sábado, 6 de outubro de 2012

Avançámos

Acho que o Congresso Democrático das Alternativas, realizado ontem, correu muitíssimo bem por várias razões. Em primeiro lugar, cerca de 1800 pessoas, oriundas de diversos quadrantes político-partidários e sociais, foram capazes de debater e aprovar uma declaração substantiva que aponta para alternativas robustas ao presente rumo de desastre austeritário, indicando que a unidade à esquerda se pode fazer em torno de ideias para governar o país. Torna-se assim mais difícil dizer-se que não há alternativas. Em segundo lugar, evitou-se o vago e preguiçoso “entendam-se”, sempre sem programa, habitualmente dirigido às forças de esquerda, afirmando-se antes um exemplar “entendemo-nos” que deixa lastro. Entenderam-se milhares de cidadãs e cidadãos em torno de algo muito concreto e que inclui um elemento destinado a constituir nos próximos tempos o principal eixo da política portuguesa: a denúncia do memorando e as suas tarefas. Em terceiro lugar, os cenários a jusante do acto soberano que só confirmará politicamente o que a realidade já denunciou foram discutidos sem tabus ou anátemas, com diversidade natural de pontos de vista num contexto tão difícil e complexo. A mobilização da capacidade negocial externa do Estado, a necessidade de escolha política em relação aos diversos compromissos que o país tem, deixando de dar prioridade aos interesses dos credores, usando a reestruturação da dívida como instrumento de política, foram alguns dos muitos pontos em que houve fundamental convergência. Em quarto lugar, os muitos contributos escritos deixaram um lastro para aprofundar discussões e consolidar alternativas, em matéria, por exemplo, de política económica orientada para o pleno emprego. Em quinto lugar, num dia republicano ouviram-se, de Vasco Lourenço a Manuel Carvalho da Silva, passando por José Soeiro, Pedro Alves ou Mariana Avelãs, as palavras clarificadoras de que é feita uma República: patriotismo, soberania, povo, democracia, movimentos sociais. As palavras são ainda mais importantes num país que, tal como a bandeira de Cavaco, precisa de uma volta. Avançámos.

7 comentários:

  1. A unidade em torno de uma vontade é um progresso...

    A construção da unidade é um processo...

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  2. Os políticos TÊM DE PASSAR A SER MAIS CONTROLADOS!
    [os políticos, e os partidos políticos, vão ter que se aguentar]
    .
    -> Nacionalização de negócios 'maddofianos', privatização de empresas estratégicas (e que dão lucro!) para a soberania, PPP's, etc... SALTA À VISTA que os políticos têm de passar a ser muito controlados por quem paga (vulgo contribuinte)!
    .
    Uma sugestão: Islândia - a revolução censurada pelos Media, mas vitoriosa!
    Resumo (tudo pacificamente):
    - Renegociação/reestruturação da dívida;
    - Referendo, de modo a que o povo se pronuncie sobre as decisões económicas fundamentais;
    [uma outra sugestão: blog «fim-da-cidadania-infantil» - Direito ao veto de quem paga, vulgo contribuinte]
    - Prisão de responsáveis pela crise;
    - Reescrita da Constituição pelos cidadãos.
    {Obs: consultar o know-how islandês poderá ser muito útil}

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  3. Estive e participei no Congresso e tb penso que foi um enorme sucesso! Foi, agora é preciso criar o É e o Será. Não deixar morrer este movimento! Tem de haver uma actividade permanente de discussão, quer na net, quer pela realização de reuniões, com apresentação de propostas concretas teóricas e práticas acerca de novos rumos possíveis. Estabelecerem-se ligações com outros grupos, movimentos e associações europeias que sejam cúmplices connosco relativamente às nossas propostas e objectivos. Todo um trabalho a fazer para não deixar esmorecer esta vontade expressa no Congresso.

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  4. É realmente um avanço. Pela primeira vez desde há muito tempo, a esquerda - a esquerda plural - ocupa terreno que lhe é favorável: é ela quem define os termos do debate político.

    Pergunto a mim mesmo qual foi a contribuição da blogosfera e das redes sociais para possibilitar esta posição estratégica - lançando memes, desmontando mitos, condensando argumentos que depois emergiram nas manifestações. A ter-se verificado esta contribuição, então uma grande parte do crédito vai direitinha para o 'Ladrões de Bicicletas'.

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  5. Estive no Congresso. Gostei de ouvir alguns dos oradores (o discurso do José Manuel Pureza foi muito bom). Gostei de conversar nos intervalos com pessoas que, com ideias diferentes, são de esquerda.
    Penso, no entanto, que soube a pouco. Que em vez dos denominadores comuns, salientaram-se as diferenças. Os apupos à Ana Gomes (se se pode aplaudir, então que se possa vaiar) são sintomáticos dessas diferenças, quase intransponíveis, que, inevitavelmente, nos conduzem a becos sem saída. Aplaudi a Ana Gomes, porque concordei com ela: primeiro renegociamos, depois, se for caso disso, denunciamos.
    No fundo, se entendermos (conjunturalmente, é certo) a esquerda num sentido mais lato, como um referencial, uma posição face a um poder estabelecido, será uma lástima não congregarmos numa só voz, numa efémera plataforma de entendimento, a raiva que os cidadãos sentem. Quanto mais nos deixarmos enredar, infantilmente, nas pequeninas quezílias, nas conversas de comadres, mais a direita tem motivos para se rir. Seria bom um diálogo entre a CGTP e a UGT, anunciado publicamente, sem conversas privadas, avisos velados. Seria muito bom e um sério aviso aos trauliteiros que nos governam, iniciarem-se, agora, conversas sérias entre os partidos da esquerda para a definição da estratégia autárquica. Seria bom ouvir com atenção algumas figuras conotadas com a direita tradicional.Seria muito bom que os sindicatos dos países europeus tivessem uma estratégia comum de luta. Seria bom, mas não me parece que aconteça, que soubéssemos aproveitar as lições do 15 de Setembro.

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  6. Infelizmente não me foi possivel assistir ao congresso.
    De todo o modo as noticias do que lá se passou são animadoras embora saibam a pouco no que ao imediato concerne. E o imediato é como é que se vai continuar a pressionar o governo para desaparecer duma vez da nossa frente. É que, muito embora alguns digam que ele está morto a verdade é que ele continua a fazer das suas e causar muitos estragos.
    Por mim, penso que deviam haver mais, muitas mais, manifestações contra estes individuos.
    Se eles nos odeiam e querem matar(pois como é que se pode dizer de outra maneira quando alguém nos esmaga diariamente com toda a sorte de patifarias !?), então temos de lhes dizer todos os dias que por nós bem podem emigrar para Marte e de caminho levar com eles a UE.
    Portugal merece melhor gente do que esta que não tem o direito de nos roubar, arruinar e matar.
    Qualquer governo, de qualquer país, sob pena de não o fazendo se tornar porscrito, tem obrigatoriamente de zelar pelo bem estar de todos os seus cidadaõs.
    Este governo, como proscrito que é, tem de ser perseguido sempre e sempre sem cessar.

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  7. Muitos parabéns pelo congresso, João. Um abraço

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