quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Contextualizemos então

Cotadas portuguesas de malas feitas para a Holanda. É preciso contextualizar, é preciso ter em atenção as estruturas que compelem os gestores/proprietários dos grupos económicos a seguir determinados cursos de acção, ou seja, é preciso aplicar a quem supostamente tem mais poder e autonomia uma grelha estruturalista que não é para aplicar aos grupos sociais subalternos. Isto significa que estar a discutir ética da responsabilidade com gente como Soares dos Santos é, como dizia o outro, estar a discutir pentelhos. O contexto é o da combinação da fragmentação nacional dos regimes fiscais e da livre circulação de capitais, uma combinação criada por uma integração europeia feita para incentivar todas as arbitragens fiscais vantajosas para os grandes grupos económicos e para os mais ricos que os controlam, feita para gerar uma economia da chantagem, imoral nas justificações e nos efeitos gerados, facto que não tem escapado a jornalistas económicos atentos. A economia moral é inescapável. Como afirma o economista político Colin Crouch, a questão não é tanto saber se ocorrem corridas regulatórias para o fundo ou para cima, embora em matéria de taxação sobre as empresas as corridas europeia e global sejam para o fundo, mas sim quem fixa, cada vez mais, as regras das corridas estatais: a grande empresa com poder político, uma criatura ausente de um discurso económico convencional que prefere só falar de vaporosos mercados. Dada a impossibilidade de destrancar esta integração assimétrica através de uma convergência fiscal com escala europeia, que exigiria unanimidades impossíveis, é preciso reintroduzir controlos de capitais à escala nacional, ou seja, desafiar as regras do mercado interno em nome da soberania democrática.

5 comentários:

  1. "... reintroduzir controlos de capitais à escala nacional .."
    Nomeadamente controlos à entrada de capitais!
    Só sim seremos livres destes capitalistas imorais que preferem só falar de vaporosos mercados!!!!

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  2. Já agora, será que os holandeses se estão a queixar? Não? Porquê?

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  3. Mais ainda.
    A JM devia terminar imediatamente com os investimentos no estrangeiro (Polónia e agora, parece, Colômbia) que configuram uma saída inaceitável de capitais acumulados à custa dos consumidores portugueses do Pingo Doce!
    Em respeito pelos cidadãos da Polónia, também não queremos cá os capitais da JM resultantes desse investimento!

    Já estou confuso ...

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  4. A nossa esperança é que os ladrões de cobre (não confundir com ladrões de bicicletas) cortem os acessos aos sistemas que permitem a transferência electrónica de capitais para o estrangeiro!

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  5. mas PSG tem ou não tem razão ?http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=529417&pn=1

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