Enquanto decorre mais uma cimeira para salvar o euro, recordo um artigo de Marc Weisbrot (Julho 2011, minha tradução) com o título: Por que não vale a pena salvar o euro.Dado que o que se pretende com toda esta desgraça é salvar o euro, vale a pena interrogarmo-nos se vale a pena salvar o euro. E vale a pena colocar esta questão do ponto de vista da maioria dos europeus que vivem do seu trabalho, ou seja, de um ponto de vista progressista.
Frequentemente invoca-se que a União Monetária, agora com 17 países, deve ser mantida em nome do projecto europeu. (...) Mas isto confunde a União Monetária, a Eurozona, com a União Europeia. A Dinamarca, Suécia e o Reino Unido, por exemplo, fazem parte da União Europeia mas não da União Monetária. Não há nenhuma razão que impeça o projecto europeu de ter continuidade, e a União Europeia de prosperar, sem o euro.
E há boas razões para esperar que isso possa acontecer. O problema reside no facto de a União Monetária, ao contrário da União Europeia em si mesma, ser um projecto de direita sem margem para dúvidas. Se tal não era claro desde o início, deveria ser dolorosamente claro agora (...)
Alguns economistas e observadores políticos argumentam que a Eurozona precisa de uma união orçamental, com maior coordenação das políticas orçamentais, para que possa funcionar. Porém, as políticas orçamentais de direita são contraproducentes, como estamos a observar, mesmo que fossem melhor coordenadas. Outros economistas - incluindo eu próprio - argumentaram que as grandes diferenças de produtividade entre as economias participantes colocam sérias dificuldades ao funcionamento de uma união monetária. Mas, mesmo que estas dificuldades pudessem ser ultrapassadas, a Eurozona não valeria o esforço porque é um projecto de direita. (...)
Ao que parece, uma boa parte das esquerdas europeias não entende a natureza de direita das instituições, autoridades e, em particular, das políticas macroeconómicas que estão a enfrentar na Eurozona. Isto faz parte do problema mais amplo que é a falta de compreensão por parte dos cidadãos das políticas macroeconómicas à escala internacional, as quais permitiram que bancos centrais de direita tenham executado políticas destrutivas, por vezes com governos de esquerda. Estes erros, acompanhados da falta de escrutínio democrático, poderiam ajudar a explicar o paradoxo de hoje a Europa ter políticas macroeconómicas mais à direita do que nos EUA, apesar de ter sindicatos mais fortes e outra base institucional para apoiar uma política económica mais progressista.
OU SEJA A "UNIÃO MONETÁRIA" VULGO "EUROZONA" ESTÁ A DESTRUIR A UNIÃO EUROPEIA E EM ULTIMA INSTÂNCIA A PAZ NA EUROPA.
ResponderEliminarATERRORIZANTE!!!
"Ao que parece, uma boa parte das esquerdas europeias não entende" rigorosamente nada de nada.
ResponderEliminarE está a população, mesmo a que conscientemente se opõe à "austeridade", politicamente entregue a esta malta, guiada por caminhos que são os do desastre seguro e certo, da derrota política mais do que anunciada.
Realmente, há alturas em só dá mesmo é vontade de a gente se "ir embora"...