A propósito do alargamento do prazo de pagamento dos empréstimos do FEEF e do MEEF, a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, na entrevista que deu ao “Jornal de Negócios”, à pergunta “Como explica que não estamos perante uma reestruturação da dívida ou um novo programa?” respondeu: “Na pureza técnica, é uma reestruturação. Mas como a expressão ‘restruturação’ passou a ter uma conotação negativa, que implica perda para o investidor, é importante salientar que não é disso que se trata.” É fácil perceber porque é que o alargamento dos prazos representa uma perda para o investidor. Os empréstimos do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) apresentam uma maturidade média de 14,6 anos, enquanto os do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeiro (MEEF) apresentam, em média, maturidades de 12,4 anos. Se viermos a obter prolongamento das maturidades para 30 anos, como conseguiu a Grécia, isso significará mais que duplicar as maturidades que tínhamos inicialmente contratualizado. É óbvio que este prolongamento representará perdas para os credores, que por via do efeito acumulado da inflação vão receber, em termos reais, menos que aquilo que emprestaram. É que, ao contrário do que muita gente pensa, o principal destes empréstimos é pago, na sua totalidade, no fim do prazo, e não ao longo tempo, como acontece com os comuns empréstimos à habitação.
Não é para evitar assustar os investidores que a secretária de Estado se recusa a falar em “reestruturação”. Até porque serviria de pouco. Se alguém sabe o que representa o prolongamento dos prazos são precisamente os investidores e os credores. A secretária de Estado foge da palavra, “tecnicamente pura”, porque quer esconder a verdade dos portugueses. Não quer assumir que, num contexto de recessão e austeridade, o nível de dívida pública acaba por se tornar insustentável e por obrigar a “reestruturações”.
(crónica publicada às quartas-feiras no jornal i)
Os Credores são os Fundos. E os Credores dos fundos são o mercado do money. Os empréstimos bilaterais foram à vida. Ao que parece os fundos financiam-se na média a 150 pontos com maturidades várias. De certeza que não se estão a financiar a 30 anos. Se o mercado tiver na cabecinha uma inflação futura média de 2%, os Segundos Credores estão já a perder 0,5% do valor euro no seu horizonte próximo.
ResponderEliminarO facto de o Principal não estar a ser pago as the time goes by é de facto vantajoso para o Credor, porque tem durante 30 anos o (mesmo) Capital a devolver a taxa determinada. O Capital Financeiro é isso que é: Capital que se autonomiza do nosso tempo. Porque a Casinha sempre a vamos pagando à medida de uma euribor baixinha..
este prolongamento representará perdas para os credores, que por via do efeito acumulado da inflação vão receber, em termos reais, menos que aquilo que emprestaram. É que, ao contrário do que muita gente pensa, o principal destes empréstimos é pago, na sua totalidade, no fim do prazo
ResponderEliminarSim, mas, em compensação, os credores receberão mais dinheiro em juros, pois o empréstimo durará mais anos.
O dinheiro dos juros serve, precisamente, para compensar a desvalorização do principal causada pela inflação.
é a primeira vez que comento o seu blog, desde mais parabéns há já algum tempo que o sigo e tenho gostado muito. Em relação a este post em concreto, não podia estar mais de acordo, isto apenas vai prolongar e atrasar a maturidade do nosso país.
ResponderEliminarótimo artigo! Gosto Muito!
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