quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Krugman em Portugal e os fretes dos escribas


Paul Krugman vem a Lisboa na próxima semana para receber um doutoramento honoris causa conjunto das três universidades públicas de Lisboa. Começo por fazer um “disclaimer”. Krugman, a quem aqui nos referimos com frequência, está ainda assim muito longe de praticar o tipo de economia política que defendemos neste blogue: os seus trabalhos teóricos padecem do mesmo tipo de formalismo deletério que caracteriza a economia neoclássica e os seus avatares contemporâneos; e as suas análises macroeconómicas, que são muitas vezes acertadas, perdem robustez por não serem enquadradas numa análise crítica do desenvolvimento histórico do capitalismo.

Ainda assim, Krugman tem pelo menos duas grandes virtudes: o facto de não ter, como sucede com a maioria dos seus colegas de profissão, um entendimento pré-keynesiano da economia; e a sua preocupação em intervir no debate público de forma sistemática num sentido que, tendo em conta o panorama geral, tem de ser considerado progressista. Krugman tem sido, por exemplo, um constante crítico do insano austeritarismo aplicado na Europa (ver, por exemplo, aqui, aqui, aqui ou aqui), dos problemas sistémicos da arquitectura do Euro; da política monetária do BCE; da desregulação financeira e suas consequências; ou do lastimoso estado em que se encontra a macroeconomia contemporânea.

Aguarda-se por isso com expectativa a sua vinda a Lisboa, na certeza de que não deixará de contribuir para erodir a hegemonia intelectual e política de uma austeridade queé não só estúpida como também profundamente nociva. E certamente não o fará apelando a cortes salariais, como o texto de Helena Garrido, de forma errónea e sintomática, pretende fazer sugerir.

4 comentários:

  1. Afinal parece que sempre apelou , estranhamente fala em 30% de corte como em Maio de 2011, ou o Sol andou a ler notícias antigas.

    ResponderEliminar
  2. Peço desculpa, afinl tratou-se apenas de uma "não notícia" do Sol.
    Esperemos para ver e sobretudo ouvir o que poderá Krugman trazer de novo.

    ResponderEliminar
  3. Portugal em 1977:
    "...com as reservas em divisas a desaparecerem muito rapidamente. Veio a descobrir-se mais tarde que parte das reservas em divisas eram apoderadas pelos bancos comerciais, o que, diz Krugman, tinha a sua graça uma vez que a banca estava nacionalizada..."
    Uau! A banca estava nacionalizada, pois estava, mas o governo de então já era favorável à sua reprivatização...
    Hmmm!... Uau!

    ResponderEliminar
  4. ALEX, o krugman é efectivamene un progresista, para los parametros americanos un superprogresista. Tal vez ese lado institucionalista que certos economistas gringos têm, os faz pensar em concreto, onde a teoria, incluindo o modelo que defendes, o historicista marxista, patina soberanamente. Quanto a media portugueses, são escribas do Belmiro, do Balsemão-Salgado, dos Melos, dos Santos, etc, a noticia da necesidade do corte em 30 % é correcta, mas a solução de Krugman é outra é o aumento dos salários alemães, holanda, Austria, Escandinavos de modo a re-activar a economia do Sul. O Sol publica que PK almocou com PassosC e lhe diz que no lugar dele faria o mesmo, tu sabes que é mentira, não pode ter dito aquilo, a noticia filtra a tarves de passos para o assesor de imprensa que da a uma jornalista do SOL, que re-inventa tudo, saludos, mario

    ResponderEliminar