segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Passos para uma economia antidemocrática
Passos promete reformas para democratização da economia. Todos os passos deste governo nos conduzem a uma economia cada vez menos democrática, cada vez menos compatível com a democracia. Uma economia onde, graças às privatizações de empresas estratégicas ou ao enfraquecimento da provisão pública de bens sociais, o alcance das escolhas democráticas será cada vez mais curto. Uma economia no fundo comandada a partir de fora por funcionários que ninguém elegeu, trabalhando no quadro de instituições que funcionam como o comité executivo do capital financeiro (trans)nacional, oriundo do centro, ao qual se junta algum capital industrial subordinado, apostados na expropriação financeira das periferias. Uma economia onde estão a ser destruídos todos os freios e contrapesos, todas as regras laborais, limitadores do poder das fracções mais reaccionárias do capital, as que dependem de uma acumulação assente em horários de trabalho cada dia mais longos e baralhados, na precariedade ou nos baixos salários. Uma economia de austeridade onde cada vez mais pessoas estarão desempregadas, acedendo, as que conseguirem, a um subsídio de desemprego cuja amputação pode chegar aos 75%, assim se criando as condições para todos os desesperos, para todas as subordinações, para todos os medíocres autoritarismos patronais, ainda para mais tendo em conta o contexto depressivo. Uma economia que será cada vez mais desigual na distribuição das oportunidades e dos activos, do rendimento e da riqueza, com todos os problemas sociais que estão associados a estes padrões. Uma economia onde o cada dia mais escasso crédito, se depender deste governo, continuará a ser controlado pelo mesmo tipo de instituições financeiras, com o mesmo tipo de enviesamentos e de ineficiências, incapazes de canalizar crédito para a economia produtiva e muito menos para projectos cooperativos que desafiem as formas de organização, escassamente democráticas, dominantes. Uma economia socialmente desincrustrada, incompatível com direitos sociais universais, uma economia de pobres e de ricos, de caridade, quando muito, ou seja, de dependência, de heteronomia. Uma economia que não é para cidadãos e que que não forja cidadãos, que não responde perante a soberania democrática. A (re)democratização de uma economia monetária de produção começa precisamente pela moeda, pelo crédito, pelo capital financeiro, recuperando a soberania democrática nesta área, o que significa que o Banco Central, responsável pela gestão monetária, tem de ter prioridades definidas por um verdadeiro comando político democrático, instituindo-se controlos de capitais, tais como os que vigoraram até aos anos oitenta e assegurando-se o reforço das instituições públicas de crédito. Como é também de desglobalizar que se trata, de renegociar o grau de abertura das economias, até tendo em conta o trilema da economia política internacional, a incompatibilidade destas globalização e europeização com a democracia, as tarefas começam pela finança. Tudo o resto virá por acréscimo...
O Blog "Entre as brumas da memória" passou, em poucos minutos da manhã do dia 26 de dezembro, dos 21% para os 51%. Roubou e manipulou claramente a enquete. Exijo a sua exclusão da votação do combate de blogs!
ResponderEliminarJoão Rodrigues, "Democratizar a Economia" é o mesmo que, distribuir os bens que o Estado construiu com as contribuições colectivas -Hospitais, Estradas, Caminhos de Ferro, Aeroportos, Companhias de Aviação e Navegação, Telefones, Serviços de Água, Gás e Electricidade- e distribuí-las pelos tubarões do tipo dos que estavam à frente do BPN, BPP, ou da CUF de antigamente...Mas eles não foram eleitos para fazerem isso mesmo?...
ResponderEliminarPara que esta ideia fosse aceite pela maioria dos Portugueses sem muita resistência, ao longo dos tempos, os que para lá foram sendo nomeados -exacta e selectivamente (querem dois/três nomes? -Eduardo Catroga, Mira Amaral, Celeste Cardona) os maiores inimigos do sector estatal- tentaram e conseguiram sem muito trabalho -é mais fácil destruir que construir- dar uma péssima imagem de alguns -se não de todos- dos sectores empresariais ligados ao Estado...