sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Notas sobre os que andam orgulhosamente acompanhados
1. As periferias sob tutela externa são um laboratório para todas as experiências neoliberais. Estas têm por principal objectivo eliminar os freios e contrapesos laborais que dão relativa segurança a segmentos importantes das classes trabalhadoras, que permitem a sua acção colectiva e algum controlo sobre os processos de trabalho. Conquistas laborais e regulatórias que funcionam como um exemplo e estímulo para a capacitação mais geral de quem trabalha por um salário. A derrota e demolição de direitos desmoralizam em geral. A troika sabe isto muito bem e daí a sua insistência em privilegiar a luta nos portos. Pena que muitos à esquerda, alguns vítima de colonização ideológica pela teoria selectiva dos “grupos de interesse”, não tenham compreendido o que está em causa.
2. A situação laboral dos estivadores, vítimas de uma das mais aldrabonas campanhas mediáticas, e que ainda resistem em alguns portos portugueses contra a circunscrição absoluta de direitos, ilustra a aberta luta de classes desencadeada pela troika e seu governo, já que noutros portos é mesmo a economia do medo que domina há algum tempo: “Apoiamos a greve dos colegas do Sul, se pudéssemos também a fazíamos. Quem assinou o acordo foi um sindicato onde ninguém se revê e ao qual não temos acesso também: já nos avisaram para nem pensar em nos sindicalizarmos, pois não renovam o contrato”.
3. Aconselho a maioria dos deputados, sobretudo Hélder Amaral, o que disse que a estiva é “sexy”, a ler o artigo de Alan Stoleroff. A regressão que ontem foi aprovada, na generalidade, na AR generalizará a tal economia do medo, feita de insegurança e de correspondente incremento da exploração nos portos e para lá deles.
4. Aliás, não foi por acaso que os estivadores portugueses tiveram ontem o apoio presencial de camaradas de toda a Europa. Para lá da solidariedade operária, tradicional neste grupo profissional, todos sabem que a estratégia europeia consiste em usar as periferias como alavanca para conseguir generalizar a precarização laboral, objectivo várias vezes tentado à escala europeia. Confirma-se pela enésima vez que a ficção do trabalho como mercadoria descartável está inscrita nesta integração europeia constitucionalmente neoliberal.
5. As manifestações dos estivadores são também exemplares pela combinação que exprimem de patriotismo e de internacionalismo, de comunitarismo e de solidariedade operária sem fronteiras. Quem disse que as coisas têm de ser contraditórias? O esforço para andar acompanhado tem múltiplas formas e escalas que se podem reforçar mutuamente.
O desfecho desta batalha foi o esperado...talvez com a mais-valia, de obrigar o PS, a mostrar de que lado está!
ResponderEliminarIndependentemente dos interesses corporativos em causa,a luta dos estivadores, mostra como o objectivo primeiro, dos gestores desta crise,é a precarização do trabalho.
A guerra ainda não acabou e,nesta classe,
os DIRIGENTES SINDICAIS
-Vitor Dias e Cª, tiro-vos o chapéu !!! -,
não vão passear o penacho, para os ministérios e,
não aparecem só nas eleições!
São mandatados nos plenários, que antecedem as negociações!
Face á manipulação e desinformação efectuadas pela comunicação social,sobre a luta da estiva,houve alguma Esquerda que se acanhou, na defesa dos trabalhadores.Lamentável!
TUDO BEM. O VOSSO TRABALHO VAI PASSAR PARA ESPANHA E FRANÇA. COMO TUDO ATÉ AQUI.
ResponderEliminarSÓ MAIS ALGUMS ANOS E OS VOSSOS FILHOS TAMBEM VAO ESTAR POR LÁ !
SAUDAÇOES PARA OS QUE JÁ NAO TÊM TERRA NENHUMA E QUE AINDA PENSAM GANHAR COM ISSO.
ADEUS