Se não viram, tomem meia hora do vosso tempo para ver a edição da semana passada da Quadratura do Círculo (sobretudo a partir do vigésimo minuto). Trata-se de uma excelente síntese dos tempos que correm, em três planos: a tentativa de mascarar, através de uma nova narrativa, o fracasso da austeridade; a importância crucial de desmontar a fraude intelectual que subjaz a essa tentativa (e à própria estratégia austeritária); e a necessidade de clareza quando se fala na superação do memorando de entendimento (que implica evitar formulações simplistas, as que se ficam pelo vazio ambíguo de o «romper» ou pela falsa alternativa de o «adaptar»).
Estes pontos são em grande medida personificados por cada um dos três comentadores do programa. Lobo Xavier congratula-se com o facto de, na sexta avaliação, a troika começar a desprezar as «metas nominais» para se concentrar no «processo» (como se o falhanço das metas não correspondesse, evidentemente, ao falhanço do processo). Pacheco Pereira lembra que as «metas nominais» foram o alfa e o ómega da governação da direita ao longo do último ano. E António Costa refere, com particular clareza, o que deve significar, no concreto, uma «renegociação» do memorando. A não perder.
Habitualmente, fujo destes comentadores que proliferam pelas nossas TV's/rádios, grande parte dos quais tem responsabilidades pelo estado em que nos encontramos.
ResponderEliminarMas também é verdade que às vezes é bom assistir às manobras destes contorcionistas para justificar o injustificável. O melhor para mim foi a de que "desde que trabalhes e te esforces, o resultado final não importa, o que importa é o caminho". Ou então que " o desequilíbrio externo está-se a corrigir, o diabo são os detalhes". Claro! Trabalha, esforça-te por destruir o estado social e a economia e o emprego e tudo o resto. Não conseguiste a 100%? Não faz mal, já fizeste muito. Deixa que a gente trata do resto, ou seja, dos "detalhes".
Cumprimentos.
F. Oliveira
Acho muito bem que o Dr. Pacheco Pereira vá a Luanda ver a feitura de um Journal e dar o seu apoio. Já essa de querer explicações sobre as fortunas das classes dominantes.... é melhor não ir por aí. Nós temos muitos telhados de vidro. Com que cara ficará o Dr. Pacheco se os angolanos perguntarem como foi que certos politicos portugueses, que o jornalista António Sergio Azenha identifica no livro "COMO OS POLITICOS ENRIQUECEM EM PORTUGAL". Temos nesse livro um rol de 15 politicos,Pina Moura, Jorge Coelho, Armando Vara,Fernando Gomes,António Vitorino, José Penedos, Mira Amaral, que por acaso hoje é "empregado" da filha do Presidente Eduardo dos Santos. Estarei errado com este conselho?
ResponderEliminar"como se o falhanço das metas não correspondesse, evidentemente, ao falhanço do processo"
ResponderEliminarEste é um grande equívoco!!!
Primeiro toma por bom que os objectivos reais sejam os anunciados.
Segundo pressupôe que os mandantes e os mandatários desta política são estúpidos ou ignorantes ou fanáticos ou mesmo as três coisas.
Na realidade não são. Estão a conseguir atingir, de facto, os seus reais objectivos: A completa subordinação das sociedades do Sul da Europa aos interesses dos grupos derigentes da "Europa desenvolvida".
Dentro em breve, se estas sociedades não conseguirem inverter este processo, A UE ( ou outra organização qualquer, senão directamente os países do núcleo central) irá anunciar um grande plano de recuperação da economia, com Fundos e mais Fundos destinados a subsidiarem o estabelecimentos de empresas isentas de impostos.
Por outras palavras a não haver inversão deste processo, dentro em breve seremos quase todos empregados de alemães, holandeses, austríacos, etc.. E digo quase todos porque convem ter sempre alguns desempregados e alguma actividade pior remunerada derigida por indígenas.