segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Publico tudo?
Num tempo em que cada vez mais coisas se compram e vendem, em que há cada vez mais universidades limitadas ou anónimas, em que bens culturais fundamentais para o desenvolvimento humano são cada vez mais intensamente mercadorizados, com consequências negativas para a integridade das práticas e para a democratização do acesso a esses bens, é aparentemente paradoxal ver que o que devia estar à venda é oferecido gratuitamente: por exemplo, meia página na secção de opinião de um jornal de referência para fazer publicidade. Falo do Público de hoje, onde Nélson Santos de Brito, “CEO para Portugal da Laureate International Universities”, com investimentos recentes numa instituição de ensino superior de Lisboa, tem todo o espaço para todas as transparentes vulgaridades do marketing universitário multinacional – “ter feito do rigor e da qualidade o seu modus operandi”, “estamos em Portugal porque acreditamos que podemos construir um projecto educativo de qualidade”, etc. O paradoxo acima referido dissolve-se se pensarmos que associada à mercadorização sem fim está a subversão de esferas que deviam estar mais ou menos separadas. Não há critérios editoriais para impedir estas confusões inadmissíveis? Deixo a resposta ao cuidado do provedor do leitor, sempre atento à necessidade de manter a integridade das práticas editoriais.
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