quarta-feira, 17 de abril de 2013

Os erros da austeridade

 
Replicamos Reinhart e Rogoff (2010a e 2010b) e descobrimos que erros de código, exclusão selectiva de dados disponíveis e ponderação nada convencional de estatísticas disponíveis geraram erros sérios, levando a uma representação equivocada da relação entre dívida e crescimento do PIB em vinte países no período do pós-guerra. Quando calculada de forma apropriada, a taxa de crescimento para países com um rácio da dívida pública em relação ao PIB superior a 90% é, na realidade, de 2,2% e não de -0,1%, como foi publicado por Reinhart e Rogoff. Contrariamente a RR, a taxa média de crescimento do PIB com rácios de dívida/PIB acima de 90% não é significativamente diferente da que é registada com rácios de dívida/PIB inferiores. Também indicamos que a relação entre dívida pública e crescimento do PIB varia significativamente ao longo do tempo e de país para país. Globalmente, a evidência contraria a ideia, defendida por Reinhart e Rogoff, de que um importante facto estilizado havia sido identificado, segundo o qual um fardo da dívida superior a 90% do PIB reduz o PIB de forma consistente. 

Do internacionalmente badalado trabalho de Thomas Herndon, Michael Ash e Robert Pollin (minha tradução) que parece ter implodido o pilar empírico que restava em defesa da austeridade. O documento está disponível no sítio do Political Economy Research Institute, uma das melhores instituições que eu conheço nas áreas da economia política e da política económica críticas e que muito tem influenciado as pistas que temos seguido neste blogue ao longo dos últimos seis anos. Outra instituição universitária semelhante, nos EUA, é o Levy Economics Institute, onde Yeva Nersisyan e Randall Wray já tinham, com uma outra abordagem que aqui divulgámos, indicado que Reinhart e Rogoff, ao não distinguirem entre estados com soberania monetária e estados que dela abdicaram, tinham prestado um péssimo serviço à análise económica e à política económica.

1 comentário:

  1. Infelizmente esta notícia nao passa de um acto de Pilatos. O que sucedeu é que uma manada, sem qualquer pretensao de ofensa para o gado, de especialistas andava para aí a lutar contra o mundo o real. Na óptica de evoluçao da ciência, o que nao faltavam eram "corvos brancos", no entanto batia-se no peito a dizer que nao, que todos os corvos sao pretos.
    Vir agora dizer, "ah a tabela estava errada" é simplesmente uma desculpa patética. Havendo quem a coma...

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