Excerto do recomendável artigo do economista Juan Torres López, no Público espanhol, por uma vez sem tradução, já que também é tudo muito claro em castelhano: “Nos han engañado a todos cuando dicen que van a rescatar a España cuando lo que van a hacer es hundirla para años. Nos han engañado los bancos, nos han engañado los gobiernos del PSOE y del PP. Nos han engañado los dirigentes europeos que están borrachos de ideología neoliberal y no se dan cuenta de que las medidas que toman llevan al desastre a los países que las aplican (¿o acaso es que está mejor la economía de Portugal, por no hablar de los ciudadanos portugueses, desde que fue "rescatada"?).” As mentiras não param.
De resto, todos os pretextos são bons para renegociar tudo, a começar pelas desastrosas condições da intervenção externa nas restantes periferias, mas a verdade é que substantivamente a Espanha não terá, ou estará em, melhores condições: a austeridade já está a ser aplicada em Espanha, que está obrigada a um ajustamento recessivo cada vez mais tutelado, às políticas de desvalorização interna inscritas neste euro, obrigada à impossível tarefa de atingir um défice orçamental de 3% em 2014 e a reformas regressivas, em especial na área laboral e social, com uma economia em recessão cada vez mais profunda e com uma taxa de desemprego de 25%.
Todo este desastre será uma vez mais dirigido por um bando de funcionários internacionais que ninguém elegeu, com cumplicidades locais e com memorando de entendimento e tudo. Estará este circunscrito ao sector financeiro? Tal circunscrição é meramente formal e só serve para ofuscar, dada a dimensão do sector financeiro e dos seus problemas, os custos sociais que este gera por toda a economia, a ligação entre o défice e a dívida pública e destino de bancos zumbis e a natureza da governação económica do próprio euro neste contexto, como aliás fazem questão de assinalar funcionários de Bruxelas e governantes de um centro com a mania de clarificar a natureza do arranjo monetário insustentável em que estamos e o tipo de ajustamento que impõe a Estados estruturalmente sem soberania.
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