessa decisão.
Onde é que é possível cortar para cobrir os 1,1 mil milhões de euros? Em lado nenhum. O país não aguenta nem mais um euro de impostos nem mais um euro de corte na despesa. A única despesa que pode ser cortada é a despesa com juros pagos ao exterior.
Está em causa a permanência de Portugal no euro? Por causa do Acórdão do Tribunal constitucional não. Penso que a manutenção de vários países pode estar em causa se não houver alteração da actual orientação política da União Europeia.
Estamos na iminência de um segundo resgate? Essa é uma chantagem e uma mistificação: Se Portugal tiver o apoio dos seus parceiros internacionais não é necessário um segundo resgate, porque a nova modalidade de funcionamento do BCE é que um país poderá financiar-se nos mercados com ajuda do BCE, embora envolva a assinatura de uma espécie de Memorando.
O que deve o executivo dizer à troika? Devia ensaiar uma confrontação com a troika, mas este primeiro-ministro já anunciou que não quer isso.
Mas alguém tem dúvidas que o governo fez o orçamento com normas (dolosamente) inconstitucionais para que o TC isso mesmo declarasse e a partir daí fazer todo este teatro e levar a água ao seu moinho (fazer mais uma catrefa de cortes selvagens e levar o país á completa ruína).?
ResponderEliminarEu não tenho dúvidas nenhumas.
Neste particular, aliás, acho, ao contrário do que se tem dito, que o Governo é bastante competente, aliás,é extremamente competente.
É que o Governo, convem não esquecer, já destruiu tudo ou quase tudo que ainda restava das conquistas de Abril, e tudo isto em pouco mais de 2 anos. E quando chegar ao fim da legislatura, se ele lá chegar, então, se sobrevivermos, estaremos em pele e osso.
Por isso digam lá se ele é ou não é um governo competente a fazer aquilo que desde o inicio se propôs (enganando tudo e todos claro).?
Mas para obstar a esta destruição insana e criminosa perpretada por este Governo de maniacos ideológicos, também não percebo porque é que o PS não diz á troika, que podem dizer e fazer o que quiserem mas quando nós (PS)formos Governo, iremos desfazer tudo aquilo que miserável e criminosamente está a ser feito ao país e ao povo Português.
O António José Seguro que diga isso( e faça) e logo verá o que sobe na consideração dos portugueses que estão fartos de falinhas mansas com esta gente.
Para o PS desfazer o que o PSD, a TROIKA, e a crise fizeram, é necessário dinheiro, muito dinheiro, dinheiro que Portugal e os Portugueses não têm. É necessário uma nova política financeira na europa, com separação da banca de investimento da banca geral, com um maior controlo dos ditos mercados, é necessário uma política fiscal comum, um orçamento comum com um novo modelo de financiamento europeu, um novo modelo de distribuição industrial e produção distribuído para um bem social comum. Isto tudo para o PS português fazer sozinho será muito difícil, será preciso procurar apoios noutros governos europeus.
ResponderEliminarAnónimo 22,14:
ResponderEliminarSalvo o devido respeito, o que é preciso é que o PS se assuma finalmente como um verdadeiro Partido Socialista.
Caso isso sucedesse - isto é, se o PS rompesse clara e definitivamente com esta politica de miséria - não tenho qualquer dúvida que as coisas iriam melhorar para o país.
Por outro lado, se estamos á espera - sempre á espera - que a europa altere a sua politica, bem pudemos esperar sentados que isso não vai acontecer e iremos continuar a agonizar.
Se o PS não pode fazer nada sózinho e da europa nada de bom virá - de lá, aliás, como está á vista só vem miseria - então o melhor é sair-mos do euro.