sábado, 18 de agosto de 2012

Do capitalismo medíocre

João Ramos de Almeida noticia esta semana a irracionalidade e desumanidade sistémicas do capitalismo medíocre, cada vez mais descoordenado, em tempos de desemprego, subemprego de massas e precariedade causados pela crise permanente: horários de trabalho superiores a 41 horas estão a crescer no nosso país e 465 mil desempregados estão sem receber protecção há 9 meses. De resto, o novo código do trabalho e a sempre regressiva austeridade inscrita neste euro estão desenhados para compelir os que ainda têm emprego a aceitar condições cada vez mais gravosas para si e para os que estão lá fora, para “as pessoas estranhas ao serviço”, que estão proibidas de entrar e que estão cada vez mais desprotegidas. Trata-se de fazer avançar um sistema que mata o tempo livre de múltiplas formas, deixando cada vez mais tempo ao medo dentro e fora.

Nos países de especialização produtiva mais avançada, salários mais elevados e que ainda retêm, apesar da neoliberalização intensa, alguns mecanismos de coordenação típicos de uma das variedades de capitalismo, freios e contrapesos laborais, a crise é, para muitos, uma época de redução pactuada e subsidiada dos horários de trabalho para manter postos de trabalho, o que tem efeitos na procura que assim não quebra tanto (porque a actual crise é de procura, de procura e também de procura). Algumas ilhas industriais em Portugal conhecem esta realidade.Também por isso se trabalha menos horas por ano, deixando mais tempo para que mais tenham actividades mais livres, nos países lá mais para o norte, atenuando alguns dos paradoxos da depressão. Estes paradoxos são transferidos hoje, na medida possível do desenvolvimento desigual com tantas expressões institucionais, para “sul”...

2 comentários:

  1. PARA UMA MELHOR GESTÃO DOS RECURSOS HUMANOS, E FINANCEIROS, DA SOCIEDADE:
    {Milhões e milhões - dos contribuintes - deitados fora}
    A regra dos três ordenados mínimos
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    Um exemplo: é escandaloso existir falta de médicos em 'n' serviços públicos de saúde!!!... De facto, oferecendo um salário de TRÊS ordenados mínimos... um serviço de saúde público não deveria ter problemas em contratar um médico.
    {Uma nota: Deveria-se recorrer ao know-how cubano... para avaliar qual o número de profissionais de saúde que será necessário formar para cumprir esta «regra dos três dos ordenados mínimos»... leia-se: AVALIAR O NECESSÁRIO AUMENTO DA OFERTA... para a procura existente... }.
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    Como é óbvio, a «regra dos 3 ordenados mínimos» deve ser aplicada a outras profissões aonde existe oferta de serviço público.
    Mais: a regra dos 3 ordenados mínimos não é um tecto salarial (NOTA IMPORTANTE: os melhores poderão ganhar muito mais que isso)... mas sim... um indicador de que é necessário intensificar-se a formação profissional em determinadas áreas!
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    É um escandaloso desbaratar de recursos humanos (e de dinheiro dos contribuintes): falta de profissionais em determinadas áreas... e depois... «Há 64 mil licenciados no desemprego em Portugal».

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