terça-feira, 15 de maio de 2012

A uma corrida aos bancos (bank run) da saída do euro?

Há quase um ano publiquei um pequeno artigo no Público onde indicava três cenários para o desenrolar da crise em Portugal. Esses cenários tinham natural validade para o caso grego que tem servido de exemplo antecipado do que acontece por estas bandas. Hoje, com o vazio de poder instalado em Atenas e as ambíguas declarações sobre a permanência da Grécia no euro, o pior dos cenários parece estar cada vez mais próximo: uma saída caótica da Grécia do euro. A saída do euro da Grécia parece estar à distância de uma corrida aos depósitos por parte da população. Sem financiamento, os bancos teriam de recorrer numa outra escala à assistência de liquidez de emergência que tem sido feita pelo BCE. Acompanhando as declarações dos responsáveis da instituição, duas linhas fortes emergem: 1- as elites financeiras europeias parecem estar convencidas que uma saída do euro da Grécia não terá grandes efeitos de contágio; 2- os banqueiros centrais traçam uma linha na areia em relação à concessão de liquidez ao que consideram bancos falidos. Assim, seria razoavelmente fácil ao BCE recusar o financiamento à banca grega, alegando que este já de nada serve. Com bancos falidos, sem acesso a crédito, o Estado grego teria de os assistir através do seu banco central, emitindo moeda e instituindo controlos de capitais, entre outras iniciativas de política à medida que os acontecimentos se desenrolam. Teria  de sair do euro e posteriormente declarar uma moratória sobre a dívida. Estaríamos perante uma saída desorganizada, que segue os constrangimentos do momento, sem que se minimize a tempestade perfeita de que falava no segundo cenário no artigo do Público.

Adenda: Este post do Alphaville vai na mesma direcção do que escrevi, mas com maior detalhe.

2 comentários:

  1. Há quase dois anos16 de maio de 2012 às 11:36

    Os senhores doutores desvalorizavam a capacidade de fuga de capitais de Portugal no caso de um tal evento.
    Ou seja, acreditavam que contrariamente a 75 havia maneiras de impedir esse fluxo em tempo útil.
    Ver referências várias e comentários dos autores sobre o assunto, no dito blogue (Inclusive o próprio escriturário de serviço).
    Isto a memória é fraca, tal como a carne.

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  2. 1600 milhões em dois dias ou em três?
    A continuar assim....não há economia que resista né?
    Excepto alemã norvik etc

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