terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Tutela

Para além da radicalização de uma austeridade que já tirou mais de 15% ao PIB grego, a reestruturação da dívida grega liderada pelos países credores, cuja ideia de expulsar a Grécia do euro não passou de mais uma ameaça pouco credível, consolida a tutela externa do país. Em novilíngua europeia, isto designa-se por “reforço da capacidade institucional grega”, com uma “Task Force” reforçada e permanente e tudo, criando-se também uma conta separada para tentar garantir o pagamento aos credores de uma dívida que era suposto atingir 120% do PIB em 2020, já com a reestruturação incorporada, de acordo com pressupostos reconhecidamente irrealistas. Na realidade, segundo um relatório secreto, mas tornado público, poderá ser ser mais de 160% do PIB, em 2020, dada a desvalorização recessiva sem fim engendrada, embora se fale do milagre das reformas estruturais e das privatizações, combinação tóxica que, fora do papel onde as utopias liberais se escrevem, só agrava os problemas económicos reais. Enfim, a prioridade dada aos credores, o capitalismo da pilhagem possível, será inscrita na constituição grega, seguindo a declaração do Eurogrupo. A destruição da Grécia continuará então, até que o povo grego se decida libertar democraticamente desta tutela externa.

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