sexta-feira, 18 de maio de 2012
Ideias e interesses
A taxa de desemprego já quase quadruplicou nos últimos 12 anos. Primeiro foi o euro e a estagnação, duplicação, depois foi a crise internacional, o euro e a austeridade associada, nova duplicação. É claro que neste período a fraude da “rigidez do mercado” de trabalho, o outro nome ideológico para a real redução dos direitos laborais e para o esforço para reduzir salários directos e indirectos, teve sempre uma influência desmedida nas políticas públicas, tanto maior quanto mais importantes são as causas reais do desemprego que não são enfrentadas, antes pelo contrário. Neste contexto, maiores facilidades para despedir, por exemplo, só fazem aumentar os despedimentos. Associado à fraude da rigidez está um diagnóstico equivocado e desumano sobre as motivações individuais oportunistas e sobre salários demasiado elevados dos trabalhadores, tanto maiores quanto mais na base estes estão. A política de tentar usar o subsídio de desemprego, de que tantas centenas de milhares estão excluídos, para subsidiar o abaixamento dos salários e para criar incentivos para o desempregado aproveitar as supostas oportunidades que emergirão em contexto de profunda quebra da procura é tributária desta fraude conveniente. Se houve genuína surpresa com a mais recente e acentuada subida do desemprego só pode ter vindo de gente com o juízo toldado por ideias sem sentido, mas com surpreendente influência, em parte porque servem interesses tão poderosos.
«O desemprego na União Europeia está em progressão constante desde o segundo trimestre de 2008, coincidindo com o período de lançamento das políticas de austeridade e de reformas das leis trabalhistas (laborais) em vários países, registrando-se apenas uma ligeira inflexão conjuntural no primeiro trimestre de 2011». (ANNCOL)
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