Diria então que é mais plausível defender que este Tratado exprime bem tudo aquilo que filósofos como Gray criticam: a ideia de que é possível domar as forças da crise através de uniformizações legais inflexíveis, impostas de cima e sem consideração pelas especificidades de desenvolvimento nacional, que impedem os governos de agir pragmaticamente em função de circunstâncias socioeconómicas inesperadas, ainda para mais tendo em conta que o défice orçamental é uma variável endógena; a forma irresponsável como se está a tentar demolir arranjos sociais que provaram ser outros tantos diques contra as torrentes devastadoras das crises capitalistas; a ilusão sempre presente, que esquece a história, segundo a qual a construção europeia é um processo destinado a progredir por etapas rumo ao federalismo e a confiança associada na capacidade de decisão de elites liberais iluminadas, ao arrepio de hábitos e tradições enraizadas, ao arrepio da soberania democrática.
Trata-se então de um tratado que confirma, uma vez mais, que este euro e esta União se transformaram num Cavalo de Tróia dos mercados globais, tal como padrão-ouro nos anos trinta. Estas utopias acabam sempre mal.
«Merkozy no seu artigo do Público».
ResponderEliminarSuponho que o artigo é de Francisco Assis e não de Merkozy.
Ass.:Corrector Amigo
(Isto não é um comentário para comentar, é apenas uma proposta de correcção).