Nas últimas semanas foram publicados os relatórios financeiros dos primeiros nove meses deste ano para os grandes bancos portugueses (CGD, BCP, BPI e BES). Um dos temas comuns à apresentação de resultados da banca é a forma como os seus “investimentos” em dívida pública permitiram aumentar as suas margens financeiras. Em relação à CGD e ao BES não é possível ter acesso ao que estas instituições detêm. Já o BCP e o BPI dão-nos
alguma informação. Ambos os bancos têm sobretudo bilhetes de tesouro (dívida
com prazos mais curtos): 2 mil milhões no BCP e outros 2,7 mil milhões no BPI (interessante ver que o BPI veio de quase zero em 2011 para este valor). A banca portuguesa consegue assim ganhar juros historicamente altos nestes títulos sem risco – a maior parte desta dívida vencerá no período previsto do empréstimo da troika e, em caso de reestruturação da dívida liderada pelos credores (à grega), estes títulos não são abrangidos. Por outro lado, estes títulos podem ser usados como garantia junto
do BCE nos seus empréstimos, tendo por isso um impacto marginal na liquidez da
banca.
Nas Obrigações do Tesouro (dívida com prazos mais alargados), o panorama parece
ser um pouco mais complicado. No BCP não dá para perceber muito bem, mas
aparentemente a exposição a OTs caiu um pouco. No BPI é mais interessante. Tinham 2,7 mil milhões de euros em Setembro do ano passado. Agora detêm 3 mil milhões. No entanto, destas OTs só 1,7 mil milhões correspondem a títulos detidos há um ano atrás. Como não houve qualquer leilão deste tipo de dívida, a única conclusão é a de que andaram a comprar e a vender dívida pública durante o ano (vulgo, especular). Como os preços subiram - num mercado pouco liquido como é o das OTs portuguesa é fácil manipular o preço - a operação foi altamente lucrativa. Quem disse que não há bons negócios para a banca em Portugal?
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