Do meu artigo no Le Monde Diplomatique de Dezembro (nas bancas):
(...) O sucesso do neoliberalismo, particularmente no
contexto de sociedades dotadas de mecanismos democráticos formais, tem assentado
em grande medida na capacidade dos seus agentes ideológicos produzirem e
disseminarem uma visão do mundo que, sendo conforme aos interesses dos grupos
dominantes, consegue permear o senso comum da generalidade dos cidadãos. Pouco
importa que a correspondência entre estes argumentos e a realidade seja escassa
ou inexistente, pois assumem o estatuto de supostas evidências por via quer da
repetição quer da legitimação através da aura de autoridade daqueles que os proferem.
Pouco importa também a existência de tensões - e reais contradições - entre o
discurso neoliberal, que se reclama herdeiro da tradição liberal de autores
como John Locke e Adam Smith, e a realidade das políticas neoliberais, cuja
implementação predatória não dispensa o papel central do Estado como
instrumento ao serviço da subjugação das classes populares e da apropriação de
recursos comuns. O
poder performativo do discurso neoliberal não advém da sua superioridade em
termos de validade interna ou de adequação à realidade, mas da sua capacidade
de moldar a visão do mundo dos grupos dominados de modo a que estes encarem
como inevitáveis – ou até desejáveis – as transformações sociais e políticas
que reforçam as relações de desigualdade e dominação a que estão sujeitos (...)
Muito bom o artigo Alexandre, ainda ontem estive a lê-lo, brilha logo ao abrirmos o jornal! Força!
ResponderEliminarBrilhante post!
ResponderEliminarTocou no cerne da questão!
Caro Alexandre,
ResponderEliminarFiz link... com votos de Boas Festas.
Um abraço.