José Vítor Malheiros
«Uma frase curta com a qual nos têm martelado os ouvidos, como afirmação supostamente mordaz para justificar tudo aquilo que de mau nos está a acontecer, declara que «é preciso acabar com o regabofe». A frase é incómoda e perigosa porque tem sempre um sentido unívoco. Com ela se pretende indicar que ao longo das últimas décadas as pessoas comuns tiveram direitos a mais, uma qualidade de vida que não se justificava, educação e saúde exageradamente acessíveis, transportes ao preço da uva mijona, férias preocupantemente longas, uma estabilidade no trabalho que só lhes fez mal à inteligência e aos músculos. Que passaram demasiado tempo a passear, a comer refeições completas, a tomar banhos de mar, a ler romances, a namorar, a programar futuros melhores para si e para os seus filhos. Porém, aquilo que pretende significar quem se serve da expressão não é que tais práticas fossem intrinsecamente más, indubitavelmente escusadas e fonte incontornável do pecado. É que não foram as pessoas certas a fruí-las.»
Rui Bebiano
Bem-haja aos escribas.
ResponderEliminarÉ preciso avisar a malta e fazer passar a mensagem do Rui Bebiano.
Este governo fez uma profissão de fé com a austeridade, mais que a económica, a do espírito. Só falta mesmo o recolher obrigatório (para lá caminha com o fecho de algumas linhas de transportes públicos) para completar o quadro da vidinha - Die Arbeit macht Frei.
Por este andar morre-se mais depressa de tristeza que de fome!
Excelente! Só se esqueceram deste outro mantra dos acólitos da Igreja da Austeridade:
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