Em entrevista ao Portal Carta Maior (a que cheguei através do Rui Tavares), Maria da Conceição Tavares desanca a The Economist, que sugeriu que Dilma Roussef deveria demitir o ministro Guido Mantega, uma vez que todas as suas previsões tinham falhado.(*) «O alvo não é Mantega, é 2014», diz Maria da Conceição Tavares (sugerindo que a tomada de posição da revista britânica apenas visou favorecer o pré-candidato presidencial do PSDB, Aécio Neves):
«A revista Economist sabe, e se não sabe deveria saber o que está acontecendo no mundo; a revista Economist, suponho, enxerga o que se passa na Europa; sobretudo, não é cega a ponto de não ver o que salta aos olhos em sua própria casa.
A economia inglesa despenca de cabo a rabo atrelada ao que há de mais regressivo no receituário ortodoxo, numa escalada pró-cíclica de fazer medo ao abismo. Então que motivações ela teria para criticar o Brasil com a audácia de pedir a cabeça do ministro da economia de um governo que se notabiliza por não incorrer nas trapalhadas que estão levando o mundo à breca?
(...) A mim não me enganam. Ah, quer dizer então que o Brasil vive uma crise de confiança, por isso os empresários não investem? Sei… O investimento está retraído no planeta Terra, nos dois hemisférios do globo. Bem, a isso se dá o nome de crise sistêmica. É disso que se trata. Hoje e desde 2008; e, infelizmente, por mais um tempo o qual ninguém sabe até quando irá, mas não é coisa para amanhã ou depois, isso é certo. Então não existe horizonte sistêmico de longo prazo e sem isso o dinheiro foge de compromissos que o imobilizem. Fica ancorado em liquidez e segurança, em papéis de governo ricos.
Não é fácil você compensar em um país aquilo que o neoliberalismo esfarelou e pisoteou nos quatro cantos do globo. Por isso não se investe nem aqui, nem na China ou nos EUA do Obama. E porque também muitos setores estão com capacidade ociosa – no mundo, repito, no mundo.
(...) A economia internacional não vai crescer muito em 2013. O Brasil deve ficar acima da média. Mas, claro, nenhum desempenho radiante e eles sabem disso. (...) Agora pergunte o que eles propõem ao Brasil. Pergunte. E depois confira onde querem chegar olhando as estatísticas de emprego, investimento e as sondagens quanto a confiança dos empresários em Portugal, na Inglaterra, Espanha… Ora, façam-me o favor.»
(*) De facto, se a razão para sugerir a demissão do ministro brasileiro da Fazenda reside no incumprimento de todas as suas previsões, a The Economist não precisava atravessar o Atlântico: bastava-lhe seguir o fuso horário de Londres, rumo ao Sul, até ao Terreiro do Paço, em Lisboa.
Aqui fica o video da reacção da Presidente brasileira. Abraço.
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=e2G_rOxIdTo
Muito obrigado caríssimo Filipe.
ResponderEliminarUm abraço!
Mais: se a razão para sugerir a demissão do ministro brasileiro da Fazenda reside no incumprimento de todas as suas previsões, a The Economist não precisava de sair de Londres!!! Era só preciso ir ter ao escritório do Ministro das Finanças britânico George Osborne!!!
ResponderEliminarMas a The Economist é bem conhecida por ver a formiga no quintal do vizinho, ignorando o elefante na própria sala...