quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Alemão, socialista e presidente do Parlamento Europeu

O presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, criticou o facto de Portugal estar a pedir investimentos angolanos, considerando que, assim, “o futuro de Portugal é o declínio”.

E pensava eu que o nosso declínio se tinha iniciado com a adesão ao euro, à vista na famosa divergência do PIB por habitante. E agravado dramaticamente com a austeridade que nos foi imposta com os PEC e o Memorando.

Se alguém ainda tem ilusões sobre a saída da crise europeia com uma Alemanha pós-Merkel, em 2013, deveria estar mais atento ao que dizem os dirigentes do SPD e Verdes, de que Schulz é apenas um exemplo menos sofisticado.

O Editorial do Público deu a resposta:

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, não gostou de ver Passos Coelho a pedir a Angola para investir mais em Portugal. No seu entendimento, Portugal (e a Europa) só poderá esperar "o declínio", se não "compreender" que só haverá futuro "no quadro da União Europeia".

Deixemos de parte a discussão sobre se Schulz tem ou não tem legitimidade para aprovar ou censurar as opções de política externa deste ou daquele país - como deputado europeu é normal que ele diga o que pensa sobre os negócios estrangeiros de qualquer estado-membro.

Concentremo-nos por isso na pertinência das suas críticas. Perguntando, por exemplo, que caminhos tem Portugal para crescer no continente da austeridade em que se transformou a UE? Ou inquirindo sobre que preocupação tem revelado o Governo alemão em expandir o consumo interno (o que aumentaria as suas importações) e ou em equilibrar o seu gigantesco superávite comercial.

O que resulta destas dupla resposta negativa é que o caminho europeu para a saída da crise está congelado. A UE continuará a ser o nosso principal parceiro económico, mas está na hora de realinhar as prioridades estratégicas e regressar a África ou à Ásia. Esta repartição de prioridades pode não ser do agrado da potência que começou a olhar a Europa do Sul como outrora os Estados Unidos olhavam a América Latina: como o quintal das traseiras. Mas só saltando o muro Portugal poderá evitar o triste destino que o mesmo Schulz traçou para a Grécia, quando, na semana passada, lembrou Atenas que "os que dão muito dinheiro para a reabilitação do país terão um papel fundamental nas decisões sobre como ele será usado".

5 comentários:

  1. Ponto 1: Convenhamos que Angola é mais uma oligarquia que democracia. Incomoda-me, como cidadão, todo este branqueamento em nome da Realpolitik (veja-se a polémica do recente programa da RTP feito naquele país).
    Ponto 2: A “canção do bandido” que agora é cantada por Martin Schulz, apontando o “futuro do declínio a Portugal”, se este continuar na sua senda, parece-me que não tem nada a ver com qualquer tomada de posição face à natureza do regime angolano. Aliás, uma UE decente deveria exigir standards mínimos – de democracia e de civilização - a países terceiros que se perfilem com potenciais negócios. Nada disso. Schulz dá recados, adverte por agora, mas qualquer dia manda...Negócios, só com Mercozy!
    Ponto 3: Paulo Rangel parece que levou um murro no estômago, o bom aluno Passos ainda não sentiu nada (nem as orelhas a arder), a comunicação social condescendente fala em malentendidos. Pois claro, não estraguemos o romance.

    “Que caminhos tem Portugal para crescer no continente da austeridade em que se transformou a UE?”
    Absolutamente de acordo, essa é a verdadeira questão. E é essa mesma questão que Passos deveria colocar a Schultz.

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  2. Boa noite.

    Julgo que se valeu de uma interpretação incorreta do conteúdo das palavras de Martin Schultz.

    http://www.cousasliberaes.com/2012/02/critica-do-portugal-em-declinio-ou.html

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  3. Como li o que Schulz disse, e näo o que os "Públicos" quiseram que dissesse, concordo a 100% com ele!

    E olhando para o estado em que os portugueses meteram o país desde há pelo menos 20 anos, näo é de olhar para isto como se fosse quintal das traseiras?

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  4. Parabéns Martin Schulz
    Há um senhor alemão que se chama Martin Schulz e que por acaso é presidente do Parlamento Europeu.
    Ouvi hoje de manhã na TSF que esse senhor disse que “o futuro de Portugal é o declínio” pelo facto pedir investimentos angolanos para Portugal.
    Estas declarações surgiram a propósito da deslocação do PM português em Novembro àquele país onde apelou investimento angolano em Portugal.
    Na mesma notícia o Eurodeputado Paulo Rangel mostrou a sua indigniação pelas declarações do senhor e disse que vai exigir explicações.
    Ao ouvir esta notícia concordei (talvez pela primeira vez) com algo que Paulo Rangel diz. E fiquei a pensar que lá estão os alemães outra vez a meterem-se onde não são chamados.
    De seguida tenho a oportunidade de ler a notícia no Público online onde fiquei a saber mais umas coisas, não de menor importância, que, na minha opinião, invertem na totalidade o cerne da questão.
    Estas declarações foram proferidas num debate sobre o papel dos parlamentos na UE realizado a 1 de Fevereiro na Biblioteca Solvay, em Bruxelas – e depois difundido no canal de televisão alemão Phoenix do último domingo.
    O que não foi dito na rádio TSF e que na minha opinião altera muito o sentido das coisas é que este senhor referiu-se “ao contraste entre os modelos de desenvolvimento europeu e chinês, afirmando que este assenta numa “sociedade esclavagista, sem direitos, numa ditadura que oprime implacavelmente o ser humano” estas declarações são proferidas num contexto de intensa proximidade entre a China e a Europa “(Merkel visitou o país na semana passada e o primeiro-ministro Wen Jiabao reafirmou a disponibilidade da China para ajudar a zona euro a ultrapassar a crise da dívida soberana)”.
    “A seguir, questionou: “Porque não defendemos o nosso Estado de direito, e o modelo dos direitos do homem, e uma crescente capacidade económica, para desafiar, não só do ponto de vista económico, mas também de democracia política? [...] Se não tomarmos rapidamente esta decisão, a Europa tornar-se-á irrelevante”. ”
    Aqui fiquei bastante admirado com estas declarações porque concordo a 100% com elas. Num contexto de dificuldade é que se definem os carácters. É muito fácil receber Dalai Lama e defensores de direitos humanos com honras de estado em momentos prósperos. Questiono-me sobre o que aconteceria agora se por acaso Dalai Lama pretendesse visitar o nosso país.
    Façam por favor essa reflexão.
    Se me derem a escolher, prefiro receber o Dalai Lama com honras de estado e nem deixar entrar ditadores, opressores e tudo o mais que possamos chamar a esses senhores que não respeitam ninguém.
    Faz-me lembrar a atitude do senhor de bem que semanalmente se digna dar esmola ao pedinte de rua para de alguma forma contribuir para o seu bem estar, uma refeição ou uma cama. No entanto se na semana seguinte a cidade acolher o Papa e por acaso o pedinte for um “habitué” de uma rua por onde irá passar a Sua Santidade, esse mesmo senhor de bem será o primeiro a escorraçar o pedinte para não dar má imagem do país e da cidade.
    Meus senhores é nesta altura que se define o carácter, o senhor alemão está a ver algo que os dirigentes não querem ver e a maior parte da população nem sabe do que se trata, mas na realidade estamos a “vender a alma ao diabo” em vez de sermos um farol do ser humano rumo a uma sociedade melhor.
    As atrocidades chinesas e angolanas não vão deixar de existir, mas vão deixar de se falar. E há um senhor alemão, que por acaso até é presidente do Parlamento Europeu, e que numa altura destas, têm a coragem de levantar a questão.
    Nem me meto no assunto se deveria ter dado como exemplo Portugal ou não porque para mim é muito secundário em relação ao verdadeiro cerne da questão.
    Parabéns Martin Schulz

    (estão a ver como se escreve um texto de indignação sem ser carregado de !!! ou ???? ou palavras em MAIÚSCULAS? Não sei se há mais pessoas como eu, mas esses são seguramente os textos que eu não leio)

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  5. "É verdade que a UE não tem de interferir na política externa dos seus países membros. Mas não é menos verdade que Schultz está carregadíssimo de razão e este episódio só confirma o que tenho dito: a União Europeia pode ter muitos defeitos, mas se dela não fizéssemos parte, a elite tuga (não merece o título de portuguesa) já tinha levado isto tudo para as Áfricas e para os Brasis, fazendo de Portugal um Afrogal, se pudesse até colocava cargas explosivas ao longo da fronteira com Espanha para que o território português se desligasse do continente europeu e fosse a boiar até ao sul africano ou brasileiro, qual jangada de pedra cada vez mais quente e fétida.
    Não restam dúvidas, bem entendido, de que a elite é essencialmente a mesma em todo o Ocidente - cosmopolitista, inimiga das Nações, visceralmente apátrida, pária de todo, anti-raça, anti-estirpe, contrária por isso à salvaguarda das identidades europeias. Todavia há variantes no seio desta espécie de «classe» sócio-cultural, e a da Tugalândia, mercê do seu condicionalismo histórico, aproxima-se ainda mais de África e do Brasil que a de outros países europeus (não todos). Em comparação com a nossa elite, a UE é por isso menos nociva ao carácter europeu do País, quanto mais não seja porque puxa para o lado da Europa em vez de para o Brasil e para África. Além deste caso de agora, outro bom exemplo disto mesmo foi o relativamente recente episódio em que o conselho que Passos Coelho teve o ofensivo descaramento de dar aos jovens portugueses, o da emigração para o Brasil e para as ex-colónias portuguesas, foi frontalmente contestado por um comissário europeu que veio a terreno afirmar que é mau para a Europa que os jovens europeus emigrarem psra Angola e Moçambique (disse mesmo estes nomes, de chapa)."

    http://gladio.blogspot.com/2012/02/elite-tuga-quer-angolizar-portugal.html

    Tudo dito...

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