O Estado espanhol prepara-se para entrar com o equivalente a 2% do PIB num Bankia que já foi abandonado pelo Rato. Os novos dirigentes fazem questão de dizer que não querem apurar responsabilidades. A bancarrotocracia está bem e recomenda-se em Espanha: basta lembrar que o ex-presidente do falecido Lehman Brothers de Espanha é agora o ministro da economia.
Este regime monetário e financeiro favorece o seguinte padrão nas periferias consideradas bem sucedidas até há pouco: liberalização financeira, influxos de capitais também promovidos pela suposta desaparição do risco cambial, endividamento numa moeda que não se controla, bolhas especulativas nos activos, em especial na construção, captura de reguladores pelo poder financeiro reforçado, convenção “milagre económico”, superávites orçamentais, sobreapreaciação cambial, défices na balança corrente, dependência externa crescente, rebentamento da bolha, crise financeira e económica, défices orçamentais e crise da dívida que não é soberana, constando-se que afinal a produtividade não cresceu, dados os sectores promovidos pela finança de mercado, ou que os bancos afinal não eram um modelo de boa gestão do risco e de robustez, até porque o banco central sem escrutínio democrático andava entretido a promover a redução dos direitos laborais, a sua verdadeira obsessão; seguem-se programas de austeridade recessiva que procuram socializar todos os fardos e que trancam as economias numa espiral depressiva.
Isto só acaba quando se recriar um regime de controlo de capitais, presença pública determinante na banca e soberania monetária com controlo democrático do banco central. Tem de se começar por algum lado: razão tem por isso a esquerda espanhola em não ter desistido de exigir a criação de um pólo bancário público robusto ao serviço do desenvolvimento (até o PSOE começa a defender tal ousadia perante a pressão da realidade...), parte de um processo mais vasto de reformas estruturais – sim, esta expressão tem de ser reconquistada pela esquerda – que ataquem as verdadeiras causas dos problemas.
É uma ÓTARICE deixar actividades estratégicas para a soberania à mercê dos privados!
ResponderEliminarExemplos:
- roubalheira a 'torto e a direito': Portugal tem a terceira gasolina mais cara da Europa antes de impostos;
- chantagens: a espanhola 'Endesa' decidiu chantagear o Estado português;
- e mais chantagens: para que a Europa não caísse num caos económico, a dívida da Grécia a privados foi transferida para os contribuintes (instituições públicas);
- e... mais chantagens: economistas que aconselhavam a privatização da Caixa Geral de Depósitos... depois, para que a economia do país não caísse num caos... passaram a aconselhar... (nota: e depois de terem sido desviados milhões e milhões!!!) a entrada do Estado em negócios "madoffianos": nacionalização do BPN, Estado vai controlar posição accionista de 20% no BCP, etc.
Caro João (e outros Ladrões de Bicicletas),
ResponderEliminarenquanto não existir massa crítica não conseguiremos mudar esta situação. Muito pouca gente em Portugal tem "tomates" para chamar as coisas pelos nomes e muitas menos teriam coragem de se revoltar.
As sociedades "modernas" são uma amálgama de zombies e ovelhas que usam qualquer desculpa para ficarem quietos, deixando para a hora do café as suas lamúrias inconsequentes.
Qualquer pessoa com 1 dedo de testa e acesso à internet consegue perceber o jogo que a Goldman Sachs, UBS, Deustche Bank, JP Morgan e outros estão a fazer...
A pouco e pouco não restam quaisquer bens (assets) públicos e depois?? Quem vai governar? Ou melhor, quem governa agora? Em Portugal até poderiamos eleger um Governo do MRPP ou BE, porque quem governa realmente é quem tem a faca, o queijo, o pão e a mesa na mão.
Se fosse religioso diria que a Economia é um instrumento do Diabo, como não sou, digo que é instrumento de (quase)homens corruptos e gananciosos e que tais instrumentos nunca beneficiaram ninguém em nenhum momento da história.
O que existe neste planeta chega para alimentar, vestir, abrigar e providenciar todas as outras necessidades não-básicas de toda a população. O que faz não chegar para todos é que uma mão cheia possui 90% dos recursos naturais e financeiros.
Podemos filosofar horas sem fim até ao fim das nossas vidas mas a realidade é que enquanto não "matarmos" este paradigma vicioso e viciado nada mudará. Poderão mudar-lhe o nome ou a imagem (com outra ferramenta desprezivel chamada marketing) mas a essência será a mesma.
Basta olharmos para a história conhecida da "civilização" humana e compreendemos que a "elite" sempre existiu e sempre pisou os "99%"...
A diferença é que os 99% de 2012 são superiores em número, em formação académica e em informação disponivel. Resta aguardar pelo FIM, pois sem dúvida que ele está a caminho (e a passos largos)!
Cumprimentos,
MF